Tempo de leitura: 5 min
Letícia Marques

Nos últimos anos, o Brasil apresenta uma realidade preocupante com o número de brasileiros leitores diminuindo a cada ano. O hábito da leitura está se tornando distante para uma grande parcela da população.

Segundo a 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil do Instituto Pró-Livro (IPL), divulgada em novembro deste ano, o país está enfrentando um declínio na taxa de leitura e pela primeira vez na história da pesquisa que existe desde 2007, o número de não leitores superou o de leitores.

Retratos da Leitura no Brasil

Cerca de 5.504 brasileiros e brasileiras, alfabetizados ou não, participaram da pesquisa em 208 municípios e todos os entrevistados tinham mais de 5 anos de idade.

Durante o estudo, as pessoas foram separadas em dois grupos: os Leitores, que ficou com percentual de 47% e são aqueles que leram um livro inteiro ou pelo menos uma parte dele nos últimos 3 meses, seja ele físico ou digital. E o outro grupo foram os Não Leitores, com percentual de 53%, são aqueles que não leram nenhum livro, nem parte dele, nos últimos 3 meses. 

Créditos: Retratos da Leitura no Brasil

Além da queda geral da quantidade geral de leitores, foi registrado uma queda significativa em outros âmbitos da pesquisa também, como: a quantidade de livros inteiros lidos; partes de livros lidas; leitura por indicação da escola; leitura por interesse próprio; e a quantidades de leitores da Bíblia Sagrada, que é considerado o livro mais lido do mundo.

Diferença dos números de 2019 a 2024

Quando considerado o recorte por escolaridade foi apontado que todos os níveis diminuíram a quantidade de leitura de 2019 a 2024, tanto estudantes do Fundamental I, Fundamental II, Ensino Médio e Ensino Superior.

Créditos: Retratos da Leitura no Brasil

Por gênero e idade, ou classe e renda familiar, os resultados são quase os mesmos: houve uma queda generalizada nas leituras. Homens e mulheres leram menos nos últimos 4 anos, e, na porcentagem de idades, não houve nenhum aumento, porém, crianças entre 11 e 13 continuam lendo a mesma quantidade que em 2019.

No percentual de leitores por região, o Centro-Oeste foi a única região que apresentou um crescimento da quantidade de leitores, passando de 46% para 47%. Já a região Norte apresentou a maior queda, saindo de 63% para 48%.

Créditos: Retratos da Leitura no Brasil

Entre todos os entrevistados para a pesquisa de 2024, a média de livros inteiros lidos nos três meses anterior ao estudo foi de 0,82%. Número menor que em 2019 (1,05) e 2015 (1,06).

Aumento do uso de internet, falta de hábito de leitura

Em 2023, a pesquisa Panorama do Consumo de Livros mostrou que cerca de 84% da população brasileira acima dos 18 anos não comprou nenhum livro nos últimos 12 meses, isto mostra que uma grande parte das pessoas tem pouco ou nenhum hábito de leitura.

Diversos fatores podem explicar essa realidade no Brasil, como a falta de estímulo á leitura desde a infância sem ser através da escola, a ausência de políticas públicas que sejam eficazes e incentivem esse hábito, além da concorrência com a internet e as mídias sociais que ocupam muitas horas na vida das pessoas.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2023, 88% das pessoas com 10 anos ou mais acessaram a Internet, sendo que 98,8% desses brasileiros utilizavam a rede pelo celular. Em comparação com 2019, a proporção era de 79,5%, e em 2016, de 66,1%. Ou seja, num período curto de tempo, houve um crescimento grande pela facilitação do acesso à internet que aumenta cada vez mais.

Um estudo do portal Electronics Hub mostra que o Brasil ficou em segundo lugar entre os países que passam mais tempo acordados em frente a uma tela, uma média de 9 horas e 13 minutos de visualização média por dia. Quando considerou apenas as mídias sociais, o país ficou novamente em segundo com 3 horas e 37 minutos de uso.

O LabNotícias conversou com Camila Souza, uma leitora assídua, sobre como ela percebe esse fato de os leitores serem minoria no Brasil e como ela acha que essa situação poderia ser revertida, além de incentivar as pessoas a lerem mais.

“O uso exagerado do celular e das redes sociais atrapalha tanto o físico, quanto o intelecto. E isso faz com que nós brasileiros não consigamos mais apreciar um filme sem estar no celular, quem dirá um livro. Então, os livros estão sendo deixados de lado por conta disso, acredito. Por conta da tecnologia e o uso exagerado de telas.

Acho que as escolas sempre terem bibliotecas (é um incentivo), na cidade que moro por exemplo não tem (Perolândia, interior de Goiás), muito menos existe uma biblioteca municipal que ajudaria no hábito. A diminuição de impostos sobre os livros, campanhas, na internet até temos campanhas sobre os livros, mas ainda acho muito pouco, talvez incentivar mais na infância, seria o caso (de melhorar essa situação atual do Brasil). “

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *