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Micael da Silva Moura

O documentário A Vítima Invisível: O Caso Eliza Samudio , lançado recentemente pela Netflix, revisita um dos casos de feminicídio mais chocantes do Brasil. Em 2010, uma jovem modelo foi assassinada, e seu corpo jamais foi encontrado. O crime envolveu o goleiro Bruno, então uma estrela em ascensão, e outras sete pessoas, e o caso teve repercussão nacional. A obra busca não apenas reconstituir os fatos, mas também dar voz a Eliza, cujas imagens e denúncias foram distorcidas e subestimadas.

Um dos aspectos mais marcantes do documentário são as gravações originais de Eliza, realizadas antes de sua morte, nas quais ela relata as ameaças e a pressão que sofria. Nessa gravação, Eliza expressa seu medo pela própria vida e faz apelos por ajuda, mencionando diretamente Bruno e as tentativas de intimidação que partiam dele e de pessoas próximas. Esses áudios são um dos recursos mais potentes do filme, pois permitem ao público sentir, de maneira visceral, o desespero de uma mulher que tenta incansavelmente buscar proteção. Essa abordagem faz do documentário mais do que um registro histórico: ele se torna um grito de alerta sobre a urgência de ouvir e dar atenção às denúncias de violência contra mulheres.

O filme também explora a relevância atual do caso, traçando paralelos com situações semelhantes que envolveram figuras públicas, como as denúncias de estupro contra o jogador Daniel Alves e as reportagens de Robinho. A diretora critica a forma como Eliza foi tratada pela mídia e pela opinião pública, que, após seu relacionamento com Bruno se tornar público, e especialmente nos meses anteriores à sua morte, a retratam de maneira superficial e sensacionalista. Suas denúncias de violência e agressão foram frequentemente vistas com desconfiança, e Eliza foi julgada, muitas vezes, mais pelas suas escolhas pessoais do que pelas ameaças graves que sofria.

Em resumo, A Vítima Invisível é um documentário necessário e impactante, que revisita o caso Eliza Samudio com sensibilidade e urgência. A produção destaca não apenas o desenvolvimento brutal de uma vida jovem, mas também denuncia o tratamento negligente dado a muitas vítimas de violência. É uma obra que aponta para uma sociedade que ainda precisa evoluir muito no combate ao feminicídio e na forma como escuta e valoriza as vozes das mulheres.

“Primeiramente, gostaria de dizer que os documentários brasileiros, em geral, são bem produzidos. Mas este não. Como documentário, é notável o bom trabalho na pesquisa, entrevistas e apresentação dos entrevistados. Mas tudo se perde com o ritmo da narrativa, com a trilha sonora ruim e as dramatizações fracas, que carecem do menor cuidado. A edição é decente, mas nada que mereça uma análise mais aprofundada. Como entretenimento, o documentário se arrasta, me peguei vendo quanto tempo faltava para terminar quando ainda estava na metade. O ritmo lento, aliado a uma trilha sonora claramente personalizada para trabalhar a percepção do espectador, assim como quebras ocasionais de ritmo para passar uma mensagem ideológica causaram estranhezas que atrapalharam a experiência e quebraram a imersão. No final fiquei decepcionado, esperava um ótimo documentário sobre um dos crimes mais notórios e televisionados do Brasil. E tudo o que assisti foi uma produção amadora, com mais pontos baixos do que altos e travestida de uma produção de grande porte.” diz um comentário no site IMDB.

Um caso semelhante ao de Eliza Samudio é o de Mércia Nakashima, advogada paulista assassinada em maio de 2010 por seu ex-namorado, Mizael Bispo de Souza, que era policial militar e advogado. Mércia desapareceu após se encontrar com Mizael, e seu corpo foi encontrado em uma represa dias depois. A perícia revelou que ela foi baleada e morreu afogada.

Inconformado com o fim do relacionamento, Mizael foi considerado o responsável pelo crime e, em 2013, condenado a 20 anos de prisão. O caso envolveu grande comoção pública e trouxe à tona discussões sobre violência de gênero, abuso de poder e a necessidade de melhorar a proteção para mulheres que enfrentam ameaças.

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