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Luisa Medeiros
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Uma vez, vi um vídeo sobre a regra dos cinco segundos. De início, imaginei o que todos imaginariam: depois que a comida cai no chão, você tem cinco segundos para pegar e ainda poder comer. Mas, o vídeo era diferente. A tal regra dos cinco segundos, na verdade, falava sobre, ao acordar, contar até cinco e imediatamente levantar da cama, assim, você não corre o risco de ficar enrolado e pegar no sono de novo. Bom, isso funciona.

É engraçado pensar que algo que ouvimos alguém falar – e outras pessoas concordarem – rapidamente se torna uma verdade que levamos para o resto da vida, como a “original” regra dos cinco segundos.

Não há uma única prova científica de que, em cinco segundos, nenhuma contaminação é capaz de chegar no pedaço de pão que deixamos cair no chão, e nem faria sentido. Como analisar a velocidade de microorganismos? Nem a física, com Vm = ΔS/Δt, saberia essa resposta. Ainda assim, até hoje, a regra permanece como uma aceitação social de que ninguém vai te olhar feio recuperando aquele pãozinho e pondo na boca (é só dar uma assopradinha que os germes saem voando).

Quantas regras foram inventadas a partir de achismos infundados? E em quantas delas ainda acreditamos? Isso é impossível saber, mas sei que muitas nos confortam. O que seria da vida sem algumas mentirinhas convenientes?

Assim como na versão sobre alimentos, não há comprovação de que, levantando-se em cinco segundos, seu corpo resista à vontade de se jogar debaixo dos lençóis de novo. Mas eu juro que funciona. Assim como juro que em cinco segundos nenhuma bactéria chegou na minha comida. E que se arrancar um fio de cabelo branco, nascem dois no lugar. E, também, que usamos só 10% do cérebro. E muito mais.

No fim das contas, acreditar nisso torna tudo mais fácil – e, às vezes, mais divertido. Talvez a vida seja isso: um conjunto de regras duvidosas que escolhemos acreditar. E, se nos ajudam a seguir em frente, quem se importa com a ciência?

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