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O culto a magreza está de volta e dessa vez ele não tem relação com os anos 2000
Imagem em destaque: Roy Clarke por Pixabay
A moda dos anos 2000 é marcada pelas micro blusas e as partes de baixo com a cintura extremamente baixa e a barriga seca sendo usada como um acessório. Hoje em 2023, várias peças dessa época estão voltando às prateleiras e aos guarda roupas das fashionistas e é claro que o culto à magreza também está voltando com força.
Com toda essa reviravolta da moda, cada vez mais as socialites revelam aos seus seguidores que retiraram procedimentos estéticos, ou, aparecem em público com o corpo totalmente transformado, gerando muitos burburinhos online. Para exemplificar, posso citar a família Kardashian, que foi o pontapé para impor nas mulheres um corpo que só pode ser atingido com inúmeros procedimentos, prova disso é que as irmãs fizeram incontáveis cirurgias para modificação corporal.
Foi através do Instagram, a principal plataforma delas, que as irmãs começaram a magicamente aparecer com a aparência transformada, fato marcante foi a Kylie Jenner que após aparecer com os lábios totalmente transformados por preenchimento ao responder seus seguidores sobre o que fez para ter lábios daquele jeito, disse que não passava de truque de maquiagem. Esse ocorrido, foi tão marcante no mundo da moda que a boca da socialite virou reportagem da capricho e foi parar até no fantástico.
As kardashians não são as únicas a retirarem os silicones, os preenchimentos e aparecer com um corpo mais magro. Pensando de forma mais crítica, por que elas removeram tudo? Será que realmente foi por que elas se aceitaram – como muitas pessoas afirmaram? A resposta bem clara e simples é: não, mas isso é fácil de entender o porquê.
De acordo com Rodrigo Dantas, sociólogo brasileiro e professor pela UNIRIO, essas modificações corporais, como cirurgias plásticas, preenchimentos, micropigmentação, etc. são, na verdade, procedimentos que vão além do querer físico, mas sim um símbolo de riqueza. Afinal de contas, as socialites são pessoas muito ricas que se tornam referência em beleza e moda e são “espelhos” para muita gente.
Com isso em mente, é preciso salientar que vivemos em uma sociedade capitalista e isto não pode ser ignorado, pois uma das principais características é a necessidade de se destacar e ostentar seu poder aquisitivo de diversas formas, sendo uma delas as intervenções estéticas, que considerando a sociedade totalmente desigual no quesito renda, não é todo mundo que consegue pagar por elas.
Quando o padrão de beleza se torna alcançável, ele muda, justamente por que a maioria das pessoas consegue acesso a esse procedimento e ele não é mais um símbolo de riqueza, seguindo no exemplo das kardashians: elas fazem lipo, colocam silicone na bunda e nos seios e preenchimento labial, mas quando mais gente começa a ter acesso a esses procedimentos, elas deixam de ser vistas como destaque ou referência.
O arquétipo de beleza é ditado pelas pessoas que têm capital e dominam os meios de produção e a partir do momento que não se pode mais ostentar um corpo que consequentemente gera muita comparação e desejo, elas mudam o corpo para inventar outro padrão e se destacar e ostentar. Se todo mundo tem acesso aos procedimentos estéticos, eles deixam de cumprir sua “função” na sociedade.
Por fim, o padrão de beleza da nossa sociedade atual, pode não ser o corpo seco dos anos 2000, mas já não é mais o corpo curvilíneo com cintura fina e seios e glúteos fartos e cabe a nós, meros mortais, tentar não se comparar com as socialites por mais difícil que seja, afinal elas fazem de tudo para a mudança de corpo parecer imperceptível. Mas isso é porque elas têm dinheiro para isso.