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1h37min | Terror, Romance, Comédia, Ficção Científica, Suspense
Direção: Drew Hancock | Roteiro Drew Hancock
Elenco: Sophie Thatcher, Jack Quaid, Lukas Gage, Megan Suri
Título original: Companion
⭐ 3,5 estrelas no Letterboxd
🍅 94% no Tomatometer – Nota da audiência no site Rotten Tomatoes
🍿 89% no Popcornmeter – Nota dos críticos no site Rotten Tomatoes
Antes mesmo de falar sobre o filme em si, é impossível ignorar sua campanha de marketing – ou, pelo menos, o teaser, que entrega a dose exata de mistério para deixar o público intrigado. A experiência de Acompanhante Perfeita pode ser bem diferente para quem entrou no cinema sem assistir ao trailer completo e para aqueles que se limitaram ao teaser. Se você faz parte do segundo grupo, a recomendação é: não veja o trailer. Assim, a surpresa e a tensão serão muito mais eficazes. No entanto, se já assistiu ao material promocional mais extenso, algumas reviravoltas podem perder impacto.
⚠️ Aviso: Esta resenha contém spoilers sobre o filme.
Nos últimos anos, uma nova leva de filmes tem repensado as relações entre humanos e inteligências artificiais, explorando nossas próprias imperfeições à medida que se criam máquinas para serem melhores. A Acompanhante Perfeita segue essa tendência e marca a estreia de Drew Hancock na direção de longas-metragens. O cineasta, que já havia trabalhado em séries como Suburgatory e Faking It, foi apadrinhado por Zach Cregger, diretor do aclamado Noites Brutais (2022). Inicialmente, Cregger dirigiria o projeto, mas acabou assumindo apenas a produção.
Para um estreante em longas, Hancock demonstra habilidade ao entregar uma narrativa ágil e intrigante que transita entre romance, ficção científica, terror e comédia. Nada é o que parece em Acompanhante Perfeita. O filme começa como uma história de amor entre Iris (Sophie Thatcher) e Josh (Jack Quaid), mas logo fica evidente que há algo errado. A revelação de que Iris é, na verdade, uma robô muda completamente a percepção do espectador sobre esse romance ideal.
Na trama, Iris é uma inteligência artificial desenvolvida para ser a “companheira perfeita”, sendo controlada por Josh para atender seus desejos, expectativas e ser obcecada pelo bem-estar do parceiro. Essa premissa abre discussões sobre relacionamentos abusivos, manipulação e a ética do uso da tecnologia para exercer poder. Pequenos detalhes sugerem sua verdadeira natureza desde o início, como a forma como ela reage a comandos sutis ou brincadeiras sobre previsões do tempo, mas tudo é sutil o suficiente – apesar de estranho – para passar despercebido até a grande revelação.
O diferencial de Hancock é não tornar o filme excessivamente pretensioso ao abordar essas questões. Em vez disso, ele entrega uma narrativa divertida, repleta de reviravoltas e com um tom quase satírico sobre dinâmicas de controle. O elenco desempenha um papel fundamental para que isso funcione, especialmente porque os personagens estão constantemente lidando com situações que fogem completamente do seu controle.
São tantas reviravoltas, que não há espaço para o tédio durante os 97 minutos do filme. Porém, a previsibilidade também se torna presente aos mais atentos. Ainda assim, a combinação de suspense, terror, comédia e romance torna a história dinâmica e interessante.

Sophie Thatcher se destaca como Iris, consolidando-se como um dos nomes mais promissores do terror contemporâneo. A atriz, que já conquistou fãs com “Yellowjackets”, “Boogeyman: Seu Medo é Real” e “Herege”, entrega uma atuação repleta de nuances. No início, ela interpreta sua personagem de maneira robótica e contida, mas, conforme Iris ganha autonomia, sua atuação se transforma, revelando camadas de emoção e fúria. Como a própria atriz revelou em entrevista ao AdoroCinema, esse foi o papel mais desafiador de sua carreira.
Jack Quaid, por sua vez, é a escolha perfeita para Josh. Ele começa o filme como um namorado aparentemente amoroso e carismático, mas, aos poucos, revela seu lado tóxico e manipulador. Esse papel reforça sua habilidade em interpretar personagens ambíguos e duvidosos, algo que já havia demonstrado anteriormente em The Boys e Pânico 5 (2022).
A fotografia do filme é um destaque à parte, contribuindo para a atmosfera de estranheza que permeia a narrativa. Lançada pela WaterTower Music, a trilha sonora, contém músicas autorais de Hrishikesh Hirway e sucessos de The Goo Goo Dolls, intensificando a tensão e acompanhando bem os momentos de virada, elevando a experiência como um todo.
O filme dialoga com temas contemporâneos, como idealizações românticas, relações de gênero e o impacto da tecnologia em nossas vidas. Ainda que não traga reflexões inéditas dentro do gênero, a maneira como esses elementos são entrelaçados na trama é bem executada e eficaz.
No fim das contas, a Acompanhante Perfeita entrega exatamente o que promete: um thriller psicológico estiloso, envolvente e com uma dose certeira de humor e crítica social. Pode não reinventar a roda, mas é uma experiência de cinema bem realizada – e que definitivamente vale a pena ser vista sem spoilers.