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LUCAS GABRIEL REIS TAVARES
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Às vésperas do bicentenário da Independência do Brasil, o Projeto Querino vem para contar a história por um outro ângulo, a partir da perspectiva negra. Em produção desde 2020, a série documental em áudio, um podcast, chega no momento certo para contrapor um discurso enviesado e romantizado, onde pessoas brancas são dadas como protagonistas desse caminho.

Sob o olhar atento e crítico do jornalista mineiro Tiago Rogero, criador e narrador do produto, é produzido pela Rádio Novelo, parceira do também excelente Vidas Negras. Desta vez, eles também contam com a colaboração do Instituto Ibirapitanga e da historiadora e autora do livro “Racismo Brasileiro: Uma história da formação do país”, Ynaê Lopes dos Santos.

Assim como o homenageado, Manoel Querino (1851-1923), um intelectual negro que se opôs à “história única”, o podcast vai além das personalidades brancas eternizadas em estátuas e livros de história. A proposta é um debate a partir de uma perspectiva afrocentrada, com uma equipe majoritariamente negra, colocando o dedo na ferida aberta pela escravidão e até mantida pelo racismo.

Iniciar falando sobre a Independência do Brasil, um episódio sem dúvidas importantíssimo, e apontando as falhas, os equívocos e crimes cometido pelos “heróis” é o que a jornalista Flávia Oliveira chama de “passado e futuro em disputa” na coluna do dia 05 de agosto, no jornal O Globo.

Assim como a “independência” não foi para todos, como nos mostra Tiago no episódio de estreia, a liberdade também é privilégio de poucos atualmente. São as feridas desse passado que nos trouxeram até aqui. O racismo colocou os negros à margem da sociedade e a ignorância, no sentido mais literal da palavra, nos mantém nela.

O Projeto Querino, que possui oito episódios, todos já disponíveis desde o 06 de agosto, conta com reportagens em conjunto com a Revista Piauí, além de um site próprio com destaque para explicações sobre a iniciativa e as repercussões pós-divulgação.

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