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O balé Giselle apresenta a população goiana uma das histórias mais conhecidas pela dança clássica. No primeiro ato do espetáculo, a protagonista Giselle se apaixona por Albrecht, um nobre que se disfarçou de camponês para conquistar o coração da nossa heroína. No entanto, o que ele não esperava era que Hillarion, um amigo da família da Giselle e homem que sempre cultivou uma paixão platônica pela jovem, se revoltasse com o relacionamento do casal e investigasse a real história do homem. Em uma reviravolta chocante, Giselle descobre não apenas que seu amado mentiu sobre sua identidade, como também escondeu que já era noivo de outra mulher. Arrasada pela desilusão amorosa, a protagonista morre e se torna uma willis (fantasma de garotas noivas que morreram antes do dia do seu casamento).
O segundo ato do balé conta com Hillarion e Albrecht visitando o túmulo de Giselle e sendo assombrados por outras willis. O primeiro é obrigado a dançar até morrer e o segundo, por uma momento de misericórdia e amor da própria Giselle, é salvo da morte.
A bailarina Paula Penachio, que interpreta a Giselle no balé, respondeu algumas perguntas sobre como foi sua experiência dando vida à personagem e sua trajetória até esse momento.
LN: Como você começou a sua carreira como bailarina?
Paula Penachio: A minha irmã mais velha tinha um problema na perna que fazia o joelho ficar virado para fora e, naquela época, falavam que fazer balé ajudava a consertar isso. Na hora que a minha mãe falou em colocar minha irmã, eu quis ir também. Depois de um tempo, a professora de balé falou para minha mãe me colocar em uma companhia de dança, porque ela via que eu tinha potencial. Depois disso eu não parei mais.
Então foi algo bem natural para você entrar no mundo da dança?
Com toda certeza. Foi algo pelo que eu me apaixonei rápido e busquei melhorar desde cedo.
E agora você conquistou a posição de Primeira Bailarina no Ballet de Sodre do Uruguai. Como foi esse processo de ir do Brasil para outro país e o que te levou a fazer essa mudança?
Esse, na verdade, é um processo pelo qual muito bailarinos passam, porque não tem grandes companhias de dança aqui no Brasil, então é normal querer sair do país para ir para os Estados Unidos ou Europa. Mas eu passei por muitos teatros antes de me mudar, já me apresentei aqui em Goiânia, Santo André, São Paulo e Rio de Janeiro. Só depois que fui para o Chile, em 2015. Lá eu trabalhei por algum tempo, mas já que eles não me contratavam para dançar permanentemente, só de vez em quando, eu acabei procurando outros lugares. Foi assim que acabei encontrando minha posição depois no Uruguai.
E como foi que você conseguiu vir dançar no Brasil agora?
Eu já conhecia algumas pessoas da produção do balé, da minha época em que eu me apresentava no Brasil. Aí depois que a bailarina que deveria inicialmente interpretar a Giselle se machucou, eu fui convidada a substituí-la.
Foi uma mudança muito grande na sua rotina se tornar primeira bailarina de um balé?
Não muita, porque eu já fui solista diversas vezes. A mudança mesmo é como as pessoas começam a te enxergar e até você mesmo se enxerga. Tem um peso em ter esse título. Você começa a exigir muito de si mesmo.
Você já conhecia Giselle?
Sim! Foi minha segunda apresentação quando eu ainda dançava no Chile. Já tinha interpretado a própria Giselle e outro papel menor, como figurante.
E o que você acha desse balé?
Ele é um balé bem único, que eu gosto muito de fazer porque foge do padrão do que a gente vê normalmente. O comum são histórias sobre princesas e aquela chama interior, por enquanto que a Giselle é uma camponesa. Quebram o coração dela e ela morre de verdade. É uma história impactante, mas muito simples. Até a dança em si mesmo é simples, a gente fica bastante tempo com o pé todo no chão. É uma história interessante de se dançar porque foge da norma e eu aprecio demais isso.
Como foi sua experiência fazendo esse espetáculo aqui em Goiânia? Tem alguma diferença em se apresentar aqui no Brasil e se apresentar no exterior?
Com toda certeza! Principalmente em relação ao público. Eu sinto que a galera lá de fora é um pouco tímida. Já teve até vezes que a gente teve que pedir para eles aplaudirem no final, o que nunca acontece aqui no Brasil. No meio da apresentação a gente já ouve pessoas aplaudindo ou eles nos ovacionam quando apresentamos uma dança muito complicada. É revigorante até.
Você ainda vai dançar Giselle esse ano?
Não, foi só na primeira semana mesmo. Meu calendário de apresentações só tem ainda “O lago dos Cisnes”, que apresento agora em Salvador, e acabei minha temporada por 2022.
Você tem algum balé que seja seu favorito?
O “Onegin”! Esse é o que eu mais fiquei feliz em fazer. Fiz a protagonista, a Tatiana. É a história de uma mulher que se apaixona por Onegin, um cara terrível. Só que ela é muito pura de coração e entrega uma carta de amor para ele, que a ignora. Depois de muito tempo, ela já está casada com outro homem e os dois se reencontram. O Onegin fica encantado por ela e declara seu amor, só que agora é ela que o recusa. É um dramalhão incrível de apresentar.
E, para finalizar, você tem alguma recomendação ou dica para os bailarinos aqui de Goiânia que sonham em chegar onde você está hoje?
Acho que muitos desses bailarinos mais novos se preocupam muito com quem consegue levantar mais a perna, dar mais piruetas ou pular mais alto. Mas isso não deve ser sua maior preocupação na hora de entrar para dança e apresentar um balé. Você tem que tentar se conectar com a dança e a história. Se preocupar em passar essa história no palco é a minha maior prioridade e é o que eu sempre aconselho para os meus alunos.