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Foto em destaque: Reprodução/HBO
“Sex and the City”, a série norte-americana que impactou uma geração de mulheres do final da década de 1990 e início dos anos 2000 está comemorando 25 anos em 2023, e para celebrar, a HBO lançou a segunda temporada do revival “And Just Like That…”. A produção baseada no best-seller homônimo que foi sucesso de audiência na TV e que posteriormente virou filme e foi sucesso de bilheteria, traz de volta as amigas Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker), Charlotte York Goldenblatt (Kristin Davis) e Miranda Hobbes (Cynthia Nixon), duas décadas depois, agora, com as vivências de mulheres de meia idade. A única exceção foi Samantha Jones (Kim Cattrall), a quarta amiga, que por desavenças com a equipe, não participou.
Muito do sucesso da série, inicialmente, teve a ver com a identificação que as mulheres tinham com os temas abordados. As inseguranças e insights sobre relacionamentos, amizades, vida profissional e reflexões adultas de quatro mulheres solteiras em seus trinta e poucos anos, foram temas tanto das colunas de Carrie, personagem principal que era escritora no jornal New York Star, quanto dos próprios episódios. O telespectador meio que assistia o que ela escrevia na coluna, e isso, eu particularmente, sempre achei fantástico.
Além da identificação, de quebra, a série mostrava muito do mundo da moda, com os looks belíssimos que a protagonista e suas amigas usavam, cada uma em seu estilo próprio e colocou no auge ícones fashion, como os famosos sapatos Manolo Blanik usados por Carrie, viciada no item. Sem dúvidas, influenciou toda uma geração de mulheres, que cresceram e envelheceram junto das personagens, uma leva de jovens, agora mais maduras, que sonhavam em levar a vida pelas ruas de New York entre experiências de o “sexo e a cidade”.
Vi a série em uma época diferente, quase vinte anos depois do lançamento e com a idade próxima a das personagens na época. De fato, me impressionei com a capacidade dos autores em retratar questões femininas que ainda geram identificação, tantos anos depois. Em cada episódio, me via nas decisões erradas de Carrie, nos planos de carreira de Miranda e nos devaneios de Charlotte. Mesmo em décadas diferentes, os problemas de relacionamento, auto descoberta e questões profissionais ainda são muito parecidos.
Apesar das críticas em relação a questões sociais e raciais, visto que as personagens representavam uma parcela mínima que convivia na alta sociedade novaiorquina, não percebi a problemática como algo tão importante, afinal, a proposta da série era demonstrar a vivência delas naquele lugar, condizente com a década em que foi lançada. Agora, no reboot, as protagonistas retornam com novas questões, pertinentes às idades e com a época atual. Os problemas com relacionamentos deixaram de ser diretamente com os maridos e namorados, e se estenderam para os filhos. Novos personagens foram acrescentados, com representatividade negra e queer. A coluna de Carrie virou podcast e os assuntos de insegurança relacionados ao grande amor da vida da escritora, passaram a abordar também o luto.
Não darei spoilers, porque acho que, de fato, vale a pena a reflexão e identificação de cada um. O ideal é que seja assistida desde os primeiros episódios e em idades que sejam próximas a das personagens principais. Curti muito mais as primeiras temporadas do que o spin-off, claro, por conta também da identificação, mas porque, em partes, senti forçar temas da contemporaneidade para se encaixarem nas problemáticas atuais e agradarem ao público.
De antemão, posso dizer que nesta edição, ainda em curso, visto que os episódios estão sendo lançados aos poucos, semanalmente, pessoas do passado retornam, o que traz uma certa nostalgia e um encanto para a trama. É sempre bom ver como o tempo passou também dentro das telinhas. Como se, na vida real, pudéssemos reencontrar pessoas que já foram e matar a curiosidade sobre como as coisas estão.
Por fim, acho que a série envelheceu bem, acabou e retornou no tempo certo e soube aproveitar o hype. Sarah Jessica Parker continua linda no papel de Carrie, mostrando e reforçando que mulheres de meia idade podem e devem continuar com sua personalidade de jovens, mesmo que o tempo tenha passado. Um convite a reflexões sobre o envelhecer, aceitação, luto, mulheres no mercado de trabalho, relacionamentos entre pais e filhos, entre amigas, enfim, “Sex and the City” fala muito mais sobre o viver em si, do que sobre as aventuras sexuais que o nome propõe, não que isso não deixe de existir, mas no final, se torna apenas um detalhe.