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HISTÓRIA DA VILA SÃO JOSÉ BENTO COTTOLENGO
Uma trajetória que teve início por meio da iniciativa do Pe. Gabriel Vilela em 1951 e completa no próximo dia 11 (fevereiro, 2023) setenta e dois anos de história. A Instituição que tem como missão promover vida com excelência para a pessoa com deficiência, como uma expressão da ação evangelizadora da Igreja Católica, nasceu de um triste acontecimento recorrente na época de sua fundação: o abandono de pessoas com deficiência durante a festa de Trindade.
“A história da Vila está ligada com a devoção ao Divino Pai Eterno que existe em Trindade. Tudo começou quando o padre Gabriel, que era o responsável pela Igreja e cuidava das romarias aqui [Trindade], pensou em um local para acolher as pessoas que eram abandonadas. Naquele período, em 1951, as famílias traziam as pessoas com deficiência até Trindade e elas eram deixadas aqui na cidade, eram abandonadas no período da festa. Então, a Vila surge como um abrigo, um local de acolhida e cuidado para essas pessoas”, afirma o Irmão Michael Dourado Goulart, Diretor Administrativo e Financeiro da Instituição.
O padre redentorista com ajuda de algumas pessoas fundou então uma casa de acolhida destinada às pessoas com deficiência que eram abandonadas. A instituição crescia e passou a contar com a ajuda das Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo e o trabalho ao longo dos anos ganhava uma maior amplitude e expressividade. De um pequeno abrigo a Vila se tornou um grande hospital, sendo hoje a maior instituição filantrópica da região Centro-Oeste. “É uma história de 71 anos, agora quase 72 anos, marcada por uma ação de Deus em busca de oferecer vida com muito cuidado, com muita qualidade àqueles que não teriam esse cuidado em outros locais”, ressalta Michael.
Santuário do Irmão, como também é conhecida a Instituição, é, portanto, um hospital de referência no atendimento às pessoas com deficiências. Atualmente, é realizado um trabalho em duas frentes: são cerca de 330 pacientes internos de longa permanência com deficiências múltiplas que contam com atendimento personalizado e terapias específicas, por exemplo. Também são realizados atendimentos à comunidade externa, que vão desde a fisioterapia até a psicologia e abarcam desde o público infantil até idosos.
O trabalho realizado na Vila é possível pela colaboração de 760 trabalhadores que se dedicam à missão de servir e têm como propósito cuidar com amor. É importante o entendimento de que o funcionamento, para além do trabalho interno, só é possível devido às doações.
As dificuldades para a sustentação e funcionamento correspondem a uma realidade presente na história da Vila. “A Vila sempre teve algum tipo de dificuldade para a sua existência. No início de uma obra [fundação da vila] é sempre um momento muito delicado, mas com o passar dos anos a Vila foi ganhando uma estrutura muito grande. Então, a manutenção da Vila é pesada e hoje nós não conseguimos suprir todas as necessidades”, aponta Michael.
O Santuário do Irmão conta com o convênio do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Secretária de Saúde do Estado de Goiás, contudo, apenas cerca de 60% das necessidades econômicas são atendidas por meio de tais colaborações e o restante é dependente de doações, sendo o carro chefe as campanhas Amigo do Bem e Empresas do Bem, além das outras feitas com o intuito de arrecadar fundos, como afirma Lucélia Bueno, Gerente de Relações Institucionais.
“Como nós fazemos para manter a casa? É através de doações. E nem sempre. Há meses que a gente consegue de fato uma doação que nos permite ficar mais tranquilos e tem meses que são deficitários. Por isso, nós temos uma equipe chamada mobilização de recursos que faz todo tipo de campanha na busca de doações para manutenção da casa. A vila não é uma instituição rica, pelo contrário, é uma instituição que precisa de muita doação e muito cuidado”, como salienta Michael.
O Irmão Michael, demonstra ainda tal cenário em números: “A Vila custa cerca de 5 milhões de reais por mês [o valor por paciente interno de longa duração é de 7 mil]. São valores altos e muitas vezes nós não conseguimos alcançar esse valor. Sempre ficamos com um déficit de quase 500 mil por mês. É uma realidade nossa”.
Uma instituição que economicamente falando custa muito e enfrenta dificuldades e desafios para sua existência é considerada uma missão. Não há “preço” pelo serviço prestado na instituição, relatou o Irmão Michael. O cuidado, a promoção da vida, a qualidade de vida àquelas pessoas que necessitam não é algo que se pague. A providência e a fé é o que mantêm a instituição e a relação com a igreja é inegável. Os entrevistados afirmam ainda que a Igreja cumpre o mandato de Jesus, sendo um dos mandados o “amor ao próximo” e tal mandato é uma realidade presente no dia a dia da Vila.
CAMPANHA DOE ACONCHEGO E REFORMAS DAS UNIDADES DE INTERNAÇÃO
A Vila São Cottolengo busca oferecer para os pacientes um ambiente que se assemelhe ao lar, a possibilidade de construção de um espaço confortável que ofereça qualidade de vida e bem estar. As unidades de internação são um reflexo desse espaço e a busca constante de maneiras de aprimorar a casa dos pacientes é uma realidade, como é o caso da reforma da Unidade Santa Tereza, que está em andamento no complexo.
Para além da reforma de uma unidade em específico, a Vila São Cottolengo busca trazer melhorias tanto na estrutura física como no atendimento para os pacientes internos de longa duração. A campanha Doe Aconchego é um exemplo da busca incessante feita na instituição para oferecer o melhor para o próximo.
“A Campanha Doe Aconchego é realizada todo ano, no final do segundo semestre. Ela é uma campanha que já se tornou tradição na nossa instituição. Então, doar aconchego é uma maneira de estar presente na Vila contribuindo com a realidade dos nossos pacientes. Esse ano, a campanha tem um foco especial que é a reforma das unidades de internação, que são a casa dos nossos pacientes”, relata a Irmã Amanda Teixeira, coordenadora da Unidade Menino Jesus e Unidade Santa Luísa.
A campanha consiste na doação de R$ 20,00 que permite ao doador concorrer a uma moto, um Iphone e uma TV. Todo o dinheiro arrecadado será convertido na reforma das unidades de internação. A inscrição para participação se encerrou no último dia 10 (janeiro, 2023).
OS PROJETOS DA VILA SÃO COTTOLENGO
O Espaço Bem Viver é um Espaço Terapêutico destinado aos pacientes internos, no qual ganham vida os projetos desenvolvidos na instituição. É constituído pelo Salão de Beleza Margarida; Ateliê Afeto com Cor; Brinquedoteca e Cozinha Terapêutica. Todos esses projetos proporcionam levar os pacientes para um ambiente diferente daquele que eles passam a maior parte do tempo (unidades de internação) e a inserção em um ambiente com vários estímulos, criando-se qualidade de vida. O processo terapêutico, expresso por meio de diversos projetos, é qualidade de vida.
SALÃO DE BELEZA MARGARIDA
No Salão de Beleza Margarida é trabalhado com o paciente a autoestima, o cuidado e o processo de se amar. “Muitos dos nossos pacientes se olham no espelho e não se acham bonitos. Os nossos pacientes, por causa das deformidades físicas e neurológicas… muitos deles têm entendimento do que acontece com eles. Então, esse espaço é para favorecer uma qualidade de vida melhor, para eles se gostarem e se respeitarem, aprender a conviver com aquela imagem que ele tem”, afirma Miriam Kuhn, Coordenadora de Atividades Recreativas Terapêuticas.
No Salão são realizados, portanto, atendimentos voltados a desenvolver a autoestima dos pacientes, que incluem: procedimentos para o cabelo, que vão desde escova e prancha até luzes; manicure e serviço de maquiagem. O espaço conta com uma cabeleireira e vários voluntários que desenvolvem uma boa ação: contribuir com a qualidade de vida dos pacientes.
ATELIÊ AFETO COM COR
A Vila São Cottolengo conta também com um ateliê de pinturas. Miriam ressalta a importância desse ambiente, considerando-se que o paciente consegue expressar toda a sua história a partir do ato de pintar e é um processo terapêutico que permite ao paciente tirar de dentro de si suas dores. Os pacientes que possuem delimitações físicas, por exemplo, desenvolvem inúmeras habilidades, como pintar com o pé ou com a boca. Existe muito a se desenvolver.
BRINQUEDOTECA
O ato de brincar está associado à infância, contudo é necessário quebrar esse paradigma e entender que brincar não tem idade. Resgatar a infância e a criança interior é um processo imprescindível que traz leveza para o ser humano. E nesse contexto, o ato de brincar é muito importante na Vila.
No simples ato de brincar, é possível elaborar com o paciente questões que favorecem a qualidade de vida. Uma pessoa que tem limitações de estender o braço e brinca de pegar uma bolinha, está executando uma ação de fisioterapia. Portanto, a Brinquedoteca é outro importante espaço terapêutico e de terapia ocupacional no Santuário do Irmão.
“A gente trabalha esse processo do brincar com o paciente, desenvolvendo as habilidades dele e favorecendo também no seu corpo físico a melhora do quadro”, aponta Miriam.
COZINHA TERAPÊUTICA
A Cozinha Terapêutica é um projeto que busca resgatar a história do paciente. O paladar é capaz de recuperar lembranças, por exemplo. “Se você faz determinada comida com eles ou para eles e eles entendem o que está sendo feito, no saborear essa comida, ele vai conseguir resgatar a sua história. Saborear a sua história”.
Assim como na Brinquedoteca, na Cozinha é possível trabalhar o desenvolvimento dos pacientes a partir dos movimentos que são realizados: o de preparar a refeição e o de lavar as louças, por exemplo. A cozinha permite ainda trabalhar a socialização dos pacientes e trabalha-se as boas maneiras na refeição: como se portar diante da mesa. Isso tudo é processo terapêutico.
BANDA INCLUSIVA LUAR
A Banda Inclusiva Luar é um projeto dentro da Vila em que se desenvolve com os pacientes, em processo terapêutico, o ato de tocar um instrumento, o movimento e, propriamente falando, a música. “Na banda, a partir da música, a partir do instrumento musical, nós trabalhamos os pacientes na socialização, no estar com os outros e também a autoestima […] a força muscular, equilíbrio e as relações”, aponta Miriam.
Um processo que não é desenvolvido da noite para dia. Acontece aos poucos no dia a dia de cada interno e tem resultados e benefícios expressivos para os pacientes. “A Banda para mim é algo extraordinário na Vila, onde você consegue desenvolver todas as habilidades do paciente… todas que você pensa que ele tem e ainda as que ele mostra para você que ele tem”, de acordo com Miriam.
GRUPO DE EXPRESSÃO CORPORAL RAIO DE LUZ
“Através da dança, do movimento do corpo a gente trabalha também o processo terapêutico. A socialização, as relações, a concentração e a atenção”, reafirma Miriam ao pontuar, portanto, a importância de cada projeto para promover qualidade de vida e bem estar dos pacientes.
UMA FAMÍLIA COM MAIS DE 300 INTEGRANTES
A “junção” de famílias que abandonaram seus familiares em Trindade e um abrigo que possibilitou que aqueles que foram abandonados tivessem um lar resultou na formação de uma nova família. Uma família que hoje é composta por mais de 300 integrantes graças a ação de uma Instituição que tem como propósito o amor e cuidado para com o próximo.
A história de muitos na Vila começa logo após o nascimento, quando são apenas bebês. Os pacientes crescem na vila, passam a sua infância, adolescência, fase adulta, velhice e falecem no local. “Pode chocar, mas é real […] Nós temos tantos pacientes, se você for em um serviço social tem uma lista quilométrica de pedidos para internação na Vila. E para internar alguém na Vila hoje, tem que um dos nossos ir a óbito. É uma coisa clara. Eu tenho tantos leitos, todos ocupados. Para um outro entrar, tem que ter um óbito”.
Para além de um dado extremamente impactante e triste, a vida e a qualidade proporcionada na Vila são fatores de destaque. A vida e a história desenvolvida por cada paciente de uma grande família e a beleza de tais trajetórias, como é o caso de Diogo Franklin e João Batista.
DIOGO FRANKLIN
“A minha trajetória na Vila foi desde pequenininho. Eu tenho muito carinho pela Vila. Eu vou na Escola São Vicente de Paulo, toco na Banda Inclusiva Luar, faço shows. A escola para mim é um paraíso, eu tenho muita amizade com os meninos.” Diogo Franklin conta que a Vila São Cottollengo fez a diferença em sua vida e se emociona ao falar de sua família na instituição, sua “tia Jéssica e sua sobrinha Maria Clara”. A tia e a sobrinha são, na verdade, colaboradoras, que se tornaram a família de Diogo.
“Eu tenho uma família muito especial na minha vida, que é a Jéssica […] A Jéssica é a minha tia, minha tia adotiva. Então, ela me adotou. [Diogo se emociona e chora] A Jéssica para mim é um anjo. Eu tenho uma sobrinha que chama Maria Clara. Toda vez eu rezo para ela, para ela continuar fazendo o trabalho bonito que ela faz”, conta Diogo. Por meio de sua história é evidente que o trabalho realizado no chamado Santuário do Irmão é único. A construção da família na Vila é uma realidade e faz parte de sua missão.
JOÃO BATISTA
“Quando eu nasci, eu fui abandonado pela família e, em 1985, eu fui bem acolhido [pela Vila] e eu tô aqui até hoje. Gosto muito da minha casa. Aqui tem evento, temos banda, tenho um monte de amigo”, relata João Batista sobre sua vida na instituição. Um fato curioso sobre João diz respeito ao sonho de se tornar jornalista/radialista, porém não para por aí. A Vila São Cottolengo abraçou a ideia de João e colocou a mão na massa para tornar esse sonho uma realidade.
O projeto da rádio começou com uma ideia de João em um conjunto com o psicólogo para realizar a vontade de ser jornalista. A Instituição entrou em contato com Cleiton Lima e Dária Alves, dona da rádio (87.9 FM – A Voz de Trindade), que abriu as portas para o futuro radialista, o qual passou a ter um programa destinado a falar sobre a Vila São Cottolengo e se tornou um sucesso em Trindade. João chegou a ter um programa de 1h e 30 min todas as segundas. Com a pandemia ele não pode continuar sua participação como locutor, mas a Instituição busca formas de dar continuidade ao sonho do paciente o e o colocar na rádio novamente.
“Eu queria ser mais, além do que eu não posso. Em 1999, surgiu a minha fala. Eu queria ser locutor de rádio. Foi aí que isso ficou na minha cabeça. Toda hora, todo dia… eu falando que queria ser locutor de rádio e ninguém tomaria esse espaço de mim. Tô aí. Tenho programa na rádio hoje”, declara João.
COMO AJUDAR
“Grande como nosso amor pelos pacientes são os gastos para manter a instituição”. Para que todo projeto de prestação de serviço às pessoas com deficiência e em vulnerabilidade social seja uma realidade é necessária a arrecadação de fundos e a população pode contribuir sendo um doador. A vila recebe doações de todos os tipos (roupas, calçados, alimentos, produtos de limpeza, dinheiro e outros produtos que atendam as necessidades da instituição).
Formas de realizar doações:
- Central de relacionamento: (62) 35069222 / (62) 35069253 ou através da realização de cadastro para doação.
- Projeto Amigo do Bem: (62) 35069222 / (62) 35069251 ou através da realização de cadastro para doação.
- Empresas do Bem: cadastro no site oficial da Vila São Cottolengo.
- Transferência Bancária:
- Santander (Ag. 2362 c/c 13000008-7)
- Banco do Brasil (Ag. 2738-3 c/c 55.100-7)
- Caixa (Ag. 1241 c/c 30020-7 op. 003
- Itaú (Ag. 4313 c/c 00564-9)
- Bradesco (Ag. 1633 c/c 585-1)
- Sicoob (Ag. 3300 c/c 1403-6)
- Pix: Vila São José Bento Cottolengo – CNPJ: 00.420.371/0001-22