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Ninguém te contou, mas segundo a pesquisa: “Vozes da minha cabeça”, depois dos consultórios de psicologia, são os botecos as salas de desabafo de maior audiência.

Era um boteco comum de Goiânia. Era uma mesa comum de jovens. Ela surgiu de repente: acompanhada com uma amiga de uma outra amiga, ela simplesmente estava na mesa. Ela surgiu como o vento. De repente, na mesa, todos quase alcoolizados, me vi trocando algumas informações super relevantes com a querida. A informação relevante: qual lugar iremos depois dali? Bêbado é inimigo do fim.

Tem uma dinâmica muito boa de alguns bares de Goiânia, é o convite pra você ter noção que ele está fechando. A dinâmica consiste em um garçom vim te avisar que a cozinha está fechando, mesmo sabendo que esses clientes estão ali há horas e não pediram comida, a probabilidade de pedir naquele momento é mínima. 

Não sei como começou, não sei o que engatilhou em nossa conversa para começar a história. Acontece que a garota conversava com um rapaz durante meses por um aplicativo de relacionamentos, depois foram para um outro de conversas. Saíram, se envolveram, ela gostou muito dele e tão rápido como eu comecei a conversar com uma desconhecida, ele sumiu.  Passei a ter certeza também a partir desse dia que, também segundo a minha pesquisa, a probabilidade de jovens que se encontram por aplicativos de relacionamento, se tornarem cônjuges, é mínima . Essa informação é super inédita. 

Uma conversa simples, mas que durou uns 15 minutos. Durante aquele relato, eu vibrei nos plots-twists da história, me sensibilizei com as partes tristes, me emocionei como ela ainda sentia muito aquilo. Não tem coisa melhor que você contar sua história pra um desconhecido, ainda mais alcoolizado. É um mix de emoções. O(a)  psicólogo(a) não vai vibrar com você e dizer: “isso aí, bloqueia mesmo esse (insira um xingamento a escolha)”. 

Acontece que são dividas coisas tão íntimas para alguém que você sabe que talvez nunca mais irá encontrar novamente. O ser humano quer ser ouvido, quer um conselho de alguém que não seja do seu convívio. Alguém que talvez você nunca mais verá, por isso não vai fazer um balanço dos seus podres do passado e do futuro, para chegar a uma conclusão. 

E foi ali no bar da T-63 que ela se encontrou pela primeira vez com o rapaz, o mesmo que ela me contou a história. Foi na T-63 que a vi indo indo embora e pensei: “quantas histórias não devem caber em uma avenida?”.

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