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Micael da Silva Moura
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Conforme os dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, a média de livros lidos por ano caiu nas faixas etárias de 5 a 17 anos, causando um retrocesso na capacidade cognitiva da humanidade.

A infância é a fase crucial para o desenvolvimento do ser humano e o incentivo da leitura nessa fase traz diversos benefícios, tais como: capacidade de percepção, atenção, associação, memória, raciocínio, imaginação, pensamento, linguagem, concentração, vocabulário, entre outros. 

Em entrevista com Janira Gonçalves de Oliveira, auxiliar de atividades educativas, ela relatou como são desenvolvidas as atividades e um pouco sobre como é feito o planejamento das aulas.

“Esse ano estou com crianças entre 2 e 3 anos. O planejamento é feito pela equipe pedagógica, a coordenadora pedagógica e as professoras. Essa leitura pode ser feita em sala de aula, ou em espaços que temos no CMEI. Os livros, dependem se é um projeto ou se é só mesmo contação de histórias: quando é só contação de história a professora escolhe um, faz uma rodinha e conta para as crianças; se for projeto, é um livro escolhido em conjunto e é lido duas ou mais vezes na semana.”

 A auxiliar comentou que enfrentou diversos desafios específicos ao tentar incentivar o hábito de leitura em sala de aula e defende a necessidade de acompanhamento dos pais.  

 “Crianças nessa idade são muito lúdicas, então é preciso muita criatividade, temos materiais bons, e eles gostam. Mesmo que a atenção seja por pouco tempo, o maior desafio é conscientizar os pais a continuar essa leitura em casa. Temos a maleta da leitura que vai com um aluno todo final de semana e tem pais que nem abrem, e outros acham que é para a criança brincar, quando, na verdade, é para os pais fazerem a leitura com seus filhos. Essa leitura com eles é muito importante”.

Em relação aos pais, o Lab Notícias entrevistou uma mãe que enfrenta dificuldades em colocar a leitura em prática na vida do seu filho, que possui 11 anos. “Ele não gosta”, relatou Jessica, mãe de Guilherme  de 11 anos. Sobre qual era sua principal dificuldade em relação a isso, ela diz que a principal barreira é o tempo: “Uai, é o tempo mesmo que não tenho, aí junta que ele não gosta”. 

Questionada se a tecnologia atrapalhou esse desenvolvimento no hábito de leitura, ela diz: “Ele gostava de ler quando era menor, após uma certa idade que começou a mexer mais no celular e no vídeo game, ele não se interessou mais.” Já tentaram limitar o uso de tecnologias, mas não adianta, pois a leitura vem em último lugar, relatou a mãe Jessica Teixeira.

Janira Gonçalves ressalta a importância do papel dos responsáveis no desenvolvimento da criança no habito de leitura. Para ela, os pais não incentivam no estímulo à leitura, o que seria uns dos pontos de déficit que temos hoje em dia na questão da leitura. 

“Acredito que sim, uma criança que desde pequena tem esse contato com os pais lendo para eles acaba passando esse interesse, acho que até um apego emocional: são momentos únicos entre eles. ”

A auxiliar relatou até mesmo um momento como esse com seus filhos: “Aqui em casa tenho filho pequeno e as duas mais velhas, tem dia que as mais velhas pedem pro pai ler no quarto delas com ele, o menino ama ler, uma das meninas não pode ver um livro que já quer comprar.”

Lab Noticias conversou com a psicopedagoga clínica Patrícia Gomes Gonçalves, que falou sobre como a família pode transformar o ato de leitura em um momento descontraído e de diversão. 

“Primeiramente, conforme a idade da criança, as escolhas do livro que seja interessante para permitir a família desenvolver na criança o interesse pessoal, sejam histórias engraçadas, histórias de aventura, histórias de mistério, histórias de fadas, então tem que conhecer o contexto familiar, para saber qual que é o tipo de história que cada criança gosta de ouvir, de acordo com sua idade. E também tem que ter um ambiente confortável, né? Então, tem que reservar um tempo, um espaço para que essa leitura possa acontecer em família, não somente com o pai ou somente com o irmão”. 

 A psicopedagoga ressaltou a importância de revezamento entre os entes da família no incentivo à leitura.  

“E também com trocas, né? Permitir que o irmão também faça a leitura de história para o outro irmão, assim o pai, assim a mãe. Que tenha esse revezamento, não somente uma pessoa específica. Até a própria criança que esteja ouvindo pedir para que ela reconte a história novamente. Ler a história em voz alta, o que a história está falando, se a história tiver um suspense, fazer um suspense com a voz, também promover discussões referentes à história, perguntar o que a criança entendeu, o que a criança gostou, o que poderia melhorar, para poder estimular o pensamento crítico e promover também a comunicação em família.”

Comentou também sobre elemento de desenvolvimento cognitivo, intelectual e criativo das crianças, explicando como a leitura realmente afete nesse desenvolvimento.

“No meu ver, vai apresentar na criança tanto dificuldade de, como já havia dito no social da criança, interação, a questão da fala também afeta bastante, a questão da criatividade, memória, atenção, até a questão do ombro frontal, do nosso cérebro, a respeito do déficit de atenção, então aí a mãe já pode perceber se a criança é atenta, se a criança não é atenta, a dificuldade de flexibilidade, então a mudança de ambiente, então a leitura prepara a criança para a diversão, a rigidez comportamental da criança, prepara também a criança, se você for ler uma leitura, né? Há diversos tópicos que a criança pode aprender. Então, preparar a criança para mudanças de ambiente através da leitura, porque cada vez que,você vira a página de um livro, é uma nova forma de leitura, é uma nova forma de você interpretar o mundo para a criança, e ela vai abrir seus olhos para como enfrentar o mundo, como reagir no meio social. Então, é muito importante para a criança desenvolver todas as habilidades, tanto motora quanto cognitiva, através da leitura. Como que vai desenvolver a motora, através de virar a página… através de observar, através dos movimentos. Então, a criança mantém o foco e isso trabalha também em todos os tipos de desenvolvimento da criança e em suas diversidades.”

A auxiliar Janira Gonçalves fala sobre sua experiência pessoal que a levou a acreditar na importância da leitura para o aprendizado e desenvolvimento:

“Foi em minha família mesmo: minha mãe nunca incentivou a leitura e confesso que leio por que sei da importância e não por que gosto, já meu esposo, filho de jornalista e professora, já teve muito incentivo, e isso se compararmos em experiência, conhecimento, oratória e outras coisas é bem diferente, e o incentivo que ele sempre deu aos nossos filhos, fizeram deles pessoas inteligentes, criativas, e interessadas, pessoas que sei que vão querer chegar mais além’’

Já para Patrícia Gomes Gonçalves, ressaltou a dificuldade que obteve na sua infância e mudança perspectiva depois que entrou em curso superior:

‘’A mudança de criação de família, cultura passada de geração a gerações. Minha mãe não conseguiu fazer isso pelas filhas, pois a mesma não tinha o conhecimento e formação acadêmica da importância da leitura para o desenvolvimento da criança em sua formação. Desde modo quando fiz a primeira graduação em pedagogia eu observei a importância tanto com teoria e a prática. Mais tudo depende também das condições familiares e conhecimentos sobre o assunto”

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