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A transição da escola para a universidade é um grande passo para a futura vida profissional de um indivíduo. É uma grande mudança de ambiente e uma das dúvidas que afeta muitos universitários é a seguinte: “Como vou me ingressar no espaço profissional? Será que isso é realmente o que eu quero como carreira?” 

Para responder algumas perguntas relacionadas a isso, procurei contatar alguém que trabalha na área do jornalismo profissional para responder perguntas sobre a sua experiência. E, então, com a ajuda de uma parente, consegui entrevistar a jornalista Rosane Mendes, que atualmente trabalha na TV Anhanguera/Globo – GO e faz parte da área há aproximadamente 20 anos.

1. Qual o principal fator que te levou a escolher essa formação acadêmica e atuação profissional?

Eu gosto da comunicação. Mas confesso que não foi minha primeira escolha. Antes de ser jornalista, tentei ser piloto de avião. Estudei ciências aeronáuticas na PUC, por 1 ano e meio, antes. Mas o curso era muito caro, porque além da mensalidade, tinha que pagar também pelas horas de voo, pra conseguir me formar. Então na verdade o curso de Jornalismo foi um acaso, muito feliz e prazeroso.

Não me arrependo da escolha. E hoje entendo quando dizem que “Deus faz planos certos por linhas tortas”. Transferi para jornalismo assim que a PUC – na época Universidade Católica, ainda, comprou a Faculdade Cambury – que tinha esse curso e foi incorporado à grade da atual PUC.

Mas o sentimento que talvez tenha me despertado o segundo plano, tenha sido aquele desejo secreto que todo jornalista tem, de querer fazer alguma coisa pra tentar melhorar o mundo.

2. Em sua carreira no jornalismo televisionado, qual a matéria que mais te marcou?

Acho que todas as histórias que conto mexem comigo de alguma forma. A melhor parte disso, é que acabo aprendendo algo novo a cada dia, e isso se torna uma alavanca, pra eu tentar ser um ser humano melhor a cada dia. O que posso dizer é que histórias de superação me encantam.

Como a história que contei uma vez sobre um paciente renal crônico, que apesar de toda dor e sofrimento que passava, tirava o dia que era pra ser só mais um dia de tratamento na hemodiálise, pra provocar sorrisos em outros pacientes, que estavam na mesma situação que ele. Ele era aspirante a comediante… imitava personalidades… e já participou até do quadro ” Se vira nos 30″ do Faustão, quando ainda estava na Globo.

Eu via por trás do sorriso e dedicação que ele entregava aos pacientes, o sofrimento dele com a própria condição clínica. Mas ele não deixava se abater… Seguia em frente todos os dias, e com alegria.

3. Quais os desafios (ou dificuldades) que você enfrentou na tradução dos conceitos acadêmicos que estudou para a prática profissional?

Pergunta interessante, porque já me peguei pensando nisso, no início da minha carreira. Não achei difícil ver na prática o que eu já tinha visto na teoria, exceto por uma coisa: A voz! A narração jornalística para quem deseja seguir os caminhos da reportagem na TV é uma coisa que os professores não falam muito em sala de aula. Mas, pra quem deseja seguir esses passos, é um “quesito” muito importante. Então, quando comecei a disputar vaga de repórter, é que comecei a observar isso em repórteres que já estavam na TV… pra ver como era a “melodia” da voz.

Observei uma certa “musicalidade” nos offs e passagens de cada repórter, e até mesmo do apresentador. E comecei a tentar imitar. Mas percebi nas minhas experiências pessoais, antes de conseguir emprego na área, que meu texto não combinava com aquela “melodia”.

Então percebi outro ponto, que os professores não comentam muito: A construção do texto! Ele precisa ser “conversado” – me refiro especificamente a minha área, telejornalismo, que é um “ramo” que exige essa simplicidade – para a compreensão de todos os públicos que assistem TV. Desde um juiz a uma dona de casa que não teve oportunidade de ser alfabetizada.

Um bom exemplo? “O carro bateu no poste e o motorista morreu” ao invés de: ” O veículo colidiu no poste e o motorista veio a óbito” Detalhes simples no jeito de escrever e aprender a ler como se estivesse conversando, foram pontos que no “meu caso”, me exigiram além do que eu tinha como teoria.

4. Que mensagem deixaria para os aspirantes-a-jornalistas que hoje estão começando a formação acadêmica?

Seja corajoso e acima de tudo resiliente! É o que a profissão cobra… É o que a vida cobra.. e no fim das contas, é o combustível que precisamos para atuar nesse meio. Nem sempre as pautas chegam de “mãos beijadas”. Muitas vezes é preciso correr atrás, passar sufoco, receber patadas e lidar com pessoas pretensiosas. Mas acima de tudo, tenha sabedoria pra se desvencilhar das fake news e conseguir de fato apurar o que realmente é. Não confie em fontes que não apresentem provas. Acho que esse é o grande desafio das futuras gerações.

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