Cerca de 52% da população brasileira raramente ou nunca se exercitam — é o que aponta a Pesquisa Saúde e Trabalho, realizada pelo Serviço Social da Indústria (Sesi), em parceria com o Instituto FSB. O estudo foi feito em março deste ano, com brasileiros acima dos 16 anos, em todo o território nacional. Os resultados, divulgados em junho, apontam para um problema já conhecido: o sedentarismo.
O que é sedentarismo?
Por definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), é considerada sedentária a pessoa adulta, entre 18 e 60 anos, que não realiza ao menos 30 minutos de atividades físicas, leves ou moderadas, distribuídos em 5 dias na semana.
O Brasil é considerado o país mais sedentários da América Latina, segundo dados da OMS. Com cerca de metade da população fisicamente inativa, o Brasil tem índices maiores do que a Argentina, o Uruguai e o Chile, e ocupa a quinta posição no ranking de países mais sedentários do mundo.
Por que esses dados são preocupantes?
A inatividade física está associada a diversos problemas de saúde. Obesidade, sobrepeso, hipertensão, perda de massa e força muscular e disfunção vascular são apenas alguns exemplos dos malefícios em que um estilo de vida sedentário pode culminar. Segundo um estudo divulgado em julho pelo Pennington Centro de Pesquisa Biomédica e Escola Arnold de Saúde Pública, da universidade norte-americana da Carolina do Sul, levar uma vida sedentária pode prejudicar a saúde tanto quanto o costume de fumar.
Em 2019, a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apontou uma melhora na quantidade de brasileiros ativos fisicamente em relação à pesquisa anterior, de 2013. O número de pessoas adultas com exercícios moderados e/ou intensos presentes no dia a dia, atendendo aos 150 minutos semanais de atividade física propostos pela OMS, saltou de 22,7%, em 2013, para 30,1%, em 2019. Isso representa um aumento relativo de 15 milhões de brasileiros ativos, considerando a variação no número total da população adulta brasileira.
Esse aumento significativo pareceu um cenário otimista para o Brasil, até a chegada da pandemia. Com o isolamento social, ensino/trabalho remotos e a necessidade de permanecer dentro de casa, 60% dos brasileiros declararam terem mantido hábitos sedentários durante os primeiros meses de pandemia, segundo dados de pesquisa realizada pela Fiocruz, em 2020. Já em 2023, os números otimistas dos estudos anteriores caíram: mais da metade da população jovem e adulta brasileira não realiza atividades físicas.
Sheilla Barbosa foi uma das pessoas que tinham uma vida fisicamente ativa, mas se rendeu ao sedentarismo. Aos 42 anos de idade, há dois meses voltou à academia pela primeira vez depois de quase sete anos inativa.
“Passei a ter certa dificuldade para dormir e ganhei muito peso durante essa pausa nos treinos. Não conseguia nem agachar para pegar alguma coisa que caísse no chão. Qualquer tanto que eu caminhava já me deixava ofegante. Eu me sentia cansada e com dores no corpo, nas pernas e na coluna. Estou com sobrepeso, e por isso voltei a frequentar a academia.”
Em entrevista ao Lab Notícias, a professora de musculação Ana Clarice Reges Francisco explicou: “Os benefícios gerados pela prática de exercícios físicos diários podem ser observados em diversos aspectos, como melhoria do sono, maior disposição para realizar atividades diárias, melhor controle do peso corporal, melhora de humor, melhora da pressão sanguínea, e muitos outros.” Ela ainda argumenta que os malefícios também são muitos: aumento demasiado do peso, doenças cardiovasculares e insatisfação com o próprio corpo são alguns exemplos.
A pesquisa realizada pelo Sesi apontou que, dentro da porcentagem de pessoas que não fazem atividades físicas de forma regular, 42% dos entrevistados afirmou problemas de saúde nos últimos 12 meses, enquanto mais de 70% dos que praticam exercícios rotineiramente não relataram problemas de saúde no mesmo período.
Maurício Martins Cardoso, de 50 anos, também se encontrava dentro do grupo de pessoas inativas e com problemas de saúde.
“Eu me sentia pesado. Tinha inchaços nas mãos, dificuldades para dormir”, relata ele. “Comecei a fazer academia por conta da saúde, mesmo. Já tem seis meses que ‘tô lá, e não tive mais esses problemas. Agora me sinto mais disposto, me sinto bem.”
Maurício agora faz parte do quase ¼ da população que está em movimento diariamente. A Pesquisa Saúde e Trabalho ainda revelou: 13% dos entrevistados fazem exercícios ao menos três vezes na semana, e outros 8%, duas vezes por semana.
Como ter uma vida mais saudável?
Nem todas as atividades físicas são feitas praticando algum esporte ou treinando na academia. Na verdade, são muitas as tarefas do cotidiano que podem colaborar para um melhor desempenho físico. Lavar a roupa, varrer a casa e ir ao trabalho/escola a pé, por exemplo, são considerados exercícios aeróbios moderados, e mantê-los na rotina é suficiente para ajudar seu corpo a funcionar corretamente. Danças, caminhadas e até um passeio com seu animal de estimação também entram na lista.
Cada vez mais popularizados, treinos HIIT (treinos intervalados de alta intensidade, em tradução livre do inglês High Intensity Interval Training) são treinos completos, com exercícios que promovem muita queima de calorias, e que podem ser feitos em apenas alguns minutos, até mesmo dentro de casa. Na maioria dos casos, apenas 15 minutos das atividades propostas por um treino HIIT podem cumprir com a demanda diária de movimento.
“É possível se manter saudável mesmo tendo pouco tempo disponível. Em muitos casos, só depende da importância que o indivíduo coloca em sua saúde física. Eu creio que qualquer pessoa tem 30 ou 45 minutos que podem ser usados para cuidar da própria saúde, seja com uma caminhada matinal ou ao entardecer”, afirma Ana Clarice.
O Lab Notícias separou uma playlist com vídeos de treino rápido para deixar de lado o sedentarismo sem precisar sair de casa! Clique aqui para acessar o conteúdo.
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