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Nos dias 4 e 15 de fevereiro são comemorados, respectivamente, o Dia Mundial do Câncer e o Dia Internacional da Luta Contra o Câncer Infantil. Diante disso, se faz presente a importância da abordagem acerca dessa doença, que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, representa uma em cada seis mortes no mundo.

Apesar dos números assustarem e desvelarem um panorama muitas vezes pessimista, é necessário também discutir as estratégias positivas e curativas que podem proporcionar aos pacientes uma vida normal e duradoura. Além da atuação médica e farmacêutica, as redes de apoio para as vítimas de câncer permitem a humanização dessas pessoas que, muitas vezes, são tratadas como estatísticas.

Conheça a AAVCEG e seu papel psicossocial

A Associação de Apoio às Vítimas de Câncer no Estado de Goiás, a AAVCEG, é uma iniciativa sem fins lucrativos criada em 19 de janeiro de 2005. De acordo com a instituição, os principais objetivos consistem na promoção de maior qualidade de vida ao paciente, defesa e garantia dos direitos sociais e oferecer um atendimento humanizado às vítimas de câncer.

Flávia Belchior, diretora da AAVCEG, explica que os pacientes chegam à associação através da indicação de profissionais da área da saúde, assistência social e membros que passam adiante o trabalho da instituição. O acolhimento dessas pessoas é feito pelo Departamento de Serviço Social, que fica encarregado da triagem, que inclui o levantamento de realidade socioeconômica e a posterior classificação de vulnerabilidade social. Sendo assim, diversos fatores são levados em consideração, inclusive o estágio da enfermidade. Após a triagem, a recepção do paciente passa a ser uma função de todos os colaboradores da AAVCEG.

“Nosso objetivo é ofertar serviços socioassistenciais e proporcionar uma melhor qualidade de vida a pacientes com câncer e população em situação de vulnerabilidade social, promover a defesa e garantia de direitos sociais das pessoas com câncer, fomentar a cidadania e enfrentamento das desigualdades em todo Estado de Goiás.”

Flávia Belchior

Além dos propósitos mencionados, a instituição possui o chamado Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, que tem como intuito a prestação de atendimentos psicológicos, sociais e também de entretenimento e lazer. Os psicólogos da instituição atendem de forma remota, presencial e/ou coletiva. Ademais, dentre as inúmeras atividades desenvolvidas pela AAVCEG, se destacam as palestras, cursos de artesanato, culinária, rodas de conversa, oficinas de capacitação e geração de renda e campanhas socioeducativas de alerta e prevenção do câncer.

Flávia Belchior e equipe voluntária da AAVCEG. Foto: Sandro Ulisses de Almeida.

Apesar de funcionar como uma entidade sem finalidade monetária, a AAVCEG organiza campanhas e parcerias para a arrecadação e concessão gratuita de cestas básicas, medicamentos, exames, fraldas, roupas, calçados, suplementos nutricionais, etc.

De acordo com a diretora da instituição, os pacientes que podem buscar o auxílio da AAVCEG devem estar com câncer em fase de tratamento e em situação de vulnerabilidade social. Nesses casos, a assistente social da organização prosseguirá com a triagem e recepção do interessado.

Flávia explica que, atualmente, a maior dificuldade enfrentada pela AAVCEG é a falta de recursos financeiros. Uma vez que a demanda de trabalho e mão de obra é maior do que a suportada na associação e não há ajuda do governo, a dificuldade monetária os impede de promover mais programas de assistência às vítimas do câncer. Diante disso, toda doação é bem-vinda pela AAVCEG. As contribuições podem ser feitas através de trabalho voluntário, dinheiro e produtos de interesse da organização.

Flávia Belchior e equipe efetiva da AAVCEG. Foto: Sandro Ulisses de Almeida.

A AAVCEG pode ser contatada por telefone: (62) 3412-8650 e (62) 3623-4601; e-mail: aavceg@gmail.com e instagram: @aavceg. Além disso, a instituição possui um site em que doações podem ser feitas e um PIX (CNPJ: 07.295.905.0001-85).

A luta mundial contra o câncer

De acordo com o levantamento da Organização Mundial da Saúde, a projeção dos próximos 40 anos indica um aumento em 63% na incidência de câncer no mundo, sobretudo em áreas emergentes. Ainda assim, a Organização Pan-Americana da Saúde, a OPAS, estima que entre 30% a 50% dos cânceres podem ser prevenidos.

Apesar de nem sempre o surgimento de um câncer ser explicado pela medicina, a OPAS destaca que evitar os fatores de risco é um ponto-chave para a redução dos casos de câncer em nível internacional. Dentre eles, a organização menciona:

  • Dietas nutricionalmente pobres;
  • Tabagismo;
  • Obesidade e sobrepeso;
  • Infecção por HPV;
  • Infecções por hepatites e carcinogênicas;
  • Uso de álcool;
  • Poluição urbana;
  • Sedentarismo;
  • Radiações ionizantes e não ionizantes;
  • Inalação de fumaças provenientes do uso doméstico de combustíveis sólidos.

Dentre todos os fatores de risco para o câncer, o tabagismo é o principal, provocando 22% das mortes pela doença em grau mundial. Ainda de acordo com a OPAS, além de evitar as condições listadas, é recomendada a vacinação contra HPV e hepatite B.

Ademais, a taxa de mortalidade da patologia pode ser substancialmente diminuída em casos de detecção, diagnóstico e tratamento precoces. Conforme a organização, essa etapa é de suma relevância na maioria dos cânceres, possibilitando o tratamento curativo dos pacientes e reduzindo atrasos.

Uma visão mais pessoal

A microempresária Márcia Silveira passou por dois tipos de câncer. O primeiro, em 2015, foi o câncer de mama, que descobriu ao realizar uma mamografia após sentir fortes dores no seio. O segundo foi um tumor cerebelar descoberto por meio de uma ressonância magnética cerebral em 2017, após episódios de falta de equilíbrio e tonturas. Nos dois casos, Márcia afirma a relevância de estar atento aos sinais dados pelo corpo, sempre recorrendo à medicina para que o tratamento seja feito de forma antecipada.

Márcia Silveira no período de tratamento. Reprodução: Facebook.

Mesmo possuindo um plano de saúde, o tratamento de Márcia tinha uma cobertura de apenas 70%, o que fez com que ela recorresse ao Poder Judiciário para que o valor fosse integralmente coberto. A microempresária entende que, apesar de muito burocrático, o Sistema Único de Saúde (SUS) também é imprescindível para quem não pode custear as despesas necessárias para o tratamento da doença.

Durante todo o diálogo com o Lab Notícias, Márcia reitera a importância do apoio da família e dos amigos durante esse difícil processo:

“O apoio da família, dos amigos, a força que você tem é o que te motiva. Quando você está fazendo o tratamento, muitas vezes você pensa em desistir, porque não é fácil. Mas aí você segue com aquilo, vem a família, vem os amigos que te botam para cima de novo”.

Márcia Silveira

Além dos cuidados com a saúde física, Márcia sustenta que a saúde mental desempenha uma função essencial no tratamento do câncer: “fui em psiquiatras e psicólogos que me ajudaram muito. Eu falo que quase 50% do meu tratamento foi isso”. À vista disso, os pacientes podem buscar por instituições que oferecem gratuitamente o atendimento psicológico à vítima de câncer, caso não queiram se submeter à fila de espera do SUS. 

Hoje curada — apesar de precisar fazer uso contínuo de medicamentos, a microempresária se ancorou nos familiares, amigos, medicina e também na fé. Márcia se encontrou no espiritismo e reaveu força e determinação para não desistir do tratamento, uma parte substancial do caminho para a recuperação dos pacientes.

Algumas ferramentas de apoio à pessoa com câncer

Ações e programas governamentais na prevenção e combate do câncer
Direitos sociais da pessoa com câncer
Instituto Nacional de Câncer
Ligue Câncer:
0800 773 1666

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