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Entidades de saúde globais têm evidenciado um alerta para a diminuição na imunização contra doenças virais com potencialidade fatal. Segundo a agência de notícias Reuters, os números expressam que em 2021 cerca de 25 milhões de crianças no mundo todo perderam a vacinação contra essas doenças.
A preocupação da OMS (Organização Mundial da Saúde) e da Unicef (Fundo das Nações Unidas para as Crianças) é que o mundo volte a sofrer as consequências de doenças erradicadas em boa parte do globo, caso providências imediatas não sejam tomadas.
Essa preocupação tem se intensificado nos últimos tempos com a chegada da Covid-19, porém antes mesmo do mundo enfrentar a pandemia do coronavírus, já havia uma considerável baixa nos números de vacinação infantil em diversos países.
Segundo dados da OMS, houve um aumento de 30% nos casos de sarampo registrados em todo o mundo. Apesar de não conter nenhum estudo que comprove a ligação entre o aumento dos casos de sarampo e a diminuição nos índices de vacinação, o principal fator que leva os especialistas a acreditarem que se trata realmente de uma resposta aos índices baixos de vacinação.
O Brasil já foi modelo por ter resultados positivos na aderência a campanhas de vacinação e na erradicação de algumas delas, como o sarampo, a poliomielite e difteria, por exemplo. Mas esse cenário tem se transformado progressivamente e dado lugar a um posicionamento de incertezas e desconfiança da população diante da eficácia e garantia de segurança das vacinas. E há um agravante nesse meio: um silencioso aumento do movimento antivacina.
O avanço desse movimento se mostrou um problema para a saúde pública, uma vez que há uma consequente baixa na procura da população por imunização. Esse retrocesso é uma resposta às investidas de negacionistas que fomentam fake news e desinformação. O atual presidente do Brasil é sem dúvidas o maior propagador de informações falsas.
O charlatão, que vende a ideia infundada de que não se deve confiar na ciência e desqualifica informações com respaldo técnico a troco de ter um posicionamento forte que converte pessoas à crença da luta bolsonarista do bem contra o mal. Infelizmente o Brasil é um dos países que mais consome notícias falsas, segundo estudo realizado pelo Instituto Reuters da Universidade de Oxford.
É, não era de se imaginar que em um século de avanço em tecnologias, conhecimento, ciência, infraestrutura e educação, iríamos vivenciar no Brasil uma nova revolta da vacina. Mas boa parte do país vive como se ainda fosse o início do século XX, com a mesma mentalidade de crer que boatos devem ser mais válidos que o conhecimento científico.
O negacionismo expresso no discurso que ganhou força no período em que o país vivenciou a Revolta da Vacina, voltou a ter ainda mais defensores. O discurso que nega a vacina se respalda na ideia de que as vacinas irão provocar justamente o contrário do que foram feitas para servir. É o retrocesso atrapalhando o desenvolvimento de outras questões de saúde pública que poderiam ser discutidas, ao invés de voltar à discussão para problemas que já foram resolvidos e que deveriam permanecer nesse estado de inércia.
Porém, o que acontece na realidade são os mesmos erros sendo cometidos vezes e vezes. E embora o problema do negacionismo à vacinação não seja o único fator que provocou o aumento de doenças já erradicadas, esse se mostra mais preocupante. Pois provoca o atraso de uma geração, se assume a responsabilidade por mortes evitáveis e eleva o nível de incredulidade na ciência, fator que evidencia o retrocesso de um país que tem vontade de crescer, mas permanece ancorado em ideias que paralisam a mente das pessoas.
Enquanto isso, duas possibilidades serão dadas ao mundo: permitir a desinformação ganhar força paulatinamente e assistir o desfecho mortal de vidas que serão paradas por doenças evitáveis ou agir enquanto ainda é possível fazer alguma coisa. E o único caminho é a aderência à vacinação. Nesta corrida contra o tempo, há também uma corrida contra os opressores da ciência.
[…] Baixa nos índices de vacinação infantil é um retrocesso em anos da luta vacinal (PEREIRA, 2022) […]