- A rotina do cansaço - 28 de novembro de 2024
- “Feios” e a Ditadura da Perfeição: Resenha Crítica do filme - 7 de novembro de 2024
- Festival Vaca Amarela apresentou sua 23° edição, em Goiânia - 3 de outubro de 2024
Com apenas 19 anos, acordo antes do despertador, como sempre. O corpo está pesado e a mente já cansada, como se eu tivesse trabalhado a noite toda. O relógio marca 7h da manhã, mas parece que a noite passou em branco. O café não tem gosto, mas é a única coisa que me mantém funcionando. Coloco o uniforme e o pensamento logo surge: Mais um dia… O dia de hoje será igual ao de ontem, igual ao de amanhã.
O trânsito no caminho para o trabalho é o de sempre, e o caminho parece uma rotina automática. Eu não vejo a hora de chegar ao shopping, mas sei que isso vai significar mais horas em pé, mais clientes, mais tarefas.
Chego e logo sinto aquele peso no estômago, não sei se é fome ou a tensão do que está por vir. Mas não posso pensar nisso agora. O trabalho começa, e o ritmo não diminui. Atendo clientes, arrumo, faço o que me pedem, mas minha mente está longe. Eu deveria estar estudando agora, Meus amigos me chamam para sair, mas não tenho tempo, A faculdade está cada vez mais distante.
Minhas costas começam a doer, as pernas ficam pesadas, e o rosto se esforça para manter aquele sorriso que os clientes esperam. Cada movimento, cada tarefa parece um esforço maior que o anterior. Será que algum dia vou conseguir organizar minha vida? Como vou dar conta de tudo?
Eu tento me concentrar no trabalho, mas o cansaço mental já toma conta. Penso no quanto estou deixando de viver para estar ali. O relógio, sempre lento, marca 12h30, e o intervalo para o almoço é quase sem gosto, só um intervalo entre os turnos.
Chega o fim do expediente, e a sensação de alívio é imediata, mas também acompanhada de uma culpa insuportável. Eu poderia ter dado mais de mim, Eu poderia ter estudado, Estou deixando tanta coisa para trás. O trabalho me consome e me impede de respirar. Eu só quero chegar em casa, mas até o caminho de volta é exaustivo. O trânsito, as ruas, os carros… tudo parece igual, tudo parece uma repetição interminável. Eu não sei mais se o tempo está passando ou se estou preso em uma rotina sem fim.
Chego em casa e, nem a comida tem sabor. Me jogo na cama, e a única coisa que desejo é um pouco de descanso. Mas, sei que, amanhã, a rotina será a mesma. O cansaço, a preocupação, a saúde que vai se esvaindo.
Só espero conseguir aguentar. Mas, pelo menos, tenho uma folga na semana.