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Lançou, no dia 15 de Janeiro desse ano, a primeira temporada da série “The Last of Us” na plataforma de streaming HBO MAX. Adaptada do jogo eletrônico de mesmo nome, ela é protagonizada por Pedro Pascal e Bella Ramsey, que interpretam, respectivamente, Joel e Ellie. A trama consiste na jornada e sobrevivência dessas duas personagens em um mundo apocalíptico, tomado por entidades violentas que buscam o extermínio da humanidade.
O culpado de tudo foi apontado tanto na série e no jogo como o fungo Cordyceps: entretanto, a HBO optou por focar mais no quesito “pré-desastre”, dedicando parte do primeiro episódio para mostrar cientistas falando sobre a ameaça do fungo anos antes dos eventos apocalípticos.
O causador da infecção em massa de The Last of Us existe na vida real, e foi descoberto há mais de 2000 anos atrás. Acerca do funcionamento desse fungo, o portal científico National Geographic afirma que seu principal objetivo é “autopropagação e dispersão”. Depois de contaminar o inseto, o Cordyceps controla seus movimentos até imobilizar por completo o hospedeiro, e consumir todo o corpo até a morte. Depois, dias após a morte, um broto do fungo irá aparecer do corpo, e servirá como uma “plataforma de lançamento” para espalhar esporos, contaminar outros organismos e então repetir todo o processo.
Na obra de ficção criada por Neil Druckmann, o organismo em questão atua de forma semelhante, mas dessa vez em humanos. O Cordyceps rapidamente toma controle da mente da pessoa, tornando-a extremamente violenta e fazendo-a arranhar e morder outras pessoas para conseguir alimento e aumentar o número de infectados. Em questão de dias, cidades inteiras estavam em estado de caos por causa disso. A série da HBO oferece algo que não estava presente no jogo: cenas em que uma profissional em Micologia é consultada após os primeiros casos aparecerem, e dá seu veredito de que a infecção não pode ser prevenida nem curada.
A adaptação do jogo obteve grande sucesso e, toda semana, pessoas do mundo todo se atentam para assistir os episódios em lançamento. Assim, a dramatização da saga acerca do Cordyceps fez com que muitos se espantassem e até se preocupassem ao descobrir sua existência fora das telinhas. Por isso, aproveitando que o assunto está em alta, o LabNotícias recorreu ao professor Jadson Bezerra para responder algumas perguntas: ele é mestre e doutor em biologia de fungos pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e atualmente atua no Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Fique agora com a entrevista:
LabNotícias: Qual é o fungo retratado na franquia?
Jadson Bezerra: Na verdade, o que mostram na série é uma mistura de alguns grupos de fungos: vemos uma “união” do fio Cordyceps com cogumelos e amebóides.
LabNotícias: Quais organismos são afetados por ele?
Jadson Bezerra: Normalmente, eles afetam insetos. Por causa da série, vemos cada vez mais fotos e notícias das “formigas zumbis”, as principais vítimas da ação do Cordyceps. O fungo consegue manipular o hospedeiro, controlando seu corpo com a função principal de aproximar-se de outros insetos para contaminar eles. Atualmente, no entanto, seres humanos estão a salvos dele.
LabNotícias: Há alguma possibilidade do Cordyceps afetar humanos no futuro?
Jadson Bezerra: A série dá a possibilidade de uma drástica mudança climática que aumenta a temperatura dos nossos corpos e nos torna hospedeiros viáveis para fungos, inclusive o Cordyceps, que então causa a “zumbificação”. Atualmente, no entanto, esses organismos só afetam insetos. Para que uma infecção em humanos acontecesse, como na série, seria necessário uma enorme mutação nesses fungos, o que levaria milhares de anos. Assim, não precisamos nos preocupar com isso, pelo menos em um futuro próximo
LabNotícias: Há uma possível cura para a doença retratada em The Last of Us?
Jadson Bezerra: Recentemente, um colega que trabalha no Jardim Botânico de Nova York, João Araújo, contribuiu para um pesquisa sobre o tema. Foi descoberto um fungo que coloniza o fio Cordyceps, o que chamou atenção. A pesquisa expôs dois novos gêneros de uma mesma família que podem parasitar o fungo da série. Talvez, então, poderia ser essa a solução para o apocalipse retratado.
Depois dos esclarecimentos proporcionados pelo professor Jadson, entendemos que não há o que temer (pelo menos não por agora) no fungo Cordyceps. O mestre em Micologia também fez questão de convidar o LabNotícias e todos os seus leitores para a exposição fotográfica sobre fungos que acontece no IPTSP até dia 20 de fevereiro e muda para a Biblioteca Central da UFG no dia 17 de abril. O profissional afirma que será uma ótima oportunidade para conhecer mais sobre a diversidade e beleza desse mundo, que vai muito além de cogumelos.