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Era fim de mês quando recebi uma proposta para um job informal em show – logo pensei “opa, é agora que saio do vermelho”. De início a proposta veio como uma salvação para aquele fim de mês apertado e turbulento de quem é trabalhador e entende bem o que é passar os últimos 10 dias do mês e os 7 primeiros até o pagamento.

Com tudo combinado sobre o job, de última hora tivemos uma reunião excepcional que não ocorreu em outros eventos, para um grupo de meninas designadas como “madrinhas”. Logo pensei que poderia ser mais serviço do que o previsto para um cachê que, se for depender de viagens de aplicativo de carro, não compensaria.

Quando o assunto é mulher e evento, logo vem uma desconfiança na mente de estarmos lá apenas para agradar o ego masculino. Mais que depressa associei o fato de ter que me encontrar com outras mulheres e o produtor do evento, que é uma figura masculina, com a novela “Salve o Jorge”, onde as mulheres são atraídas com propostas maravilhosas e logo são raptadas e “exportadas” para outros países pelo tráfico de mulheres e prostituição.

Eu, que sou fanática por séries policiais, já fiquei em alerta associando tudo ao meu redor no dia da reunião. O cargo descrito como “madrinhas” era na verdade como o de um olheiro, que está ali para colocar ordem no que for necessário, observar situações e acionar quem for preciso quando precisar.

Ufa! Aquela sensação do “Salve o Jorge” foi logo passando e dando lugar aos questionamentos de se realmente compensava trabalhar por longas 12h por um valor que se torna simbólico. Ao olhar à minha volta, me deparei com vários homens trabalhando e levantando as ferragens para que o show ocorresse, e assim entendi como é a subdivisão do serviço de homens e mulheres na nossa sociedade.

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