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Falar sobre a violência no Brasil é importante, mas tratar da homofobia em nosso país é imprescindível. O Dia Internacional Contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia, comemorado em 17 de maio, é um momento para lembrar a população sobre a importância de pautar a mudança, a tolerância e a diversidade. A data representa uma ruptura no pensamento arcaico de que a homossexualidade se tratava de uma doença. Em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade do Código Internacional de Doenças (CID) e passou a considerá-la como traços da personalidade.
Em nosso país, andar de mãos dadas com seu companheiro(a), se tornou sinônimo de perigo. Por quatro anos consecutivos, lideramos o ranking de países que mais matam LGBT+ no mundo. Segundo dados do Dossiê de Mortes e Violências contra LGBTI+ de 2023, houve 80 mortes de lésbicas, gays, bissexuais, trans e travestis no Brasil entre os meses de janeiro a abril. Esse cenário evidencia a urgência de ações que promovam a compreensão e a empatia da população em relação à comunidade.
A inclusão da LGBTfobia na lei n.º 7.716/89 (lei do racismo) em 2019 foi um marco histórico, porém ainda insuficiente. À medida que se discute e dá visibilidade ao movimento, a resistência e o conservadorismo se intensificam. Com o avanço das redes sociais, os discursos de ódio se tornaram mais frequentes e agressivos, chegando a ultrapassar os limites virtuais e se manifestando em agressões físicas.
É uma equação incalculável. Em um país que reúne cerca de 3 milhões de pessoas durante a Parada do Orgulho, considerada a maior do mundo, como é possível que nos chamem de minoria e ignorem a necessidade de investir em políticas públicas eficientes? Somos parte da nação que moldou o Brasil, integrantes da pátria verde e amarela com inúmeras culturas e filhos de uma história que atravessa gerações.
Devemos tomar emprestado o exemplo que o historiador Leandro Karnal trouxe durante uma entrevista para refletir sobre o quanto a existência do LGBT+ interfere na vida das famílias brasileiras: “Vendo um beijo gay minha família vai se desmanchar. Já que não posso amar minha mulher no apartamento 18, se no 19 houver um casal gay se beijando, vou ter que me separar dela, é óbvio! Porque havendo um casal gay, eu perco o amor por minha mulher imediatamente e meus filhos fogem de casa e se drogam”. É realmente intrigante que uma parcela da sociedade seja afetada por algo que não tem relação com sua própria vida.
É indispensável falar sobre homofobia e conscientizar a população, levando para as famílias brasileiras o discurso do acolhimento, não o da rejeição. É por meio da informação, da comunicação e do diálogo que a diversidade deixará de ser vista como inimiga e passará a ser compreendida como aliada da evolução. Sejamos mais tolerantes e compreensivos. A presença da homossexualidade é histórica, e a violência contra seu povo também. Portanto, já é hora de escrever novos capítulos para um futuro mais acolhedor.