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O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – começou a divulgação dos dados do Censo 2022 no último dia 28 de junho. A coleta começou em 1º de agosto do ano passado e contou com mais de 120 mil profissionais recenseadores. As informações divulgadas evidenciam o aumento populacional e de dados como densidade demográfica, número de domicílios e a taxa de crescimento anual da população.
O Lab Notícias noticiou, nos meses de agosto e setembro do ano passado, as dificuldades enfrentadas pelo Instituto e por seus recenseadores para a organização do Censo e para a coleta dos dados. Ausência de investimentos estatais e agressões aos profissionais do IBGE acabaram por atrasar e dificultar o trabalho da consolidação das informações.
De acordo com o levantamento, o Brasil possui hoje 203.062.512 habitantes. É um aumento de 6,5% em relação ao Censo anterior, de 2010, onde o número de habitantes do país era de 190.732.694 segundo o instituto.
Observando o mapa do Censo no que diz respeito à quantidade de domicílios por unidade da federação, os estados da Região Sudeste são os que mais possuem domicílios – mais de 38 milhões. Em contrapartida, os estados com menos domicílios são os da Região Norte – aproximadamente 6,5 milhões. Na comparação entre as quantidades de domicílios e a média de moradores por domicílio, os números se invertem: os estados da região norte – em especial o Amazonas – são os que possuem o maior número de pessoas morando em uma mesma residência. É uma média de 3,3 habitantes/domicílio ante os 2,69 da região sudeste.
A princípio, o que parece uma inversão lógica – quanto mais domicílios, menos gente em cada e quanto menos domicílios, mais gente em cada – pode ser explicado também por outros fatores como riqueza e pobreza nas regiões em questão. O Mapa da Riqueza no Brasil, elaborado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, mostra a disparidade das regiões em relação à renda média da população de cada estado da Federação. A renda média da população dos estados do norte é de R$ 711,77. Nos estados da região sudeste o valor chega a passar do dobro, R$1.533,79.
Uma explicação histórica
“Processos históricos podem afetar diretamente o resultado de dados captados no presente”, é o que afirma Caroline Moraes, historiadora formada pela Universidade Federal do Norte do Tocantins, UFNT. Segundo ela, o maior nível de investimentos que ocorreram historicamente na ocupação da região sudeste e de todo o litoral brasileiro explicam as disparidades regionais evidenciadas no Censo 2022.
“Temos de lembrar que nossa colonização primeiro se concentrou em nosso Litoral, isso influencia demais os atuais dados, de modo que a concentração maior é na região Sudeste. Por seu turno, basta lembrarmos os incentivos que o Brasil deu aos imigrantes europeus na ocupação da região sul e sudeste no século XX deixando a população negra desamparada em diversos setores, um deles a habitação. Isso, vale ressaltar, não significa que não havia habitantes e era um terreno ‘desocupado’. Na região norte tínhamos os diversos povos indígenas, população quilombola e ribeirinhas que aqui habitavam.”
Processos Geográficos
Estudos geográficos mais antigos indicam a região norte como possuidora de “vazios demográficos”, como explica Tiago Vasconcelos, doutor em geografia pela PUC-Rio e professor de geografia no Colégio de Aplicação da UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Ele frisa o desuso do termo, que já não é mais corrente atualmente, mas deixa claro que a região norte, em comparação à sudeste, tem disparadamente menor ocupação que o sudeste brasileiro.
Houveram tentativas de programas governamentais – principalmente no período da Ditadura Militar Brasileira – para ocupar a região, mas os efeitos não foram sentidos como se esperava: o norte segue como uma das regiões de menor desenvolvimento econômico e menor concentração de matrizes industriais do país – com exceção à Zona Franca de Manaus. Além disso, segundo Tiago, a grande área verde e a existência de problemas relacionados ao planejamento familiar colaboram para que, nas concentrações urbanas, os domicílios possuam mais pessoas.
O outro lado da antítese – região sudeste – experimenta o oposto justamente pelo seu maior desenvolvimento e concentração de renda per capita. “Todos os estudos demográficos indicam que quanto maior é a urbanização de um local, maior é o planejamento familiar e maior é a preocupação do núcleo familiar com o número de filhos”, ressalta Vasconcelos. “Assim, todos esses fatores colaboram para se ter um grande número de habitações ocupadas por menos pessoas.”
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