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Com a sua monografia recém-defendida, a pedagoga Letícia de Oliveira objetivou analisar o processo de alfabetização e letramento de uma criança com autismo e cega que frequenta o atendimento educacional especializado (AEE) no Centro Brasileiro de Reabilitação e Apoio ao Deficiente Visual (CEBRAV).
O número de crianças com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) só cresce pelo mundo. Segundo uma pesquisa do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC) dos Estados Unidos, existe um aumento na prevalência do transtorno: uma em cada 44 crianças aos oito anos de idade é diagnosticada com TEA.
Ademais, cerca de 33 mil crianças são cegas no Brasil, segundo dados do relatório do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) de 2021.
Com isso, a preocupação em incluir essas crianças e facilitar a vida delas durante o processo educacional tomou conta dos estudos da Letícia. E por esse motivo, a pedagoga cedeu uma entrevista sobre os principais tópicos.
1- Qual é o papel do pedagogo frente ao Atendimento Educacional Especializado? Nesse processo, acredita que uma formação mais psicotécnica poderia contribuir?
Eu acredito que o papel do pedagogo inicia nos cursos de formação. No caso da faculdade de educação, somos sempre movidos a olhar para o outro, para a inclusão, porque é algo que sempre está em discussão. Mas, já não é algo recorrente em outras áreas. Por isso, é preciso estar no cotidiano de uma sala de aula, para que, além da parte teórica do que é passada no processo de formação, exista também a prática e vivência de como seria o processo do AEE para crianças cegas e/ou com TEA.
Então, sempre que eu elaborar alguma atividade para os alunos, é de extrema importância que ela seja adaptada para que ela não os restrinja por suas deficiências. É aí que está o verdadeiro papel do pedagogo, incluir ao planejar.
Por isso também que escolhi essa área para defesa do meu TCC, para me sentir mais apta a lidar com as crianças que precisam desse serviço.
2- Durante a sua pesquisa, quais foram as maiores dificuldades enfrentadas?
Ao acompanhar uma criança cega e autista frequentadora do CEBRAV (Centro Brasileiro de Reabilitação e Apoio ao Deficiente Visual) em Goiânia, a colaboração da mãe, dos professores foi muito proveitosa. O que me possibilitou observar a organização e funcionamento do atendimento educacional especializado, o processo de alfabetização em Braille, os materiais utilizados no processo de alfabetização, o trabalho com o hiperfoco da criança Autista, a parceria com a família e o desenvolvimento da criança.
As maiores dificuldades se concentraram ao tentar conciliar a minha pesquisa com o semestre em vigor.
3- A lei que exige o AEE já está, relativamente, difundida, e desde que comprovada por laudo a necessidade de um(a) acompanhante terapêutico(a), a escola precisa fornecê-lo. Você acha que essa prática acontece com plenitude? Tanto em escolas particulares e públicas?
Não, muitas vezes a própria escola não sabe orientar a família, nem conhece os serviços oferecidos pelo CAP (Centro de Atenção Psicossocial) e por isso, a criança sai prejudicada. Isso acontece porque a formação é falha.Outro problema é a desinformação e negligência da família. Com isso, a percepção e o diagnóstico dessas doenças é tardio, prejudicando muito a alfabetização da criança em questão.
4- Por fim, você acredita na inclusão com plenitude? Qual é a importância das crianças com TEA ou cegas frequentarem a mesma sala de aula que todas as outras crianças?
A inclusão ainda está em processo, e envolve, não somente, a quebra de paradigmas, mas também o acesso ao atendimento especializado. Além disso, não basta que apenas a escola seja inclusiva, a sociedade precisa ser. Por isso, é tão importante que o convívio em sala de aula e com outras crianças sem deficiência aconteça. Já que é nessa sociedade que esse indivíduo vai crescer e se desenvolver.
Esse contato é muito benéfico para ambas, porque a criança com deficiência vai aprender com as crianças típicas e vice-versa. O AEE vai possibilitar que a criança com atipicidade trabalhe suas especialidades e caminhe junto com a sua turma.
[…] necessário desenvolver um projeto político pedagógico que tenha uma fundamentação científica, e uma equipe multifuncional que possa orientar a escola […]