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Gabriel Maranha

The Last of Us é uma franquia de jogos produzida pela Naughty Dog lançada exclusivamente para os consoles PlayStation. O seu primeiro jogo foi lançado em 2013. O game traz Joel como protagonista no meio de um cenário apocalipse causado por um fungo que transforma os humanos em zumbi, e no momento em que o mundo está conformado com o vírus, surge uma organização conhecida como vaga-lumes no qual apresenta Ellie, uma adolescente de 14 anos que é imune ao vírus, ela se junta ao protagonista para levar a cura mundial e atravessando várias cidades dos Estados Unidos enfrentando os desafios do fim do mundo.

O primeiro jogo da franquia estabelece uma relação de paternidade entre o protagonista e a Ellie. A construção desse relacionamento passa por dificuldades no princípio, assim como toda a relação de uma paternidade adotiva. Crianças adotivas carregam uma certa bagagem histórica, não deixando uma abertura para se conhecer e desenvolver uma relação. Adotar uma criança traz certas dificuldades na questão emocional tanto para a criança quanto para os pais, pois há uma questão de confiança da criança no responsável, pois os pais estão recebendo uma vida para cuidar e proteger.

E na relação de Joel e Ellie há dificuldades: tanto o “pai e a filha” têm medo de se abrir um para o outro e a confiança de Ellie está abalada. Mostra que a base da paternidade adotiva entre os dois é a confiança. A partir do momento em que a confiança entre o responsável e a criança é estabelecida, o caminho fica mais fácil, deixar definido que dependendo do sangue e do DNA a relação entre pai e filho é mostrar que na paternidade que o responsável está à disposição para defender a criança, colocando a filha em primeiro lugar e não se importando com as consequências.

Ter um filho adotivo no ponto de vista de um homem é um peso maior, pois está assumindo a responsabilidade de uma vida desconhecida que provavelmente passou por dificuldades e traumas até chegar o momento de ser adotada. E de acordo com o artigo publicado na revista PubSaúde “Na criação de vínculo, a princípio, se faz presente a falta de confiança, fruto do temor de um novo abandono. Mas, na maior parte dos casos, diante o posicionamento desses novos pais, essa confiança vai se estabelecendo aos poucos”, escrevem os autores.

Mas depois de um tempo e com bastante desenvolvimento, na maioria das vezes estabelecido um vínculo entre pai e filho, Pois de acordo no site do Jusbrasil diz “Que no Brasil esse vínculo é considerado igual ao de pais biológicos perante a lei, pois a filiação Socioafetiva está entre os reconhecimentos jurídicos da maternidade ou paternidade através do afeto”. Dessa forma, o direito permite que um pai ou mãe reconheça a criança como filho, independente do seu vínculo de sangue. Ou seja, sem haver a necessidade do filho ser biológico neste caso.

E a trajetória de um videogame nos envolve e nos ensina a importância de ser um pai, sendo ele de sangue ou não. A paternidade trazida em The Last of Us mostra que a importância de um pai na vida de um filho nos traz confiança e o desenvolvimento da Ellie so acontece por conta do Joel. E ao refletir sobre a paternidade adotiva em The Last of Us, somos lembrados de que o ato de cuidar é muitas vezes uma escolha consciente, uma decisão de proteger e amar independentemente das circunstâncias. O jogo nos convida a repensar a paternidade e a maternidade, mostrando que o verdadeiro significado de criar um filho vai além dos laços genéticos e está profundamente enraizado na capacidade de enfrentar desafios juntos, apoiar um ao outro e encontrar humanidade em um mundo que muitas vezes parece desprovido dela.

O Joel é um personagem fora da realidade, pois na realidade há poucos pais solos que assumem a responsabilidade de adotar uma criança no cenário em que vivemos. É mais normal mães tomarem este ato de coragem em relação a adotar uma criança sozinhas, pois existem alguns casos que transformam a atitude do Joel em um conto de fadas, como por exemplo, o caso que aconteceu em Belém, no qual o Pai adotivo é preso por torturar e matar filho com síndrome de Down (https://diariodopara.com.br/policia/pai-adotivo-e-preso-por-torturar-e-matar-filho-com-sindrome-de-down-em-belem/ ). Não vivemos no Apocalipse, mas existem pessoas mais cruéis que os zumbis retratados no jogo.

Pois a paternidade adotiva é um ato de coragem e quem aceita seguir esta jornada de transformação e de profundo significado emocional precisa estar preparado emocionalmente para assumir o risco de cuidar de uma criança fisicamente e emocionalmente. De acordo com um autor desconhecido, “a paternidade não é uma simples questão de quem cuida, mas de como se cuida e de como se escolhe proteger e amar”. Em última análise, a história de Joel e Ellie é um testemunho do poder redentor da paternidade adotiva e um convite para reconhecer e valorizar os laços que a união construída por amor é mais forte que o sangue.

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