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Quando se trata de literatura nacional, é esperado que os livros sejam ambientados em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Às vezes, as histórias se passam até fora do Brasil. Não é comum encontrar personagens que tenham vindo de terras centrais. Essa experiência, pode até separar alguns brasileiros da leitura, pois impede a identificação que geraria um interesse maior pelo universo literário.
Entretanto, não são todos os autores que buscam manter suas histórias nos estados mais populosos do país. Há autoras independentes que buscam criar e desenvolver seus cenários incluindo os lugares que às vezes são esquecidos. A equipe do LabNoticias entrou em contato com uma dessas autoras, essa em especial, é nossa conterrânea e escreve livros ambientados em cidades de Goiás.
Conheça a escritora
Mariana Vaz é escritora de romances independentes, produzindo novelas contemporâneas para plataformas digitais, no formato de e-book. Formada em jornalismo pela PUC, a autora nasceu em Ceres e veio para Goiânia para a faculdade. Mari chegou a atuar com jornalismo impresso, mas durante a pandemia, decidiu voltar a escrever ficção e publicar seus livros na internet no ambiente digital.
LN: Mari, a leitura sempre fez parte da sua vida? Como começou seu interesse pelo universo literário?
Mariana Vaz: Leitura sempre fez parte da minha vida, desde que eu me entendo por gente. Minha tia é pedagoga, ela teve uma influência muito grande na minha alfabetização e na minha formação enquanto leitora. Lembro que desde muito pequenininha, antes de aprender a ler, ela colava papéis pela casa, nomeando as coisas, espalhava em tudo. As minhas primeiras memórias de alfabetização são essas, sabe? Hoje, vejo que se mistura muito com a minha formação de leitora, porque muito cedo ela me dava muitos livros. Passei pela fase do gibi quando a gente é bem pequenininho. Mas, hoje com trinta e três anos, eu passei até por uma fase em que a gente se afasta um pouco da leitura. Questão de filhos e tal, dinâmica, rotina do dia a gente acaba se afastando um pouquinho, mas sempre tive nos livros aquele refúgio, aquela coisa de descansar, de buscar o livro para se desprender um pouco da realidade, viajar para outro universo e tal, essas coisas que todo mundo que é leitor encontra no livro.
LN: Como decidiu que iria começar a escrever?
Mariana Vaz: Comecei a retomar essa questão da escrita no auge da pandemia. Estava naquele momento onde todos estavam ansiosos, angustiados, em um clima ruim, tentando encontrar alguma válvula de escape. Fiz um curso de escrita on-line de duas escritoras que eu seguia nas redes sociais. O foco do curso não era técnica de escrita, era mais você entender os bloqueios, o porquê que você não escreve mais. Era exatamente onde eu me encontrava. Eu estava eu sempre gostei de escrever. Eu sempre tive na escrita e na leitura refúgios, mas eu me afastei da escrita de certa forma. Após o workshop, pensei assim tenho que dar esse primeiro passo e botar para fora de alguma forma [o que eu pensava], e aí fui e comecei a escrever primeiro sobre maternidade, mas ainda não era o que eu queria. Então, um dia no computador, falei ‘’vou botar para fora essas histórias que estão na minha mente há anos’’. Comecei assim, e foi daí que escrevi o primeiro livro.
LN: Qual foi sua motivação para produzir a série “Por Você”?
Mariana Vaz: Escrevi um livro onde resolvi botar para fora as histórias que tinha guardadas na mente. Sempre tive muitas histórias na cabeça e aí foi assim que escrevi meu primeiro livro, na verdade, não é um livro da série é um livro único, se chama “O acordo, a única regra não se apaixonar”. Escrevi ele, em uma época em que eu não tinha perfil de Instagram, não sabia sobre autopublicação na Amazon, não tinha noção de nada. Só botei para fora não tinha intenção de publicar, não tinha intenção de nada. Gostei da coisa de escrever, de voltar para a escrita, descrever uma história. Então, entre o Natal e o Ano Novo, pensei na história da série e ela veio assim muito pronta na minha mente. Escrevi em um mês praticamente, sabia sobre os personagens, que a personagem principal teria um grupo de amigas e que iria desenvolver histórias para elas.
LN: Por que ambientar os livros em cidades de Goiás?
Mariana Vaz: Então eh inicialmente foi uma decisão que tomei com um certo receio, mas quis que fosse escrito aqui porque é algo que não vejo. E acabou que isso virou uma marca. Os leitores comentam, indicam livros que se passam no Brasil fora do eixo Rio-São Paulo, e indicam meus livros. É legal encontrar leitores que buscaram os livros porque viram lá nas resenhas que se passam aqui. Gente que mora aqui (Goiânia), mora em Brasília, e se identifica. É, foi bom ver isso. Porque foi uma coisa que quando escrevi, quando eu decidi, até pensei assim que poderia afastar alguns leitores porque é o diferente do comum, mas muitos leitores vieram justamente por isso. Então, para mim foi muito gratificante ter tomado essa decisão de escrever uma coisa para pessoas que queriam ler um livro que se passa num lugar que morou, num lugar que viajou, que visitou.
Quando comecei a escrever o primeiro livro da série, “Por Odiar Você”, seria uma história que se passaria no ambiente de trabalho deles, uma fábrica de cosméticos. Quase que ela seria situada no eixo Rio-São Paulo. Eu já tinha decidido que os meus livros todos passariam no Brasil, o primeiro, apesar de não especificar em que lugar, dava para você perceber pelas falas dos personagens que eles estavam aqui no Brasil. Mas quando comecei a escrever, pensei “Por que não se passar onde moro, em Goiânia? A gente tem fábricas aqui, tem um polo fabril aqui. Por que não aqui, né?” Já que ninguém escreve, eu vou escrever. Então o fato deu conhecer alguns lugares, o fato de serem coisas próximas a mim até me facilitou na hora de escrever e de pensar nos enredos. Porque os personagens estão aqui em Goiânia, eles vão viajar para um lugar próximo e tal, um lugar turístico, Pirenópolis, entre outros. Alguns personagens têm uma ligação com Brasília então foi fácil pensar nessas coisas.
LN: Qual dos livros é seu favorito? Tem menos favorito também?
Mariana Vaz: Para livro favorito, vou escolher o primeiro que escrevi, “O Acordo”, que também é o primeiro livro da série. Não porque seja o que mais gostei, mas porque ele também foi o pontapé, se não fosse por ele, eu não teria escrito toda a série. Se não fosse pelos dois primeiros, não teria os outros. Então, seriam esses. Os dois foram escritos quando eu ainda não tinha nenhum perfil no meu Instagram, quando não entendia muito de plataforma independente. Então se eu tiver que escolher, eu escolho os dois sempre. E assim, dizer que tem algum livro que eu não goste, ainda não tem. Né? A gente que é escritora, sempre tem essa coisa assim de se autossabotar, achar que não está bom, ninguém vai gostar, ninguém vai ler, vão achar horrível… A gente pensa muito isso, eu penso muito isso, mas apesar disso, tenho um carinho muito especial pelas histórias que escrevi. Então, é por esse carinho que ainda não tenho aquele que eu não goste.
Mariana está presente nas redes sociais como @marianavazescritora