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Guilherme Silva
Mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika vírus e chikungunya (imagem: Pixabay)

A dengue tem sido uma constante preocupação em Goiás, com oscilações significativas nos casos ao longo dos últimos anos, evidenciando o efeito das mudanças climáticas, sorotipos predominantes e campanhas contra a enfermidade. Em 2022, o estado experimentou um crescimento notável no número de casos, atingindo picos de mais de 328 mil notificações, considerado um ano epidêmico. Por outro lado, 2024 segue superando 2022 e 2023 em casos confirmados e notificados conforme o gráfico abaixo de acordo com o último Boletim Epidemiológico das Arboviroses.

Evolução dos Casos e Sorotipos

Conforme o Boletim Epidemiológico publicado pela Secretaria de Estado da Saúde, (SES-GO) nos municípios de Goiânia, Pontalina, Sanclerlândia, Firminópolis, Goiatuba, Anápolis e São Luís de Montes Belos, foram identificadas circulação dos sorotipos 1, 2 e 4. A Secretaria confirma dois casos de sorotipos 3 no município de Goiatuba e Rio Verde. O município de Goiatuba é o único que tem a circulação viral dos quatro sorotipos simultâneos. Estes dados representam uma amostragem da ampla distribuição viral pelo Estado.

Óbitos e Grupos de Risco

Em Goiás, segundo dados oficiais da Secretaria de Estado da Saúde, (SES-GO) até a Semana Epidemiológica 47, foram notificados 420.270 casos de dengue. No mesmo período de avaliação de 2023, houve um total de 109.463. Uma diferença de 283,94%. As campanhas de vacinação continuam priorizando crianças e adolescentes como grupos prioritários.

Conforme o gráfico a seguir, podemos analisar e comparar as mortes causadas pela dengue no período de 2015 a 2024.

Medidas de Combate

Em 2024, começou uma extensa campanha de imunização com a vacina tetravalente Qdenga, direcionada a crianças de 10 a 14 anos, com o objetivo de diminuir internações e óbitos. A participação continua sendo um obstáculo, com apenas 48% das doses disponibilizadas sendo administradas até março. Ademais, têm sido implementadas estratégias como a distribuição de larvicidas biológicos e a capacitação de agentes de saúde com o objetivo de aprimorar a prevenção.

Uma outra forma de combate à proliferação do Aedes aegypti é a Técnica das Estações Disseminadoras de Larvicidas, desenvolvida pela Fiocruz.

Como funciona?

As estações disseminadoras empregam a fêmea do mosquito para espalhar larvicida, o que impede a multiplicação dos focos do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya, por exemplo. A armadilha atrai as fêmeas do Aedes aegypti para colocar ovos e ao pousar elas se impregnam com o larvicida presente nas estações. Essas fêmeas, impregnadas com larvicida, ao visitarem outros criadouros acabam contaminando outros recipientes com o inseticida, o que impede o desenvolvimento das larvas e pupas, reduzindo a infestação e, por conseguinte, o avanço da doença.

A meta do Ministério da Saúde é expandir a tecnologia para todo o território nacional, que usa água em um recipiente plástico de dois litros revestido com um tecido sintético carregado de larvicida.

Futuros Desafios

Apesar da vacinação representar um progresso, a sensibilização da população acerca de ações preventivas, como a prevenção do acúmulo de água estagnada, continua sendo crucial. É também uma prioridade para o estado intensificar a vigilância epidemiológica e expandir o acesso ao tratamento em regiões isoladas.

Como manter o mosquito Aedes aegypti longe de você?

O ministério da Saúde reforça à população as instruções de como cuidar do ambiente para evitar focos do mosquito.

Limpe seu quintal: Recolha o lixo, varra a água parada, lave as calhas e a laje, e mantenha as lixeiras tampadas.

Evite o acúmulo de água: Tampe caixas d’água, tonéis, barris, piscinas, e outros reservatórios de água. Não deixe água acumulada em pneus, latas, garrafas vazias, ou vasos de plantas.

Mantenha limpos utensílios: Lave os utensílios que guardam água, como jarras, garrafas e potes. Lave e troque a água dos bebedouros de animais e aves.

Descarte pneus velhos: Entregue pneus velhos ao serviço de limpeza urbana ou guarde-os em local coberto.

Use repelente: Use repelente como medida extra de proteção.

Receba os agentes de saúde: Permita o acesso de agentes de controle de zoonoses em sua residência.

Muitas pessoas rejeitam as visitas dos agentes de combate à dengue por medo e desinformação. Entenda como assegurar que o indivíduo que bate à sua porta é realmente um profissional da área da saúde.

Segundo o presidente da Fenasce (Federação Nacional Dos Agentes de Saúde e Endemias), é obrigatório que todos os agentes de combate a endemias estejam devidamente uniformizados e com um crachá de identificação. No entanto, a principal orientação é entrar em contato com a Unidade de Vigilância em Saúde do seu bairro e confirmar a identidade do agente.

De acordo com Luís Cláudio, é importante prestar atenção às campanhas realizadas na sua área. Normalmente, os profissionais de controle de endemias trabalham em mutirões em um período determinado, razão pela qual a equipe fica conhecida no bairro.

Os agentes nunca podem entrar na casa sozinhos. Eles precisam estar constantemente acompanhados pela pessoa que os acolheu. Se, por algum motivo, ela não puder comparecer, eles cancelam a visita e agendam uma nova data. Isso é uma questão de segurança e também de estratégia, pois é crucial que o residente perceba se está agindo corretamente ou incorretamente.

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