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O sistema educacional de Goiás tem se esforçado para atender a diversidade cultural do estado, com foco na inclusão de crianças, jovens e adultos de origem indígena. Atualmente, a rede estadual atende 315 estudantes indígenas, distribuídos entre escolas regulares e três escolas estaduais indígenas.

Foto: Emerson Silva

Dentre os 315 estudantes, 155 estão matriculados em escolas regulares fora de seus territórios. Nesses ambientes, o apoio de professores intérpretes é fundamental. Esses profissionais auxiliam na tradução da língua portuguesa para as línguas maternas indígenas, garantindo que os alunos compreendam o conteúdo e possam se expressar adequadamente em sala de aula. A iniciativa visa minimizar as barreiras linguísticas e fomentar um ambiente de aprendizado inclusivo.

A inclusão no sistema educacional goiano se fortaleceu no último concurso público, realizado em 2022, que ofertou vagas pioneiras para a contratação de professores de língua materna indígena das etnias Iny/Karajá, Tapuia e Xavante. Esses educadores têm a responsabilidade de atender os estudantes nas escolas regulares e indígenas, promovendo uma educação conectada às realidades culturais de cada etnia.

Em Goiás, existem três escolas estaduais indígenas em funcionamento:

  • Colégio Estadual Indígena Maurehi, em Aruanã;
  • Escola Estadual Indígena Aldeia Avá-Canoeiro, em Minaçu;
  • Colégio Estadual Indígena Cacique José Borges, em Rubiataba.

Nessas unidades, as aulas são ministradas por professores que residem nas aldeias e utilizam tanto as línguas maternas quanto a língua portuguesa. O currículo é diferenciado, incorporando os componentes curriculares da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e aspectos culturais e identitários dos povos atendidos. Ao todo, 160 estudantes estão matriculados nessas escolas.

Recentemente, aproximadamente 130 professores e intérpretes de língua materna indígena participaram do II Encontro Formativo para Professores Indígenas, realizado em Rubiataba. Com o tema “Educação Escolar Indígena – Conquistas e Desafios”, o evento incluiu oficinas e palestras sobre a importância da formação continuada para esses educadores. A atividade contou com a colaboração de entidades como o Fórum Estadual de Educação Escolar Indígena de Goiás (FEEEI/GO), a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação, a Universidade Federal de Goiás (UFG), a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e o Conselho Estadual de Educação (CEE).

Um aluno Xavante da rede estadual de Goiás disse em entrevista: “Acho muito boa essa oportunidade de aprendizado que estou tendo, quero fazer uma faculdade depois de terminar o colégio.” E falando sobre o intercambio cultural: “Os outros alunos sempre me perguntam da minha tribo, das minhas roupas, do meu brinco, eles ficam curiosos sobre a minha cultura e eu gosto de compartilhar isso com eles.”

Foto: Goias.gov

Apesar dos avanços significativos, os desafios ainda são numerosos. A inclusão de estudantes indígenas em escolas regulares requer um esforço contínuo para garantir que as especificidades culturais sejam respeitadas e valorizadas. As ações formativas são essenciais para fortalecer as práticas socioculturais e valorizar as línguas maternas.

A criação do Fórum Estadual de Educação Escolar Indígena de Goiás (FEEEI/GO), em 2022, é um passo importante nessa direção. O fórum tem como objetivos propor e discutir políticas e projetos que valorizem as culturas indígenas e promovam a diversidade étnica, além de formular e executar programas de formação para educadores que atuam na educação escolar indígena.

O futuro da educação indígena em Goiás parece promissor, com iniciativas que buscam não apenas incluir, mas celebrar e respeitar a diversidade cultural. A realização de eventos como os Jogos Estudantis Interculturais da Educação de Goiás, que envolvem alunos indígenas, quilombolas e campesinos, é um exemplo da valorização da interculturalidade e do respeito as identidades étnicas.

Alessandra Almeida, diretora pedagógica da Seduc/GO, enfatiza que “a competição é uma forma de valorizar as especificidades dos estudantes, e quem ganha somos todos nós”. Essa visão reflete um compromisso com a construção de um sistema educacional mais inclusivo e respeitoso, que não apenas reconhece, mas celebra a riqueza cultural dos povos indígenas de Goiás.

À medida que o estado avança em suas políticas educacionais, a esperança é que a educação para os povos indígenas em Goiás continue a se desenvolver, promovendo um espaço de aprendizado que respeite e valorize suas identidades e culturas.

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