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É dia de fazer mercado, ou seja, dia de gastar mais uma parte – uma grande parte – da bolsa que recebo do estágio.
Entrar em um supermercado é como pisar em um palco no qual os produtos dançam ao som da economia. E quem rege a orquestra do mercado é o preço, que um dia me entrega ótimas promoções, mas em outros, me derruba com os aumentos repentinos.
Cada ida ao supermercado é um espetáculo, mas quase sempre esse espetáculo não é digno de aplausos.
No início do ano, as lindas frutas exóticas que tiveram seu palco nas festas de fim de ano perdem seu charme e seus preços. O que antes era luxo, virou qualquer coisa. O arroz, no entanto… esse mantém seu preço como um bom personagem principal que nunca sai de cena. Mas às vezes o preço pula também.
Os outros meses também sempre trazem uma surpresa – não necessariamente agradável – como o tomate ganhando holofote com o preço do quilograma (Kg) lá em cima.
Se for olhar para outras coisas, ops, não é só o tomate que está caro, é a salada inteira. E nesse momento, me pego pensando se comer salada é realmente necessário ou eu posso substituir por alguma coisa mais barata e talvez nem tão saudável.
O inverno chega e eu sei que o supermercado vai preparar uma “gentileza” para os clientes: desconto em achocolatado para chocolate quente. Mas os queijos e vinhos ganham o holofote de preço mais alto. E o inverno traz uma discussão importante entre satisfazer o meu desejo ou proteger meu orçamento.
E quando chega dezembro?
Quando ele chega eu já tenho que estar preparado para o grande show: preços altíssimos que ganham até destaque na TV
Eu sei que a variação do preço ao longo do ano tem a ver com o clima, a economia global, a sazonalidade e outras coisas. Mas, enquanto passo os produtos pelo caixa e vejo o preço total, tudo isso parece desculpinha para fazer gastar mais.
Só consigo pensar no desafio de conseguir manter o orçamento e, mesmo assim, colocar comida na mesa.
No fim, sair do supermercado me deixa com a sensação de ter assistido a uma ópera. Só que, ao invés de aplausos, o que me espera é mais um gasto para calcular.
Mesmo assim, eu volto. Porque, no fundo, o espetáculo nunca acaba e eu ainda preciso me alimentar para sobreviver.