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Paula Pimenta é uma escritora, nascida em Belo Horizonte, Minas Gerais, e formada em Publicidade pela PUC Minas. Sua carreira iniciou em 2001, com o lançamento do livro de poemas ‘Confissão’. No entanto, ficou conhecida principalmente pelas séries de livros ‘Fazendo Meu Filme’ e ‘Minha Vida Fora de Série’.
O livro ‘Fazendo Meu Filme’, publicado em 2008, ganhará uma adaptação para o cinema. O filme já foi produzido, todavia, ainda não teve o seu lançamento nas telonas. A obra que já vendeu mais de 250 mil cópias conta a história da Fani, uma adolescente comum, apaixonada por cinema e cheia de amigos. Certo dia a garota recebe uma proposta de intercâmbio, e vê o seu mundo mudar completamente.
A autora trabalha em parceria com a roteirista Bruna Horta e o diretor Pedro Antônio. Sob essa perspectiva, existe uma grande expectativa por parte do público da adaptação ser fiel ao livro. Nesta entrevista ao Lab Notícias, Paula Pimenta compartilha como iniciou a sua carreira de escritora e o processo de criação das suas histórias. Além disso, também fala sobre o lançamento do filme ‘Fazendo Meu Filme’, e o futuro de ‘Minha Vida Fora de Série’.
Assista ao trailer: Fazendo Meu Filme
‘Eu queria florear, contar histórias’
LN: O que te motivou a se tornar uma escritora?
Paula Pimenta: Não foi nada planejado. Desde pequena eu sempre gostei de escrever no colégio, e minhas redações eram as mais elogiadas. Sendo assim, eu vi que eu queria trabalhar com alguma coisa que envolvesse a escrita. No entanto, eu achava que para isso eu precisava ser jornalista. Então foi na faculdade de jornalismo que eu percebi que eu queria contar histórias. Quando os professores mandavam escrever textos, eu comecei a fazer na prática, e vi que seria assim a vida profissional. Eu queria escrever sobre o que eu queria, no entanto, percebi que eu não queria narrar os fatos imparcialmente. Na verdade, eu queria florear, contar histórias, logo, foi na faculdade que eu realmente senti isso.
Eu achava que era um sonho, um hobby, algo que faria para me dar prazer. Todavia, coisas foram acontecendo e eu acabei assim, realizando o sonho de ser escritora. Não digo que foi por acaso, pois eu batalhei muito para isso. Estudei para conseguir escrever, fiz curso de escrita criativa no exterior, e procurei várias editoras para publicarem o meu primeiro romance ‘Fazendo Meu Filme’. Logo, o que me motivou mesmo foi a paixão pela escrita e por contar histórias.
‘O maior desafio que eu enfrento é o tempo’: Processo de criação e bloqueio criativo
LN: Quais são as maiores dificuldades que você enfrenta durante o processo de criação das histórias e dos personagens?
Paula Pimenta: Atualmente o maior desafio que eu enfrento é o tempo. Porque hoje em dia o meu tempo é muito curto. Antes da Mabel nascer eu vivi uma imersão nos livros, escrevia cada um em três meses. Meu marido trabalhava na Virgínia, então eu ia para o interior. Enquanto meu marido trabalhava o dia inteiro, os meus personagens me faziam companhia.
Eu sempre escrevi muito durante a noite, sendo assim, ainda não aprendi a lidar com isso depois que a minha filha nasceu. Eu tento escrever na parte da tarde, que é quando a Mabel está na escola. Tem um ano e meio que ela começou a ir para a escola, então atualmente o meu maior problema é a questão do tempo, pois é pouco durante a tarde, e quando eu vejo já está na hora de buscá-la.
Além disso, um desafio é não me repetir. As vezes estou escrevendo alguma coisa e penso: nossa, eu já escrevi algo muito parecido em outro livro. Então eu tenho que mudar aquilo. Em relação ao processo de criação dos personagens, eu não acho muito difícil. É mais a questão de se repetir também. Por exemplo, a Priscila eu quis fazer totalmente diferente da Fani. Mas isso é apenas um cuidado que eu tenho, não chega a ser uma dificuldade em si.
LN: Como você lida com os bloqueios criativos?
Paula Pimenta: Eu gosto de ler os livros de outros autores, principalmente os românticos, que me fazem suspirar e sonhar. Como as minhas estórias também possuem esse gênero, gosto de ver filmes de amorzinho. Assim como diria a Fani, isso tudo me inspira, principalmente viajar. Logo, nessas épocas de bloqueio, eu faço essas coisas, desligo um pouco da minha história, e vou ver outras coisas, ler outras coisas. Ler o livro desde o começo também me ajuda, as vezes não sei para onde eu vou, então leio novamente e já me sinto inspirada de novo para voltar de onde parei.
‘Eu reescrevi a minha própria história’: Fazendo Meu Filme – A Estreia de Fani
LN: Como foi o processo de criação do livro ‘Fazendo Meu Filme – A estreia de Fani’?
Paula Pimenta: A estreia de Fani foi feito a partir das minhas agendas de colégio, é o meu romance mais autoral. É baseado na minha própria vida. Eu comecei a escrever ele pensando em uma menina que fez intercâmbio e que também se apaixona pelo melhor amigo, que foram coisas que eu vivi. Comecei a usar muita imaginação em cima. Todo mundo pergunta se é a história que eu vivi, mas não, é a história que eu gostaria de ter vivido.
Eu sempre fui apaixonada por cinema, e foi uma coisa que eu quis colocar na Fani, apesar de nessa idade de 16 anos eu gostava de filmes, mas não era louca que nem ela. Mas foi isso, é inspirado na minha própria vida um pouquinho, no entanto não é a minha história, mas é bem parecida com o que eu vivi.
‘Eu me senti muito preenchida e feliz de sentir que realmente o que eu sempre sonhei aconteceu’: Adaptação para os cinemas
LN: Como foi o processo de adaptação do livro ‘Fazendo Meu Filme – A estreia de Fani’ para os cinemas? Como você se sentiu vendo a história ganhando vida?
Paula Pimenta: Foi lento esse processo de adaptação, porque vendi para duas produtoras antes de chegar na que realmente adaptou o livro, que é a Panorâmica. Desde o começo eu coloquei nos contratos que eu fazia questão que a história fosse muito fiel, e que eu tivesse muita participação. Como eu disse, passou por várias, até que finalmente chegou essa que deu certo.
Eu tinha todo o poder ali. Tudo que eles quiseram mudar no livro tinha que passar por mim, a escolha do elenco, quem ia fazer cada personagem, eu também tinha que estar de acordo. Mas foi muito legal. Todo mundo que eles sugeriram já eram muito parecidos com os personagens. Como já tinham os quadrinhos, facilitou bastante, porque eu já imaginava fisicamente cada um dos personagens. Logo, foi fácil escolher pessoas para fazerem os testes que tivessem aquele perfil.
Eu acompanhei as filmagens todos os dias. O diretor vestiu muito a camisa disso do filmes ser fiel ao livro, ele foi muito fofo, e ajudou muito para que isso acontecesse. Quem já viu sabe o quanto o filme está fiel ao livro, e isso me deixou muito emocionada. De todos os meus filmes que já foram filmados ou que possuem roteiro, esse realmente é o que está mais fiel, e é o meu livro queridinho, né? É o meu primeiro romance, então eu me senti muito preenchida e feliz de sentir que realmente o que eu sempre sonhei aconteceu.
LN: Qual é a previsão de lançamento do filme? Tem algum detalhe que você pode nos contar?
Paula Pimenta: Eu não sei. Ninguém sabe na verdade, isso é com a distribuidora. Eles estão olhando a melhor data, principalmente a questão do cinema após a pandemia, visto que ficou muito fraco. É complicado para a distribuidora lançar um filme sabendo que possui o risco de não ter tanta bilheteria, quanto esperado. Um filme que foi feito com tanto carinho tem a possibilidade de ir direto para o streaming, e isso vai me deixar um pouco triste. Eu realmente não sei, é tudo especulação, mas o que dizem para gente é que estão trabalhando com a possibilidade do primeiro semestre desse ano ainda, então vamos torcer.
O futuro de ‘Minha Vida Fora de Série’ e novos projetos
LN: Além de ‘Fazendo Meu Filme’, outra série de livros que faz muito sucesso é ‘Minha Vida Fora de Série’. Quais são os planos que você possui para ela?
Paula Pimenta: Tenho os mesmos planos que Fazendo Meu Filme. Quero fazer tudo que for possível. Mas no caso de Fazendo Meu Filme as coisas começaram a acontecer depois que a série tinha terminado. Quadrinhos, livro volume único, Diário da Fani, o filme em si também, tudo isso eu quero para Minha Vida Fora de Série. Todavia, eu realmente quero terminar a série antes. Me atrapalha um pouco quando os personagens ganham uma imagem e uma vida. Apesar da Priscila e do Rodrigo aparecerem em Fazendo Meu Filme, não é tanto quanto seria em um filme ou série deles. Então eu prefiro terminar a série antes, para assim eu focar nos livros e depois isso tudo acontecer. Mas sim, eu acho que vai acontecer isso tudo que está acontecendo com Fazendo Meu Filme com Minha Vida Fora de Série
LN: Você pretende publicar novos livros, ou adaptar os que já existem para o cinema?
Paula Pimenta: As duas coisas, né? Tenho muitas ideias para novos livros. Como eu disse, está faltando tempo, mas tenho muitas ideias. Os que já existem para o cinema está tudo certo também. Princesa Adormecida vai ser filmado esse ano, o roteiro já está pronto e estão olhando o elenco. Princesa das águas também já estão olhando o elenco, apesar de não ter ainda o roteiro pronto, no entanto, provavelmente será o próximo.
Foto em destaque: Assessoria Paula Pimenta
Eu não conhecia a autora, mas me interessei pelas histórias dos livros por parecerem se tratar de algo tão “real”, digamos assim. Que está possível e pode acontecer com a gente, sabe?
Eu adorei as primeiras perguntas, porque me vi bastante nas coisas que ela disse — e no sentido de que há em mim, também, uma vontade enorme de ser escritora. Mas falta tempo e há medo de me entregar pura e unicamente a isso.
Outra coisa: saber de como ela resolve o bloqueio criativo foi MUITO BOM, porque eu tenho esse problema sempre. Saber que uma escritora renomada resolve esse problema de uma forma tão simples me deixa mais tranquila sobre os meus próprios. Bom demais, viu?
Eu amei essa matéria, amei a forma como foi escrita e como pudemos conhecer fatos tão importantes não só da autora, mas de suas obras e seus planos. Não vejo a hora de ler a próxima!