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Esporte em ascendência no Brasil, o Cheerleading foi reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em 2016. Trabalhando o lado artístico e esportivo do atleta, o esporte ganha cada vez mais espaço em diversos cantos do país, com direito a Confederação Nacional e competições que podem oferecer convites internacionais.
Ellen Gomes, treinadora do time “Sealand Cheerleading“, time pioneiro no Estado de Goiás, concedeu uma entrevista para o LabNotícia, na qual comenta sobre a atuação do esporte em terras brasileiras e sobre as suas expectativas em busca de um bicampeonato nacional.
Cheerleading no Brasil
LN: Para início de conversa, sabemos que o cheerleading só foi considerado esporte no Brasil a partir de 2012. Há quanto tempo você é treinadora da equipe e como surgiu a ideia de criar ela?
Ellen Gomes: Acontece que eu sempre fui atleta, né? Desde novinha, de ginástica artística. Daí eu fiz um intercâmbio para a Nova Zelândia no meu ensino médio e lá eu conheci o esporte e me apaixonei. Eu me apaixonei muito mais pelo cheerleading do que pela ginástica artística que eu fazia há muitos anos. Porque o cheer é um esporte coletivo, tem um entrosamento entre os atletas que estão lá. Então decidi fazer Educação Física justamente para mexer com cheerleading, pois já queria mexer na época.
LN: Qual a responsabilidade que você sente quando se dá conta que faz parte do primeiro time de cheer goiano?
Ellen Gomes: Eu fico muito feliz e honrada por ter sido pioneira na implementação do esporte no estado. Acho que ainda tá demorando muito para a gente popularizar aqui, mas acho que também tá caminhando pra isso. É uma honra pra mim ser uma pioneira.
LN: O cheerleading, muito provavelmente, irá se tornar um esporte olímpico ainda em 2028, nas Olimpíadas de Los Angeles. Qual a sua expectativa em relação a isso?
Ellen Gomes: As expectativas são as maiores possíveis! A gente até brinca que se não oficializar como esporte olímpico nos Estados Unidos, não vai ser mais [risos]. Porque o berço do cheerleading é o país, se não for lá, não vai ser nunca mais. Então a nossa expectativa tá altíssima e a gente espera que o esporte entrando nas olímpiadas, se popularize mais ainda, pra que as pessoas tomem consciência do que é [o esporte], porque muita gente ainda tem aquele estereótipo de cheerleading: pompons e tudo mais na cabeça, que alguns filmes passam.
LN: Ellen, você me deu gancho pra fazer uma pergunta bastante pertinente. Como você disse, o cheerleading nasceu nos EUA, país sede das futuras olímpiadas. Você como treinadora, segue à risca os moldes de treinos feitos pelos norte-americanos ou consegue implementar algo mais “brasileiro” nas coreografias?
Ellen Gomes: A gente sempre tenta implementar, trazendo as músicas brasileiras no nosso cheerleading, que é a música característica do país nas danças. As nossas danças ao final da rotina também tem gingado brasileiro e tudo mais. Só que nos nosso treinos, a gente usa ainda muito nomenclaturas em inglês, porque não tem muita traduções pros movimentos, entendeu? Até há uma discussão sobre o próprio nome “cheerleading”, porque líder de torcida não passa a mensagem do que nós realmente somos. Há uma discussão no Brasil em como poderia chamar o esporte, mas isso não é consenso ainda.
LN: E ainda puxando mais um pouquinho aquilo que você disse, por conta de visões estereotipadas sobre o esporte, muito representadas em filmes estadunidenses em colégios, geralmente se tem uma imagem bastante exclusiva sobre essa atividade. Aqui no Brasil, como é a socialização das pessoas que integram o esporte?
Ellen Gomes: Os filmes americanos passam muito essa impressão, né? Mas eu tenho pra mim que o cheereleading não é um esporte caro, sabe? Porque a gente precisa de um tatame pra fazer as acrobacias e o máximo que os atletas usam é o tênis. E sobre o entrosamento entre as pessoas, na minha opinião, ele é muito positivo. Eu nunca tive problemas com isso, inclusive eu acho que o cheerleading une as pessoas, por ser um esporte coletivo e tudo mais.
LN: Apesar de se denominar inclusivo e bastante benéfico para a saúde, o esporte não é tão popular como deveria no país. O que você acredita que pode ser feito para reverter esse cenário?
Ellen Gomes: É uma das perguntas mais difíceis que você tá me fazendo [risos]. Porque eu acho que não seja por ele ser inacessível, eu acho que falta chegar informação, sabe? Tem um atraso em chegar informação do quê que é isso, como faz isso… Pensando em “como eu inicio um time de cheerleading“? Eu mesma não tinha ideia. Tive que entrar em contato com pessoas que já faziam isso antes pra entender um pouco melhor. Mas agora a Confederação Brasileira de Cheerleading tá reestruturando e tudo mais, montando programas pra ensinar as pessoas como se dar aulas, como iniciar uma equipe. Coisas que há cincos anos atrás não tinha. Quando a informação chegar pras pessoas, vai ficar muito mais fácil dele se popularizar.
Sealand e o campeonato nacional
LN: E sobre o campeonato nacional em que vocês irão competir, você está animada e otimista com a disputa?
Ellen Gomes: Sempre! Estamos animados e muito ansiosos também. Essa é a época que a gente fica meio doido, fazendo mil coisas, ajustando cronograma, organizando, pra fazer um bom trabalho lá.
LN: Li que os torneios possuem um regulamento próprio, no qual existem definições em que as diferentes habilidades estão em diferentes níveis. Em qual nível irá competir o seu time?
Ellen Gomes: O Sealand vai levar quatro equipes esse ano. Uma equipe que é mista, nível dois e uma equipe mista nível três. E esse ano, pela primeira vez no Sealand, a gente vai levar uma equipe só de mulheres, que é nível dois. Além disso, vamos levar uma equipe nível seis, mista, com homens e mulheres, pra tentar o convite pro mundial. Vale reforçar que o Cheerleading vai do nível um ao nível sete, sendo que o nível um é o iniciante, nível base, e o nível sete é o mundial.
LN: Ano passado o seu time ficou em primeiro lugar no torneio. Já podemos falar em um bicampeão nacional?
Ellen Gomes: Ai ai ai, não sei… Eu sou daquelas que gostam de deixar o pé no chão e torcer pra tudo dar certo. Mas quem sabe não vem aí, hein?
LN: E para finalizar, o esporte, infelizmente, se restringe às Universidades e aos ginásios independentes do próprio cheer. Você acredita que haja algum meio de democratizar esse esporte, trazendo popularidade pra ele, como o vôlei ou futebol, aqui no país?
Ellen Gomes: Essa é a outra pergunta difícil que você fez aí [risos]. Eu acho que pra tentar ser um esporte igual o futebol e o vôlei… muito difícil de acontecer. Apesar de que, assim, eu gostaria muito e tudo que eu faço é pra realmente popularizar e deixar as pessoas terem acesso à isso [Cheerleading]. Mas acho que pra equiparar a popularidade do vôlei e do futebol, por exemplo, acho muito difícil. O cheer envolve movimentos que se você não tiver o local específico para treinar, pode ser perigoso. Já no futebol, se tiver dois chinelos pra marcar o gol e uma bola, você consegue jogar.
Excelente entrevista! Acho que por crescer assistindo filmes de competições de cheerleading na sessão da tarde, torço muito para que se popularize e que tenhamos maior acesso a esse tipo de esporte, mesmo como expectador.
Olha que interessante, eu mesmo não conhecia sobre o esporte cheerleading. Tive um pouco de noção sobre o esporte através da matéria. Sucesso!!!