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Inspirada em um símbolo cultural da região Nordeste, a Copa Maria Bonita surge para consolidar e trazer mais visibilidade ao futebol feminino regional. Com a parceria da Confederação Brasileira de Futebol e de Federação Pernambucana, o novo campeonato, lançado no último dia 25, busca uma vitória além das 4 linhas para a modalidade.
A Copa terá sua primeira edição neste ano, entre os dias 6 e 15 de outubro. Contando com 6 equipes nordestinas (Sport, Náutico, Bahia, Ceará, CRB e Botafogo-PB) e 2 internacionais ainda a serem definidas, o campeonato será sediado em Recife (PE) e busca promover ações que valorizem o futebol feminino no país. Para isso, além dos jogos, marcas parceiras irão promover peneiras, workshops e ações sociais no evento. A transmissão até as semifinais será realizada pelo SporTV e a final, em rede aberta, pela Globo.
Mais que um campeonato, as redes sociais da Copa a definem como um movimento em prol do futebol feminino. Ela é um pontapé para o avanço da modalidade a nível regional e, consequentemente, a nível nacional, como apontam profissionais envolvidas com a modalidade.
“É muito importante que consigamos fortalecer a modalidade em todas as regiões do país para equipararmos a competitividade no Campeonato Brasileiro Feminino, além, claro, de dar oportunidade, calendário e condições aos clubes e atletas. Olhar com atenção para a formação também é fundamental nessa rede de desenvolvimento. Não apenas por formar novas atletas, mas formar com condições físicas, emocionais, trabalho de fisiologia, tratamento de alto rendimento etc.” Diz Mariana Pereira, jornalista da ESPN.
A comentarista destaca um ponto importante para o desenvolvimento do esporte no Brasil: a formação inicial. A Seleção Brasileira Feminina sub-20, na última semana, provou o resultado do incentivo em peso desde a base, conquistando bronze na Copa do Mundo da categoria na vitória de 4×1 contra a Holanda – uma colocação que não era alcançada desde 2006, quando o Brasil foi classificado em 3° lugar após vencer os Estados Unidos nos pênaltis.
Além de uma competição, a Copa será uma virada de chave para o incentivo que falta sobre o futebol feminino. Ao promover calendário, gerando movimentação nos times, as equipes se fortalecem.
“Estou vendo essa organização da Copa Maria Bonita de forma cautelosa, mas otimista. Cautelosa porque se trata de futebol feminino e em relação ao futebol feminino no Brasil, especialmente no Nordeste, a gente fica com pé atrás, mas otimista porque é uma competição nova e que tem potencial para crescer. Importante destacar que é uma competição que vai trazer um calendário, vai rechear um pouco mais o calendário das equipes, o que é uma problemática que a gente vem enfrentando no futebol feminino, sobretudo no Nordeste há bastante tempo. Isso inclusive foi motivo para que várias equipes que são tradicionais perdessem muita força, como o São Francisco e o Vitória das Tabocas, equipes que sempre foram muito fortes e que não conseguiram se manter.” Avalia Juliana Lisboa, repórter e coordenadora de esportes da TVE Bahia.
A tradicional equipe feminina Vitória das Tabocas, de Pernambuco, é exemplo da importância dessa constância de datas e incentivo no futebol regional. O time foi responsável pela maior goleada da história do futebol brasileiro em 2013, com 34×0 no time da Polícia Militar. Isso pelo Campeonato Pernambucano Feminino, pelo qual a equipe foi octacampeã. A goleada se manteve até 2019, quando o Flamengo superou a marca com 56×0 no Greminho, pelo Campeonato Carioca. Ainda com esse marco, a equipe é rebaixada no mesmo ano no Brasileirão e, como Juliana destaca, é um time de tradição que perde força no cenário nacional.
A Copa que “tem tudo para crescer”
Maria Bonita chega, assim, como uma possibilidade de levante dos times nordestinos para a esfera nacional, como aponta também a jornalista.
“Quando você tem equipes que estão agora na série A1, como o Ceará e o Bahia, você tem equipes que vão precisar de calendário para testar as atletas e reforçar o nível técnico.”, diz.
Com equipes nordestinas e internacionais jogando entre si, há um teste de desempenho, o que “é muito bom porque faz com que as equipes testem as atletas e o nível do futebol que disputamos. Agora a gente precisa ver como vai ser a Copa na prática pra saber como será o saldo da 1° edição dessa competição.”
Homenagem à Maria Bonita
Maria de Déa, a rainha do cangaço, foi um símbolo cultural do Nordeste. Ela deixou a vida de dona de casa e, na década de 1930, se tornou a primeira mulher cangaceira do país. Conhecida por perambular com jóias, Maria Bonita marcou a cultura nordestina ao lado de Lampião, seu companheiro.
Por ser marca cultural, surge em homenagem a Lampião a Copa do Nordeste, apelidada de Lampions League, em 1994. Em 2022, 28 depois do torneio masculino, a Copa Maria Bonita surge em referência à mulher cangaceira, destacando o futebol feminino do Nordeste.
“É isso, eu acho que a Copa tem tudo para crescer. Ela vai ser televisionada, o que já tem um potencial muito bom e tem equipes que estão na elite do futebol, então isso já é também uma forma de chamar a atenção. Ela já cresce, digamos assim, já nasce com essa grife. Espero que dê super certo; que nos próximos anos ela fique cada vez maior e abrace cada vez mais clubes e que consiga ter a mesma grandiosidade da Lampions [tradicional Copa do Nordeste apelidada de Lampions League].”, conclui Juliana Lisboa.
Vale lembrar que o Nordeste é berço de alguns dos maiores nomes da Seleção Feminina, como Marta, Sissi, Formiga e Antonia. Sendo assim, a Copa Maria Bonita pode ser foco de revelação de novas artilheiras. Relembrando, a transmissão será realizada pelo canal da SporTv e a final, pela Globo, em rede aberta.
Cara, que nome GENIAL pro campeonato. Quando li o título da matéria eu fiquei muito “aaaa” da vida, mas foi uma excelente jogada de marketing. Incrível, também, eles terem investido em um campeonato como esse e ele ser televisionado. Muita gente se importa muito com um resultado imediato de telespectadores, mas não percebe que tem que começar do básico até atingir um reconhecimento maior. Ainda assim, já é suficiente para captar atenção de uma pessoa aqui, outra ali, e no final termos centenas de novos amantes do futebol feminino. Bom demais! Eu amei como a matéria trouxe comentários da Mariana e Juliana, porque enriqueceu tanto o assunto abordado, mas principalmente me permitiu ter uma visão bem panorâmica da situação e o que ela significa no contexto da modalidade. É bom entender mais sobre o assunto e saber dos pequenos avanços que estão sendo feitos. Valeu demais por essa matéria! E inclusive, eu não lembrava de alguns fatos da Maria Bonita e fiquei mais feliz que pinto no lixo (da onde vem essa expressão?) quando vi a parte sobre ela. Bom demais!