Os desafios na busca de um diagnóstico autista para pessoas carentes

De acordo com estudos, estima-se que tenha por volta de 2 milhões de autistas no Brasil.
abr 29, 2024 , , ,
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O autismo é um problema do desenvolvimento humano, descrito pela primeira vez pelo médico Leo Kanner, em 1943. Desde então esse diagnóstico ficou comum, e o conhecimento das pessoas sobre o assunto também, mas em sociedades mais carentes isso ainda é visto como uma frescura da criança ou adulto.

De acordo com os dados do CDC (Center of Diseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de autismo a cada 110 pessoas. Estima-se que o Brasil possua cerca de 2 milhões de autistas, pois temos 200 milhões de habitantes. Já sobre a porcentagem de pessoas autistas que são de baixa renda, não foi encontrado nenhuma estatística que seja especifica dessa situação. A questão, é que nem todos têm condições de pagar medicações, por serem de uma bolha social mais humilde e ainda assim enfrentarem a dificuldade na hora de ter o diagnóstico.

Minha maior dificuldade com o tratamento do meu filho foi usar a rede pública, de modo geral. Eu busquei quando tive as desconfianças, busquei tratamento por meio público na pediatra para ela passar o encaminhamento, mas sempre havia uma impossibilidade. A gente que é mãe, a gente convive com a criança 24 horas, né? E o profissional tá ali há minutos, então independente do que seja, ela devia levar em questão do que a pessoa passa, e ela em razão do achismo de minutos, percebia que ‘meu filho não tinha nada’ vamos dizer assim.

Diz Karen Stefany, mãe de um menino autista.

A mulher também afirma que buscou a rede particular, e só assim conseguiu o tratamento correto para ele. A questão é que nem todos tem condições de irem a um médico particular ou de pelo menos pagarem um plano de saúde para serem atendidos. Gislene Silva é uma dessas mães que, infelizmente, só conseguiu o diagnóstico da filha de forma tardia, e ainda assim, sua filha não recebe o tratamento adequado e nem o uso de medicamentos.

Graças a Deus ela [a filha] tem um autismo mais leve, né? Por que se ela vier a piorar ou algo assim eu não posso fazer nada, não vou deixar de botar comida na mesa para comprar remédio porque isso não enche barriga. Essas coisas de governo, e governo faz isso e aquilo, eu prefiro é nem ir pela papelada toda, então eu só torço a Deus pra minha menina não piorar.

Fala Gislene Silva, mãe de uma menina autista.

No site do governo, existe um auxílio que pessoas com autismo podem requerer, que é o Benefício de Prestação Continuada (BPC) previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), é a garantia de um salário mínimo por mês ao idoso com idade acima de 65 anos, ou a pessoa com deficiência de qualquer idade. Segundo os requisitos informados, as pessoas que vão receber esse auxílio devem ser consideradas incapazes de se manterem sozinhas e a renda de cada pessoa do núcleo familiar, a chamada renda per capita, deve ser limitada a um ¼ do salário mínimo vigente.

A falta de atenção dos médicos ao diagnosticar um paciente com autismo pode ser uma situação chata, como relatada anteriormente pela entrevistada Karen Stefany. Mas, além de exigir um atendimento adequado do profissional, é importante se atentar para os verdadeiros sinais do autismo para evitar perda de tempo ou situações relacionadas.

Em uma notícia postada no site do Conselho Regional de Psicologia (CRP), a psicóloga Clarice Moro Ricobom afirma que, em alguns casos, os sinais para identificar o transtorno podem ser percebidos desde muito cedo. “São crianças muito isoladas, muito fechadas, tanto que o primeiro sinal de autismo que a gente percebe no bebê é o não olhar nos olhos, evitar o contato visual. São bebês que, quando estão mamando, por exemplo, não olham para o rosto da mãe, mamam olhando para a luz. Algumas terão atrasos na linguagem, podendo até não falar”, diz. 

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