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Aparelhos que estragam ou ficam velhos, um dia viram lixo. Pensando nisso, fomos entender melhor o processo de descarte. Acompanhe.
Aquele computador que foi de grande utilidade por um tempo, estragou, ou mesmo o seu aparelho celular não tem mais serventia. Parece estranho jogar tais itens no lixo comum, não é mesmo? Mas, o que fazer nesses casos? Fomos atrás de especialistas e empresas que trabalham com o descarte de lixo eletrônico em Goiânia para saber como proceder nesses casos e como dar um destino correto para não ter problemas.
O que conhecemos de lixo eletrônico abarca uma gama maior do que simplesmente os computadores e aparelhos celulares. Chamados de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE), são considerados do grupo também as geladeiras, máquinas de lavar, microondas, ou seja, os famosos itens eletrodomésticos. Baterias, batedeiras, liquidificadores, secadores de cabelo, por exemplo, também fazem parte do grupo.
A grande preocupação com o descarte de lixos eletrônicos, levando em consideração as substâncias presentes nesses itens, se dá pelo fato de que tais produtos podem ocasionar grandes danos ao meio ambiente. Quando jogados em lixos comuns, dificulta ainda mais a identificação e coleta destes itens por parte das empresas e entidades gestoras.
Os componentes químicos presentes nesses materiais, podem ser altamente nocivos, tanto para a natureza quanto à sociedade, a notar pela grande quantidade de substâncias como o chumbo, cobre, estanho, ferro, prata, mercúrio, dentre tantos outros que podem ocasionar, inclusive, câncer. Além disso, quando jogados nos lixos comuns, as substâncias químicas penetram os solos freáticos, contaminando plantas e animais por meio da água, o que afeta, consequentemente, o ecossistema.
A grande questão é justamente o descarte correto para que danos sejam evitados. No entanto, para o ambientalista e embaixador do projeto Lixo Zero Goiás, caminhamos a passos lentos e tem-se muito o que evoluir:
O ambientalista entende dois grandes problemas que mantém o cenário distante do ideal e sem avanços. O primeiro, a ausência de políticas públicas capazes de destinar verbas que atendam essa necessidade e, o segundo, a falta de consciência ambiental por parte da população, que não se preocupa com a separação de seus resíduos, o que facilitaria o trabalho de cooperativas que se ocupam desse trabalho de coleta.
Pesquisa
O cenário caótico é confirmado pelos dados obtidos através da última Pesquisa Resíduos Eletrônico no Brasil – 2021, realizada pela Radar Pesquisas e divulgada pela Green Eletron, que é gestora sem fins lucrativos de logística reversa de eletrônicos e pilhas. A primeira informação impactante diz que o Brasil é o quinto maior produtor de lixo eletrônicos do mundo.
Outro dado que diz respeito à consciência da população em relação a temática, diz que cerca de 87% dos brasileiros já ouviram falar de lixo eletrônico, porém, um terço desse total faz associação desse tipo de lixo ao meio digital, ou seja, arquivos, e-mails, spam ou fotos, por exemplo. Uma quantidade considerável, que corrobora com o distanciamento de uma prática de descarte consciente e ideal.
Outros pontos foram especificados pela pesquisa e caminham em congruência com informações passadas anteriormente, como o fato de mais de 90% da população enxergar celulares, computadores e tablets como lixo eletrônico. Todavia, 51%, disseram não achar que lâmpadas comuns, fluorescentes e incandescentes sejam lixo eletrônico, 34% não vêem lanternas como esse tipo de lixo, quanto na verdade, todos os citados o são.
Comportamento
Analisando o modo como as pessoas se relacionam com o tema e também suas ações relacionadas, a The Global E-waste Monitor 2020, produto colaborativo que monitora os lixos eletrônicos mundiais, em seu último relatório, disse que, todos os anos, mais de 53 milhões de toneladas de equipamentos eletrônicos e pilhas são descartadas em todo o mundo. Há também, o movimento de crescimento no número de dispositivos que gira em torno de 4% por ano.
No Brasil, a pesquisa entrevistou 2.075 pessoas, de 18 a 65 anos, feita em 13 estados no país e mostrou que a maior parte delas, 87%, disse guardar algum item eletrônico sem utilidade em casa, 16% descartam tais peças com frequência e 33% nunca ouviu falar em locais que fazem o trabalho de coleta e/ou descarte de eletrônicos.
De acordo com o superintendente de comunicação da Companhia de Urbanização do Município de Goiânia (Comurg), Francis Maia, aqui na capital goiana, quase dois mil itens eletrônicos foram coletados só no último mês de abril, o que significa uma estimativa de quase 24 mil peças descartadas por ano, distribuídas em eletrodomésticos, eletrônicos e materiais de informática.
Descarte em Goiânia
O superintendente da Comurg esclarece que para que o cidadão consiga realizar o descarte aqui na capital, é preciso acionar a prefeitura através de seus canais, seja pelo site goiania.go.gov.br ou pelo telefone da companhia: (62) 3524-8555 e WhatsApp (62) 98596-8555.
O recolhimento se dá através do serviço Cata Treco, que via agendamento pelos canais citados, a equipe se direciona até o local acionado para realizar a coleta e seguir com o processo de descarte. Assim que coletado, os materiais são levados para as cooperativas conveniadas do programa “Goiânia Coleta Seletiva”.
Além do recolhimento porta a porta realizado pela prefeitura, existem quatro pontos de atendimento, onde o cidadão pode se deslocar para realizar o descarte de seus lixos eletrônicos. Mapeamos abaixo, os locais disponíveis em Goiânia.
A coleta seletiva funciona?
Desde 2008 a prefeitura de Goiânia criou um programa de Coleta Seletiva (PGCS). A iniciativa do órgão público é fazer com que a população tenha consciência do que fazer com o papel, metal, vidro e plástico depois do consumo. Os cidadãos deveriam esperar todos esses materiais em um único recipiente/saco e deixar o material reciclável na porta de sua casa no inicio do horário indicado, para que o caminhão da COMURG colete e leve até as cooperativas de catadores.
Mas, infelizmente houve problemas que inviabilizaram essa ação. Atualmente pouco se vê o incentivo público sobre a coleta e separação dos materiais. Ielik Miguel, Graduado em sistemas de informação pela UFG e consultor empresarial sebrae, responde que os problemas podem ser o custo elevado de frete, rotas mal definidas para otimização de coleta, falta de escoamento deste material coletado e pouca indústria de reciclagem.
“Muitas vezes as Indústrias de reciclagem não conseguem se estabilizar localmente devido aos empecilhos de alguns processos que envolvem a reciclagem. Primeiro vem a coleta do material, depois a limpeza, separação (catação), processos específicos de processamento deste material com maquinários específicos. Por fim sobra a matéria prima pronta para ser utilizada na fabricação de alguns produtos. Essa indústria pode continuar o processo até a finalização do produto comercial ou revender essa matéria prima para outra indústria que a utilize em sua fabricação,” disse.
Ele ainda ressalta que, ao considerar a falta de políticas públicas pertinentes (redução de impostos), a não garantia de continuidade de abastecimento deste material para coleta (falta de constância), o custo elevado de frete, custo elevado de separação e processamento deste material, as vezes, faz com que não seja interessante o estabelecimento de uma indústria com esse viés na região.
“Hoje em dia a reciclagem em sua maioria esta focada em autônomos que trabalham com artesanato comercialmente ou no uso individual de cada residência. Infelizmente ainda são descartados todos os dias no mesmo aterro todo material que poderia ser reciclado, que ainda é a maioria no lixo produzido”, declarou.
A Conscientização de cada individuo quanto ao descarte do lixo, uso de materiais biodegradáveis em embalagens e utensílios do dia a dia (como canudo de papel, embalagem Tetra Pak), são alternativas mais sustentáveis que precisam ser mais estimuladas para uso, por parte da indústria e das pessoas, para se ter um menor lixo residual impactante no meio ambiente.
Infográfico
Pensando na conscientização quanto aos itens considerados eletrônicos e que não podem ser descartados em lixos comuns, preparamos uma pequena amostra para melhorar o entendimento. No infográfico a seguir, separamos os itens por grupos e que poderão ser separados e descartados nos serviços que já indicamos na matéria.