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Foto: Gabriel Jabur
Com as recentes crises envolvendo o Haiti, a questão migratória tem se tornado cada vez mais frequente na última década. O Brasil é visto como um destino para esses migrantes que fogem da crise social, política e natural presente no seu país de origem, sendo Goiânia um dos maiores centros de migração para haitianos que buscam empregos e melhores condições de vida, já que, segundo o Censo do IBGE divulgado em 2013, é a segunda capital brasileira que mais recebe os migrantes. Entretanto, os imigrantes encaram uma dificuldade em serem empregados e têm que lidar com o subemprego.
Os imigrantes haitianos vêm à capital goiana com a esperança de terem melhores condições de vida, com a inserção no mercado de trabalho, estabilidade financeira, política e social. Porém, deparam-se com a dificuldade em conseguir um emprego na sua área de formação e acabam tendo que se submeter à informalidade. Os principais causadores dessa problemática são o preconceito e a dificuldade que os haitianos enfrentam para ter sua escolaridade reconhecida.
O ajudante de transportadora Hially Benjamin deixou o Haiti há cinco anos à procura de melhores trabalhos e lida com esse problema. Embora possua um diploma técnico em computação e soldagem, o primeiro emprego que ele conseguiu na sua nova morada foi em reciclagem, mas teve que deixar o posto devido à pandemia de Covid-19. O imigrante relata já ter sido vítima de preconceito, ofendido com palavras inapropriadas nas ruas da capital e que muitas pessoas recusam ajudá-lo por saberem que ele vem de outro lugar.
A pesquisadora Luciene Dias, doutora em Antropologia Social (UnB) e coordenadora do Pindoba (Grupo de Pesquisa em Narrativas da Diferença – UFG), explica que “o Brasil é um país sócio, histórico e culturalmente falando, preconceituoso: ele tanto é racista, quanto ele exerce a xenofobia, só que essa xenofobia é seletiva. Um alemão que chega no Brasil como migrante [por exemplo] tem uma recepção muito diferente de um haitiano. Isso se reproduz nas ruas, isso se reproduz na empregabilidade.”
Além do preconceito, outra questão que prejudica os migrantes vindos do país caribenho é o reconhecimento do diploma, para que a educação que eles receberam em seu local de origem seja validada no território brasileiro. A antropóloga explica que o Ministério da Educação já prevê esse reconhecimento e que os imigrantes podem procurar uma instituição federal de ensino superior e solicitar o reconhecimento de seu diploma. Assim, ela salienta que é preciso “acreditar que pessoas de um continente não-europeu também têm potencial profissional”.