Os atos de extrema direita são a parte performativa de uma ideologia de violência e caos que contorna o Brasil há algum tempo. O objetivo dessa presença nas ruas, dessa vez marcada para o próximo dia 9, não é realmente pedir ou protestar por algo, mas, mais precisamente, organizar uma grande festa que faça o eleitor bolsonarista se sentir pertencente a algo grandioso. É emocionar os envolvidos e fazer danças coreografadas com rostos pintados. Enquanto isso, o verdadeiro trabalho de mobilização domina o mundo virtual com mentiras mascaradas de “informações não-manipuladas”, libertárias e salvadoras.
Laços com a família Bolsonaro
O organizador do ato da vez, Marcos Pollon, criador do Movimento PROARMAS, mantém relações tão próximas com Eduardo Bolsonaro que ministrou com ele um curso online que ensina civis a adquirirem armas com facilidade. O preço para a matrícula era de R$397. Além de atingir uma classe média desesperada e despolitizada com propaganda, enriquece às custas do medo e insegurança da população.
Influencer de violência
Além do curso online com o filho “Zero Três” de Bolsonaro, Pollon também organiza lives e ministra cursos em que prega sobre violência armada como forma de “liberdade” civil.
O povo armado não sairá vivo
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, das 50.033 vítimas de “mortes violentas intencionais” em 2020, 78% foram provocadas com uso de armas de fogo.
Crianças são as primeiras vítimas
Enquanto Bolsonaro e os movimentos pró-armamento gritam “o povo armado não será escravizado”, países com liberação completa ou parcial do porte de armas vivenciam o aumento de mortes acidentais e de assassinatos infantis; a exemplo dos EUA, segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), armas de fogo se tornaram a principal causa de morte entre crianças e jovens de 1 a 19 anos nos Estados Unidos em 2020.
Farinha do mesmo saco
Todos os congressistas da Frente Parlamentar Mista da Agropecuária levam nomes conhecidos de partidos que também defendem o armamento civil, como MDB (44), DEM (25), PP (32), PSDB (20) e Podemos (6). Quem pede por armas de fogo dentro das casas do povo também defende o massacre de povos pobres do campo (como indígenas e quilombolas) na luta injusta contra os poderosos do agronegócio.
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Conflitos de terra aliados ao armamento são portas abertas para um massacre
Dados coletados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), apontam que de 2012 a 2021 a Amazônia registrou mais de 70% das mortes por conflitos fundiários no Brasil; foram registrados 35 homicídios somente em 2021. Já até junho de 2022, foram 19 assassinatos registrados.
Segundo o Atlas da Violência do IPEA, 2.074 indígenas foram assassinados entre 2009 e 2019. A taxa de mortalidade do grupo cresceu mais de 21% nesse período.