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O Dia das Crianças é celebrado em 12 de outubro no Brasil, a data também simboliza a necessidade e importância dos cuidados que toda criança em nossa sociedade merece. Nesta data muitos pequenos celebram com presentes e festas, mas para aqueles em abrigos, é um momento de reflexão e esperança.
Abrigos ou orfanatos são instituições responsáveis por zelar pela integridade física e emocional de crianças e adolescentes que tiveram seus direitos desatendidos ou violados, seja por uma situação de abandono social, seja pelo risco pessoal a que foram expostos pela negligência de seus responsáveis.
Essas instituições possuem alguns objetivos: dentre eles estão acolher e garantir proteção integral; prevenir o agravamento de situações de violência, ruptura de vínculos ou vulnerabilidade; restabelecer vínculos familiares e possibilitar a convivência comunitária.
No estado de Goiás foi criado um programa chamado “família acolhedora” que é uma iniciativa do governo que organiza o acolhimento, em residências de famílias cadastradas, de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar por meio de medidas protetivas estabelecidas pelo Poder Judiciário.
As famílias acolhedoras selecionadas são preparadas e acompanhadas por uma equipe de profissionais para receber crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, até que possam retornar para sua família de origem ou, quando isso não é possível, encaminhadas para adoção.
As igrejas sempre fizeram parte deste movimento, que não está em levar somente roupas, calçados ou brinquedos, mas principalmente esperança e alegria através da palavra de Deus, para crianças que muitas vezes não veem mais sentido na vida devido a situações vivenciadas.
Acsa Bessa, cristã e voluntária do Instituto Eunice Weaver, que faz parte do grupo Videira, conta como é o dia a dia das crianças, em que situação chegam e qual o sentimento dela como voluntária.
” As crianças fazem o devocional [momento em que se tira um tempo para ler a palavra de Jesus, ter um estudo mais aprofundado ] às sete horas, daí sete e quinze acontece o lanche e eles vão para as escolas, sejam integrais ou não, as que não são, eles almoçam no instituto e após isso a recreação (manhã e à tarde), mais recreação, hora da TV e na sexta os meninos tem futebol”
Comenta também “Não quero que seja somente um dia da alegria, se não seria somente para ferir o meu ego. Quero ir lá e fazer algo especial, sei que os sapatos são precários então quero dar um sapato para cada uma ir estudar, quero fazer também garrafinhas personalizadas para levarem para a escola.”
“Tem o caso da Ester de 6 anos, a mãe dela colocou fogo com a menina dentro de casa. Ela sonha em ser modelo e já sabe fazer até a própria maquiagem”.
Apenas em Goiás, há 720 crianças acolhidas. Destas, 88 encontram-se disponíveis para adoção, conforme dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), atualizados em tempo real. Em contrapartida, há 1.049 pretendentes habilitados para adoção no estado (em média 12 interessados por criança).
Por trás do desejo de adotar, existe, também, uma grande burocracia que envolve os trâmites necessários para adoção. De acordo com um relatório do CNJ, foram realizadas, de 2020 a 2023, 238 adoções em Goiás, uma média de 79 adoções por ano e 6,5 por mês, de acordo com uma notícia da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (ALEGO).
Para adotar uma criança a família adotiva precisa passar por muitos processos, segundo a analista judiciária Maria de Lourdes Ferreira Amaral, após se tornar apto para o processo de adoção, o interessado deve aguardar a disponibilização, que dura em torno de oito a dez anos.
Ela destaca que crianças acolhidas só ficam disponíveis para adoção após descartadas todas as possibilidades de reintegração familiar, um processo que, segundo Amaral, leva cerca de três anos. “A Justiça busca todas as possibilidades. Procura os avós, tios e outros familiares. Enquanto todos não são descartados, o menor não é disponibilizado para a adoção.”
Outro fato que a profissional comenta são as exigências de quem deseja adotar, visto que, ao se cadastrar no sistema, o interessado tem a opção de escolha por gênero, idade, raça, dentre outros requisitos, como aceitação de crianças com deficiência ou problemas de saúde, grupos de irmãos, dentre outras opções. A maioria das pessoas busca, de acordo com a analista judiciária, crianças com até 6 anos de idade ou com etnias específicas, como mostra o gráfico logo abaixo
Acsa Bessa e Thais Costa criaram há pouco tempo o projeto “spreading love 💚“ ou em português “espalhando amor”, que tem como objetivo levar tanto coisas materiais sendo brinquedos, calçados, roupas e alimentos para abrigos quanto não materiais como amor, esperança, alegria e apresentar o Senhor para quem não o conhece.
O projeto não é voltado apenas para quem é cristão, mas para aqueles que estão dispostos a ajudar vidas e que apoiam a causa maior, que é compartilhar sentimentos positivos com as pessoas.
Uma das maneiras de contribuir com a iniciativa é pelo Instagram, doando bens materiais, ofertando valores, compartilhando ou se juntando ao voluntariado.