A mãe que não sou

Não sou e nem sinto que serei uma
nov 28, 2024 ,
Tempo de leitura: 2 min

Imagine uma criança de no máximo quatro anos sentada no chão de um supermercado, se entretendo com pacotes coloridos na fila do caixa. Sem barulhos, birras, esse menino não estava nem mesmo fazendo desordem com as embalagens. A mãe dele mexia no celular, esperando sua vez na fila.

É tão difícil encontrar crianças comportadas que tirei um tempo para admirar, até refleti o quanto eu desejo ser mãe de um garotinho quieto e fofo.

Então de repente, uma mulher se aproxima do menino e desfere um tapa na cabeça, o puxando brutalmente pelos braços para se levantar, dando mais algumas palmadas nas costas que, sinceramente, doeria em mim.
Senti raiva, pois de alguma forma — me chame de louca se quiser — já adotei aquele menino como meu filho.

Olhei feio para aquela mulher até ela abandonar o mercado e sumir das minhas vistas. Oras, o menino não fazia nada de errado, não havia motivos para aquela violência. No caminho de volta eu ainda pensava, “se eu tivesse um filho nunca descontaria minha raiva nele”, pois esteve claro que era aquilo que a mulher fez.

Mas, fica entre nós, não acho que serei mãe, e por isso me gera revolta ver alguém que não sabe cuidar de uma criança. É uma intuição, algo me diz no fundo da minha mente que não vou ser agraciada com um filho biológico, e de certa forma está tudo bem.

Mas não acho que eu consiga lidar com pessoas que não sabem cuidar de crianças, que não se esforçam para compreender e amar aquelas criaturas que estão aprendendo o que é ser um humano.

Pensa comigo, se as crianças são o futuro de país, de que adianta se elas vão crescer cercadas de traumas, causados pelos pais e parentes mais próximos? De que adianta se elas não vão saber o que é ser acolhida, pois apanhavam sem nem saber o motivo? Umas palmadas parecem nada, mas até hoje você leitor se lembra da surra que você levou naquele dia…você sabe de qual estou falando.

Tenho comigo que sou infértil, é pura intuição, me deixa triste mas acho que é o melhor. Afinal, eu me conheço, e sei que em um momento de estresse eu poderia ser igual aquela mãe um dia, e eu nunca me perdoaria.

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