Fim da Taxação de Compras Internacionais de até US$ 50 Preocupa Setor Comercial em Goiás

A isenção de impostos para importações, em vigor desde agosto de 2023, pode resultar na demissão de até 2,5 milhões de trabalhadores no Brasil
jan 17, 2024
Tempo de leitura: 5 min

Após o Ministério da Fazenda decidir a favor do fim da taxação de compras de até US$ 50 em sites internacionais para pessoas físicas, pesquisas apontaram de que forma essa decisão poderia afetar a economia do país, sendo assim, o comércio goiano duramente prejudicado. Devido esta isenção para importações que entrou em vigor no dia primeiro de agosto de 2023, um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que isto trará como consequência, a demissão de até 2,5 milhões de trabalhadores no Brasil, sendo 2 milhões no varejo e 500 mil na indústria nacional.

Diante disto, a região da 44 pode deixar de gerar até 8 mil novos empregos no próximo semestre devido a um crescente número de importações e uma queda nas vendas de roupas e acessórios fabricados no estado de Goiás. E não para por aí, segundo uma nota lançada pelo Centro de Estudos Tributários e Anduaneros (CETAD) da Receita Federal, a Isenção de impostos para compras de até US$ 50 em sites internacionais pode resultar numa perda de até R$ 35 bilhões ao país entre o ano passado e 2027.

O Presidente da associação Empresarial da Região da 44, Lauro Naves, afirma que os polos comerciais estão sendo os mais afetados com a não taxação de produtos de sites como shein, shopee ou Aliexpress, resultando assim a uma diminuição nas vendas e um crescente número de demissões na região.

De acordo com a Receita Federal, no Brasil, houve um aumento de mais de 150% de compras em sites internacionais nos últimos 6 anos, e a tendência é que este número só aumente com o passar do tempo. O fato é que os consumidores têm visto mais vantagens em compras nesses sites devido a praticidade em fazer seus pedidos, além de maior credibilidade das empresas, e principalmente os preços cada vez mais acessíveis.

É o que diz a estudante e consumidora de produtos internacionais Bianca Lima, que em entrevista ao LN conta as vantagens ao consumir produtos internacionais. “Além de poder fazer meus pedidos do conforto da minha casa e em qualquer lugar, a qualidade dos produtos são ótimas e o custo benefício vale muito a pena, por isso sempre opto por fazer minhas compras, principalmente de roupas e acessórios, em sites como Shein, Aliexpress e outros.

Os impactos no comércio local

A região da 44 é um dos principais polos de confecção e moda do país, recebendo milhões de compradores todos os anos das regiões do Brasil e países da américa latina, gerando milhares de empregos. Com isso, esse setor econômico se torna o mais prejudicado com a isenção de impostos para importações, trazendo prejuízos ao comércio local e aos lojistas que se veem cada vez mais obrigados a buscarem meios de amenizarem os impactos em seus negócios, e assim não descerem as portas.

Ricardo Lourenzo, empresário e dono de lojas no polo da 44, afirma que só nos últimos 3 anos suas vendas caíram em torno de 40%, sendo em parte por conta da pandemia de COVID-19, o que fez com que os consumidores comprassem mais pela internet e assim optando em grande parte por compras em sites internacionais. Sendo assim, o empresário demitiu cerca de metade de seus funcionários, além de fechar 3 de suas 5 lojas localizadas na capital goiana. “Infelizmente, tivemos que optar pelo corte de pessoal e gastos, e agora temos nossos negócios ainda mais ameaçados pelo comercio internacional devido a isenção de impostos” afirma o empresário.

O presidente da AER44 afirma que o consumidor preferir comprar em sites internacionais pode fazer com que as lojas parem de vender, causando assim a não produção das industrias e consequentemente a demissão de muitos trabalhadores brasileiros. Lauro Naves destaca que a concorrência com os produtos chineses é “desleal”, o que pode afetar o comércio em geral e até chegar ao atacadista. “Isso só irá favorecer o comércio chines, gerando renda e empregos lá, enquanto no Brasil, os encargos e a carga tributária só aumentam”.

Alternativas para os empresários

Lauro diz que ao recuperarem as vendas devido a reabertura do comércio pós pandemia da covid 19 a expectativa era de gerar até 8 mil novos empregos, o que não aconteceu devido a isenção de impostos. Ele diz que a Assosiação Empresarial da Região da 44 juntamente aos empresários da região vem se posicionando contra a decisão do ministério da fazenda, além de buscarem formas de amenizar os prejuízos causados ao comércio.

Uma delas, é a criação e investimento em sites de divulgação e vendas de produtos da região, assim buscando atender ao público que procura uma maior facilidade de compras pela internet, além de uma entrega mais rápida e segura.

Ricardo Lourenzo afirma que esta iniciativa tem ajudado a manter suas lojas ainda ativas mas teme não ser o suficiente após a aprovação da isenção de impostos de compras de até US$ 50 nos sites internacionais. “Espero que voltem atrás com esta decisão e reconheçam o quanto pode prejudicar nossa economia, sem contar nas famílias perdendo seus empregos e fontes de renda”.

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