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Era domingo de dia dos pais, ou seja, o dia ideal pra ver um jogo de futebol!

Não tinha nenhum clássico passando na TV, mas era a estreia do último campeão do Campeonato Goiano Feminino, o Aliança Goiás, claro que eu não ia perder!

A bola começou a rolar exatamente às 15h36, seis minutos após o horário previsto da partida o apito soa. Sentada no morrinho consigo escutar os gritos das equipes, mas o que me chama atenção é a conversa que rola ao meu lado.

“Ou, qual é o nome do outro time mesmo?”
“Abecat”, respondeu a menina.
“ABACATE?”, o homem fala com dúvida.

Engraçado que quem estava jogando de verde era o Goiás, que botava pressão na equipe da cidade de Ouvidor. Todas as atletas do Abecat estavam no seu campo de defesa, sofrendo pras esmeraldinas que chegavam cada vez mais perto de marcar o primeiro

“GOOOOLLL!”

Era família gritando, a equipe se abraçando com a felicidade de ver o Aliança na frente e no fundo dava para escutar o hino da equipe do estado:

“OLHA A PAMONHA, PAMONHA PURA E SABOROSA, PAMONHA DE SAL, PAMONHA DE QUEIJO, PAMONHA APIMENTADA!”

Assim que o carro da pamonha virava a esquina, o juiz apita recomeçando a partida. Agora o Abecat começa a se defender, igual o menininho que se jogava no chão para não deixar seu novo amigo Pedro marcar um gol nele. O garoto segura a bola e defende o ataque, diferente da goleira do Abecat que sofreu mais um gol.

O jogo continua e o Aliança marcou mais três gols, o homem da comissão técnica já tinha jogado uma garrafa d’água no chão, o que fez o quarto árbitro lembrar que aos 30 minutos precisava fazer a parada técnica.

“Sabia que são 6 substituições com 3 paradas?”
“Ixi, se eu tivesse no banco eu não queria entrar em campo perdendo assim não!”

Mas a discussão do casal para ao ver o sexto gol da partida, todos do Aliança.

No intervalo um homem sai para comprar uma coca gelada, pena ele foi antes de escutar uma mulher falando para ver se o refrigerante foi fabricado em Anápolis, já que estava com gosto de vencido.

Mas mesmo no intervalo a bola não parou, João e Pedro continuavam firmes na sua disputa de quem fazia mais gols.

“Se eu não acertar esse gol eu não me chamo João!”

O loirinho chuta a bola que rola até Pedro, o menino se joga no chão e segura a bola, impedindo o gol.

O menino, agora sem nome, coloca as mãos na cabeça e grita: “Eu não me chamo mais João!”

O árbitro começa o segundo tempo, que foi um pouco mais faltoso comparado com os primeiros 45 minutos, o que resultou na indignação da torcida e das equipes. Mas não de todo mundo, já que um torcedor reconheceu um homem que era da equipe do Abecat.

“Vocês treinavam aonde antes?”, pergunta o torcedor atrás da grade que separa o campo.
“A gente veio lá do interior”, responde o homem do Abecat.
“De morrinhos? Eu acho que te conheço, hein”

Enquanto os morrinhenses conversavam, o Aliança estava quase inteiro na área do Abecat, querendo marcar mais gols, mas parecia que o time da casa não conseguia mais finalizar.

“É PRA CARTÃO JUIZ!”, grita a torcedora indignada com o lance.

Mas o homem não tirava nada do bolso, a jogadora teve que sair do campo carregada em uma maca, se bem que quase não foi, já que os maqueiros quase derrubaram ela.

As esmeraldinas não deixaram barato e fizeram mais seis gols, alguns lindos, outros apenas mérito da goleira do Abecat, mas não vem ao caso, gol é gol.

Antes do apito final, o árbitro lembrou que dentro do bolso da blusa tinha um cartão vermelho e ele mostrou para um homem da comissão do Goiás que ninguém tinha visto a partida inteira.

Quando todos já saiam de campo uma pessoa foi enfrentar o juiz: “Apitou bem, hein seu juiz”, disse em tom irônico e com olhar mortal, o menino de aproximadamente 1,30m que devia ter no máximo oito anos.

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