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A fase inicial da vida de uma criança, conhecida como primeira infância, é marcada como o início de seu desenvolvimento. Nesse contexto, a escola desempenha um papel fundamental ao fornecer ambientes enriquecedores que moldam não apenas o intelecto, mas também a inteligência social.
A exposição a estímulos educacionais adequados nesse período pode estimular áreas cerebrais relacionadas à cognição, contribuindo para a formação de indivíduos socialmente inteligentes.
Em um estudo sobre “A inserção intencional de práticas pedagógicas voltadas ao desenvolvimento de habilidades socioemocionais como caminho para o sucesso escolar na educação básica” realizado pela UNESCO e sintetizado em um artigo por Anita Lilian Zuppo Abed, ela defende: ”que cabe à instituição escolar não só a manutenção […] de conhecimentos acumulados na história da civilização, como também o desenvolvimento de seres pensantes, criativos, construtores de conhecimento, que saibam se relacionar consigo mesmos e com os outros, comprometidos na construção de um mundo melhor”, diz a pesquisadora.
Dessa forma, a importância da escola no desenvolvimento social e emocional na primeira infância e a necessidade de estar em um ambiente escolar é discutida por educadores e psicólogos.
Reprodução/MEC
Aumento de matrículas em instituições de ensino básico
Na edição mais recente do Censo Escolar da Educação Básica, foi constatado um aumento nas matrículas de creches e pré-escolas em 2022, revertendo a tendência de declínio entre 2019 e 2021. O levantamento indicou a existência de 74,4 mil creches em funcionamento no Brasil, com 66,4% das matrículas na rede pública e 33,6% na privada.
No último ano, mais de 5 milhões de estudantes foram inscritos na pré-escola, sendo 78,8% em instituições públicas e 166,7 mil em escolas conveniadas fora desse sistema.
A convivência escolar na primeira infância contribui para o desenvolvimento emocional das crianças, de maneiras diversas. A pedagoga Emily Vieira, que tem experiência com crianças em fase de desenvolvimento da inteligência emocional, completa: “Acredito que as crianças que frequentam a escola desde cedo tem a oportunidade de interagir com outras crianças e adultos, e com isso, elas desenvolvem habilidades como empatia, comunicação, a expressão de seus sentimentos, resolução de seus problemas, autocontrole e compreensão de suas próprias emoções”.
Existem muitos benefícios na interação social: “A ampliação do repertório cultural, troca de experiências e conhecimentos, desenvolvimento da cooperação e solidariedade. Também ocorre a formação de vínculos de amizade, compreensão de situações sociais e como agir de forma adequada a elas”, afirma a pedagoga.
Segundo Emily Vieira, as atividades em grupo podem influenciar positivamente as habilidades sociais das crianças na fase inicial da educação: “As crianças que participam de atividades em grupo aprendem a compartilhar, a ouvir e se expressar. Elas respeitam as regras e resolvem conflitos. Essas atividades ajudam a estimular a interação e a colaboração”.
Ambiente Escolar
Os educadores devem criar um ambiente escolar que favoreça a construção de relações interpessoais saudáveis entre os alunos: “Por meio de planejamentos de atividades em grupo, que chame atenção daquela determinada faixa etária”, é o que diz Hellen Cristina Oliveira, pedagoga e pós graduanda em neuropsicopedagogia.
“É necessário promover a contação de histórias lúdicas para as crianças, dos referidos assuntos e temas, conversando em forma de palestras, mostrando na prática o que é ser empático, com a realização de brincadeiras”, completa.
Os pais têm um papel fundamental no apoio ao desenvolvimento da inteligência social de seus filhos: “É essencial que os pais ensinem em casa o que é ter esse desenvolvimento no meio social. O que as crianças aprendem na escola, é necessário que em casa, aquele ensinamento seja fixado, seguindo a mesma linha de educação da escola, sempre com muito diálogo e dedicação”, afirma Hellen.
Aprendizado socioemocional
Situações de conflito social entre as crianças são ótimas oportunidades de aprendizado para elas, já que assim elas entendem a maneira correta de agir. “ É importante que os educadores adotem uma postura de mediação, ajudando as crianças a resolverem seus conflitos mas de uma forma pacífica e autônoma. Não se deve impor punições e sim buscar soluções criativas e consensuais para a resolução de seus problemas”, diz a pedagoga Emily.
Na experiência de Emily, existe influência da convivência escolar na formação da identidade e autoestima das crianças: “A convivência tem uma grande influência pois é na escola que a criança tem a oportunidade de se reconhecerem como indivíduos únicos e especiais. Além de se sentirem pertencentes a um grupo, se diferenciando e se inspirando nos outros”, conta.
Existem muitas práticas pedagógicas que podem ser adaptadas para atender às necessidades individuais das crianças, considerando a diversidade no desenvolvimento da inteligência social: “Os educadores devem conhecer as características, os interesses e as dificuldades de cada criança. Por isso, eles devem planejar atividades diversificadas que respeitem o ritmo de aprendizado de cada educando”, Emily afirma.
Estratégias Psicopedagógicas para Auxiliar Crianças com Dificuldades Sociais
Existem estratégias específicas de intervenção psicopedagógica, como jogos cooperativos e atividades de grupo, que podem ser aplicadas para auxiliar crianças que enfrentam dificuldades na interação social, promovendo um ambiente inclusivo na educação básica.
A inteligência social exerce impacto significativo no processo de aprendizagem e no desempenho acadêmico das crianças. Habilidades sociais aprimoradas facilitam a colaboração, a participação em atividades de grupo e promovem um ambiente propício para o aprendizado.
Em situações desafiadoras nas relações sociais, a psicopedagogia contribui para a construção de um ambiente escolar mais inclusivo e acolhedor através de programas de intervenção, orientação aos educadores e promoção de práticas que fortaleçam as habilidades socioemocionais das crianças.