- O Anuário Brasileiro de Segurança Pública e os dados sobre a violência contra a mulher - 12 de agosto de 2023
- Domicílios, riqueza e região: o que revela o Censo 2022 - 7 de julho de 2023
- Brasil e EUA: entenda as altas taxas de juros - 16 de junho de 2023
Caetano Veloso (2019). Foto: Tania Victoria/ Secretaría de Cultura de la Ciudad de México
Caetano Veloso se apresentou em Goiânia no último sábado, 20 de agosto. O show, que aconteceu no Centro de Convenções da PUC Goiás, faz parte da turnê de seu novo álbum, Meu Coco, lançado em outubro do último ano, 2021. Com músicas escritas durante o período da pandemia de Covid-19 e gravadas no mesmo contexto, o novo álbum apresenta da referência musical à indignação do compositor quanto ao Brasil e seus contextos vividos desde 2019. Sua turnê, que roda o país no propício período de retorno das atividades artísticas pelo arrefecimento da pandemia, leva aos palcos as canções e a performance de Caetano e sua banda nessa nova fase do artista.
Além das novas músicas de seu repertório, como Anjos Tronchos e Não Vou Deixar, Caetano comemorou os 50 anos de seu disco Transa cantando You Don’t Know Me, gravada em seu exílio em Londres e lançada em 1972, O Leãozinho, do álbum Bicho (1977) e Sampa, de seu álbum Muito – Dentro da Estrela Azulada (1978).
Jade Mustafé, cantora e professora de linguagens formada pela Faculdade de Letras da UFG, repara bem em como estava o artista: “O que mais me chamou atenção no show foi de fato a performance do Caetano, com oitenta anos, em cima do palco, preenchendo o palco inteiro do jeito que ele estava…foi excepcional. Mostrou que ele está vivíssimo, lúcido, um músico completo como sempre foi”. E completa sobre as composições de Meu Coco: “Continua um artista crítico, à frente do tempo”. Jade frisa também o quão essencial são as apresentações presenciais e o contato com o público, principalmente quando audiência e artista são tão críticos e se manifestam juntos: “Esse calor é só presencial mesmo”.
Victor Creti, historiador e especialista em Música Popular Brasileira, fala da importância do artista para a MPB e para o Brasil: “Caetano é como se fosse um totem, algo a ser adorado”. Sobre o show e a presença do público goiano, diz: “Estava lotado, mostrando que nós goianos gostamos de música de alta qualidade que vem de fora e não só o que se curte aqui”, e completa sobre Veloso: “No final das contas ele é muito vivo, muito animado”.
Victor também não deixa de lembrar a produção do espetáculo, com a presença de três percussionistas tocando arranjos conjuntos na banda e jogos de luz que se integravam a cada acorde tocado pelos instrumentistas. Além disso, destaca a importância de “a gente ter acesso a música e espetáculos culturais que nos permitem esquecer por alguns momentos do que a gente está vivendo e se refestelar [aproveitar] um pouco e relembrar porque devemos nos orgulhar de ser brasileiros e porque o mundo sempre respeitou, ou respeitava, a gente enquanto cultura, enquanto povo”.
Caetano continua sua turnê pelo Brasil e passa por mais oito capitais (Vitória, Recife, João Pessoa, Belo Horizonte, Florianópolis, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre) e o Distrito Federal até o fim do ano.