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Era uma tarde de domingo quando decidi assistir a um clássico do cinema nacional: “O Auto da Compadecida” na plataforma Youtube. Baseado na peça homônima de Ariano Suassuna, o filme dirigido por Guel Arraes nos leva a uma viagem pelo sertão nordestino, repleto de humor, ironia e crítica social. 

Assim que o filme começou emergir para um universo encantador, onde personagens como João Grilo e Chicó ganham vida e mostram toda a sua sagacidade e esperteza. A trama se desenrola em torno de João Grilo, um malandro esperto, e seu fiel companheiro Chicó, um covarde assumido. Juntos, eles se envolvem em diversas confusões e artimanhas para sobreviver naquele ambiente hostil.

O que mais chama a atenção no filme é a maneira como a comédia é usada para abordar questões profundas, como a desigualdade social, a hipocrisia religiosa e a corrupção. Em meio a piadas e situações hilárias, o filme consegue expor a realidade do sertão nordestino, retratando a dura vida dos personagens e sua luta diária pela sobrevivência.

Os diálogos foram escritos, com uma linguagem típica do Nordeste brasileiro e repleta de sotaques marcantes. É impossível não se encantar com a astúcia de João Grilo e a maneira divertida como ele manipula as palavras e as situações ao seu favor. Além disso, a atuação dos atores é impecável, com destaque para Selton Mello, que interpreta João Grilo de forma magistral, transmitindo toda a malícia e carisma do personagem.

Outro ponto importante do filme é a presença marcante da figura da Compadecida, interpretada pela talentosa Fernanda Montenegro. Com sua bondade e sabedoria, a Compadecida se torna um símbolo de redenção e esperança em meio a tanta miséria e injustiça. A cena final, em que ela julga as almas dos personagens, é uma verdadeira lição sobre o perdão e a busca pela justiça divina. 

Ao final do filme, fiquei com uma mistura de sentimentos, o filme me arrancou gargalhadas e me fez refletir sobre as desigualdades sociais e os vícios humanos. Como também, despertou em mim uma sensação de mais encantamento e admiração pela cultura nordestina, sua riqueza e diversidade.

“O Auto da Compadecida” é uma verdadeira obra-prima do cinema brasileiro. Com uma narrativa envolvente, personagens cativantes e crítica social afiada, o filme conquistou o coração do público e se tornou um clássico atemporal. Mais do que uma simples comédia, é uma obra que nos faz refletir sobre a condição humana, nos mostrando que, mesmo nas situações mais adversas, ainda há espaço para o riso, a esperança e a compaixão.

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