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SAMANTA SILVA DO NASCIMENTO
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Outro dia, numa pausa do trabalho, enquanto fingia que meu café ainda estava quente, abri o LinkedIn e mais uma vez me deparei com um post sobre “a geração preguiçosa”. Suspirei. Já imaginava o que viria depois. Era uma moça fazendo uma reflexão sobre a geração Z e o mercado de trabalho, onde a discussão girava em torno sobre como os jovens de hoje são preguiçosos e não querem trabalhar, e que não temos planos para o futuro, muito menos de carreira. 

No mesmo momento me peguei rindo sozinha. Não de deboche, mas aquele riso triste, de quem já conhece essa velha história e até mesmo já se familiarizou com ela. Somos uma geração que desde sempre escutamos que para conquistar o tão sonhado emprego é necessário dar duro, ter vários cursos, falar vários idiomas, ter mil e uma utilidades. E de repente somos bombardeados por todos os lados sobre a gente não querer trabalhar e sermos um bando de preguiçosos. 

Fala sério, não é que não queremos trabalhar, muito pelo contrário. Queremos sim, contudo nós sabemos o devido valor do nosso serviço, o fato de que sabemos que trabalhar em uma escala 6×1 é desumano, não nos torna vagabundos. Queremos mais do que um emprego que pague menos que um salário mínimo, sem nenhum benefício e ainda correndo o risco de sofrer humilhações. Buscamos algo que nos dê dignidade e acima de tudo mantenha nossa saúde mental. Sabemos que empregos que não garantam nossos direitos não são sinônimo de sucesso – é exploração. 

Procuramos sobrevivência, mas acima de tudo algo que nos dê sentido. Se para muitos isso é um capricho e coisa de gente preguiçosa, talvez o problema nunca esteve em nossa geração, mas sim no modelo de trabalho que nos vendem como o único caminho. 

O mais irônico disso tudo é que sempre estamos trabalhando por aí, podem não notar mas estamos. Inovamos, criamos, fazemos blogs, editamos vídeos, procuramos pautas, aprendemos design do zero sozinhos, viramos social media de empresas, amigos, familiares. E nada disso conta. Só nós, que estamos na mesma correria, conseguimos enxergar.

E assim seguimos trocando de ideias entre nós, buscando nossas próprias formas de driblar esse jogo, e resistindo  aos eternos “na minha época não era assim”  e “é assim que sempre foi”.

Mas será mesmo? 

Fica aí a reflexão. Espero que, um dia, ao invés de sermos a “geração preguiçosa”, eles percebam que só estamos tentando encerrar um ciclo – um ciclo que, para falar a verdade, nunca foi feito para nós.

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