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Adaptação da famosa HQ chegou ao catálogo da Netfix. Foto: Reprodução/Netflix

Quando um fã recebe uma notícia de que sua obra literária favorita receberá uma adaptação, ele costuma reagir de duas maneiras: animação, pois é finalmente sua chance de ver aquele mundo mágico se desdobrar na frente de seus olhos; e medo, uma vez que a adaptação também traz a possibilidade de assistir a algo que você ama ser destruído sem o menor cuidado.

Deixando as dramaticidades de lado, os fãs de Sandman podem respirar aliviados, pois a série da Netflix, que estreou na sexta feira (5), conseguiu fazer o impossível: adaptar com sucesso a intocável obra-prima de Neil Gaiman. Desde que a primeira edição de Sandman foi publicada, em 1988, Neil Gaiman, autor da HQ, vinha recusando propostas de estúdios para adaptá-la para o audiovisual. Seu medo era plausível. Sandman, com seu tom meio horror, meio fantástico, misturando discussões existenciais com seres mágicos e super-heróis, era algo tipicamente dos quadrinhos, e talvez não conseguisse ser traduzido facilmente para as telas.

Felizmente, toda a espera valeu a pena e a série de Sandman consegue encapsular toda a alma do original, ao mesmo tempo que adapta a história para os tempos modernos. Logo na cena de abertura do primeiro episódio, já conseguimos perceber o tom mágico e levemente estranho que a história de Morpheus carrega. A fotografia, o cenário e as cores são usados estrategicamente para passar a sensação de deslumbramento onírico e transportar o telespectador para o mundo dos sonhos.

Mas afinal, o que é Sandman?

Sandman conta a história de Morpheus, também chamado de Sonho, um dos sete Perpétuos – entidades imortais mais poderosas que deuses e que são a representação antropomórfica de forças da natureza. Sonho, como o nome indica, é o Rei dos Sonhos e Pesadelos, e nossa jornada com ele se inicia quando este é capturado por engano em um ritual mágico que pretendia capturar sua irmã mais velha, a Morte.

Sonho passa cem anos aprisionado no mundo humano e finalmente consegue escapar para encontrar seu reino, o Mundo dos Sonhos, abandonado e em ruínas. A partir daí, acompanhamos Morpheus enquanto ele restaura seu domínio e vai em busca de suas ferramentas de ofício, ao mesmo tempo que tenta lidar com todas as mudanças – externas e internas – que foram causadas devido à sua ausência.

Mesmo nas HQs, Sandman se destacava por seus personagens marcantes e icônicos que, muitas vezes, conduzem mais a narrativa do que o enredo principal. A escolha de um elenco que conseguisse trazer à vida figuras tão emblemáticas era de suma importância para o sucesso da série, e a produção da Netflix conseguiu acertar com perfeição no grupo de atores. Todos interpretam seus papéis com maestria, mas é preciso trazer destaque para a performance fantástica de Tom Sturridge como Morpheus, que encarna o personagem e traz todo o surrealismo e mistério que um ente imortal e todo-poderoso exige.

A adaptação consegue manter com fidelidade a essência da história, com diálogos e sequências tirados com exatidão das HQs, mas também ousa ao modificar personagens e enredos para que se encaixem melhor à demanda acelerada e dinâmica de uma série de TV. Sandman cativa e hipnotiza seus espectadores do início ao fim, e demonstra ser um prato cheio de emoção e entretenimento tanto para os fãs originais, quanto para aqueles que iniciaram a jornada agora.

Foto: Reprodução/Netflix

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