II Simpósio Multidisciplinar do Transtorno do Espectro Autista é realizado em Goiânia

Tempo de leitura: 5 min

Apresentação musical de artistas do grupo NAIA (Núcleo de Arte e Inclusão do Autista) durante primeira edição do Simpósio Multidisciplinar do Transtorno do Espectro Autista, em abril de 2022. (Foto: Acervo LaTEA/Sandro Henrique Ala)

Nos dias 25, 26 e 27 de maio deste ano, é realizado o II Simpósio Multidisciplinar do Transtorno do Espectro Autista, na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC), no Setor Leste Universitário. O evento, organizado pela LaTEA (Liga Acadêmica do Transtorno do Espectro Autista), é voltado para a troca de conhecimento e experiências a respeito do autismo entre especialistas e público em geral, e conta com exposição de trabalhos e pesquisas, sorteios, rodas de conversas, palestras e muito mais.

O evento

É a segunda vez que o Simpósio Multidisciplinar do TEA acontece. Em sua primeira edição, realizada em abril do ano passado (2022), as vagas para os quatro dias de palestras, discussões e apresentações tiveram que ser reabertas após esgotadas. Este ano, o público acolhe o evento do mesmo modo, com expectativa que pode ser vista na página dos organizadores no Instagram.

“O maior impacto que podemos ver é a sensibilidade das pessoas com o assunto”, diz Nathalia Soares Vidiz, presidente da LaTEA e graduanda em Psicologia na PUC Goiás. “Vemos que as pessoas participam do Simpósio e adquirem mais conhecimento, mais veracidade no assunto. Além de que no primeiro Simpósio, as pessoas agradeceram muito por estarmos fazendo esse evento, por estarmos falando sobre um assunto pouco discutido atualmente, por estarmos colocando eles, os autistas, os neurodivergentes como pauta importante a ser falada. Eles merecem ser respeitados e amados.”

Público e palestrantes no primeiro dia do II Simpósio Multidisciplinar do Espectro Autista (Foto: Acervo LaTEA/Nathalia Soares Vidiz)

Lorena Ledes Valle e Jesus é mãe atípica de Nilo Valle e Jesus, já participou da edição passada do evento e participa também este ano. Ela comenta sobre a ainda existente invisibilidade relacionada ao TEA e demais deficiências, e como as pessoas precisam saber mais sobre aquilo que pouco é visto. “Os transtornos neurológicos e psíquicos ainda são um tabu. Muitas vezes nem as famílias querem que essas pessoas [com transtornos neurológicos e/ou psíquicos] sejam vistas, muitos familiares ficam sem saber quando esse sujeito é diagnosticado, porque a tendência é isolar. É algo ‘novo’, sem muitas informações, daí tudo vira um ‘bicho de 7 cabeças’. Não há necessidade de ser assim”

“Eu vejo que a chegada de um diagnóstico causa impacto negativo nas família/cuidadores da pessoa autista e isso só atrapalha seu desenvolvimento. Temos que buscar conhecimento, aprender a cada dia para direcionar essa criança a ser um adulto funcional, independente de em qual grau ele está dentro do espectro. Eventos engrandecem, possibilitam a troca da informação e experiência. Esse é a segunda vez que participamos e é sempre muito bom”,

termina Lorena.

O que é a LaTEA?

A LaTEA é um grupo de estudiosos de diferentes áreas que se reúnem para abordar estudos e pesquisas relacionados ao autismo. A Liga foi formada buscando, principalmente, desmistificar o TEA, Transtorno do Espectro Autista, com a discussão de informações e auxílio na formação de acadêmicos que queiram se aprofundar na temática, visto que o curso de Psicologia — predominante entre os membros da diretoria da Liga — não se aprofunda no assunto.

“Tivemos como motivação maior [para a criação da Liga] dar esse auxílio com palestras, grupos de estudos, tudo sendo sempre baseado na ciência. Com intuito de propagar uma maior quantidade de informações para todos os estudantes”,
afirma Nathalia Soares Vidiz.

“Minha maior motivação [para entrar na Liga] foi o amor que eu tenho por trabalhar com crianças e autismo. […] Sempre quero propagar o máximo de informações possível, ajudar estudantes de início de curso, ajudar famílias que precisam de apoio com informações e, claro, oferecer integração entre diversos cursos para conversar e discutir sobre o TEA”, continua Nathalia.

Atualmente, são 10 pessoas envolvidas na diretoria da Liga, responsáveis pela organização e divulgação de eventos, pesquisas e extensão, mas muitos outros estudantes participam do projeto. Entre as ações do grupo estão trabalhos voluntários, programas para auxiliar escolas na inclusão de pessoas com autismo e cursos relacionados ao tema.