Maio Laranja: iniciativa promoveu debates nas redes sociais

Carregando o lema “Abuso não é brincadeira”, o quarto ano da campanha de conscientização do abuso e exploração sexual infantil no Brasil tem como objetivo dar visibilidade ao tema
Tempo de leitura: 4 min
Imagem: Unsplash

A campanha Maio Laranja é uma extensão do dia 18 de maio, conhecido como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. Essa data foi estabelecida no ano de 2000 pelo projeto de lei 9970/00 , em memória da jovem Araceli, uma menina de oito anos que foi drogada, estuprada e morta em 18 de maio de 1973, na cidade de Vitória (ES). Relembre o caso aqui.

Em maio de 2020, o movimento passou a ter maior ênfase e visibilidade, através do surgimento da hashtag #maiolaranja e do perfil @maiolaranja no Instagram. Desde então, a cada ano são levantados importantes debates e divulgação de informações acerca do assunto.

Qual a importância da campanha para o país ?

O Brasil é o segundo país no mundo com mais casos de abuso sexual contra crianças e
adolescentes, ficando atrás apenas da Tailândia. Pesquisas do Instituto Liberta mostram
que a cada 24 horas, 320 casos de violência ocorrem no país.

Segundo o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, só nos quatro primeiros meses de
2023, mais de 69,3 mil denúncias e 397 mil violações de direitos humanos de crianças e
adolescentes aconteceram no país. Os dados apontam para um aumento de quase 70%
em relação ao mesmo período de 2022.

“Recentemente o Unicef apontou que os índices de violência contra meninas e meninos em
nosso país permanecem assustadoramente altos. Crianças são assassinadas com
frequência num contexto de violência doméstica empreendida por conhecidos”
Relatou a senadora Leila Barros (PDT-DF) em debate da Comissão de Direitos Humanos (CDH) sobre o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes em 2022.
Tweet

Debates e mobilização de pessoas

“É preciso dar visibilidade a este grave problema que afeta crianças e adolescentes e
sensibilizar a sociedade quanto à prevenção e ao enfrentamento às violações.”

Afirma Maria Luiza Oliveira, Secretária nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente.

Dessa forma, o Maio Laranja tem como principal objetivo promover debates e gerar a
conscientização da população através das redes sociais. Em suas contas oficiais, os
idealizadores do projeto defendem que para combater qualquer problema, é necessário
conhecê-lo e conversar sobre o assunto.

O Instagram da campanha conta com mais de 120 mil seguidores, entre os quais muitos
alteram as suas fotos de perfil durante o mês de maio. Esse é o caso de Luíza Dias, que
afirmou aprender muito com cada postagem da página. “Alterei minha foto de perfil pois é
um ato tão pequeno, mas que chama a atenção e abre uma porta pra curiosidade de
pessoas sobre o assunto”, contou a jovem.

A paulista Thamires Sol, que também colocou o laranja como foto de perfil, relatou que se
identifica com a causa e que vê a campanha como uma forma de unir pessoas com o
propósito de trazer luz à problemática que é, muitas vezes, encoberta nos lares. “Não é
porque não vemos que não está acontecendo”, acrescentou.

Além disso, o Maio Laranja mobiliza muitos profissionais que trabalham com o público
infantil. Tatiana Goulart de Sousa, psicóloga e mestre em Educação pela UFG, realizou
durante o mês oficinas de autoproteção e palestras de psicoeducação em diversas
instituições públicas, privadas e religiosas do estado de Goiás.

Acervo pessoal de Tatiana Goulart
“Nestas palestras usamos vídeos de conscientização, material didático sobre abuso
no power point; dados epidemiológico da violência sexual no Brasil do MS/OMS, com
o objetivo de oferecer ferramentas aos pais, cuidadores e profissionais. Fornecemos
capacitação para detectarem possíveis casos de violência contra a criança e
adolescente, além de oferecer-lhes conhecimento para educar socioemocionalmente
os pequenos.”

Paralelo a isso, as oficinas práticas com as crianças são baseadas nos 3R’S da proteção :
Reconhecer : identificar e desnormalizar toques que são abuso sexual
Resistir : como se defender diante de uma possível situação
Relatar : como contar sobre a violência sofrida e pedir ajuda

DENUNCIE!

Um dos principais enfoques da campanha é incentivar a denúncia. Segundo a lei PLS
502/2018,
a pessoa que viu alguma suspeita de violência e não fez denúncia, pode
responder por omissão de socorro. Para registrar casos criminosos, existem canais que
oferecem atendimento gratuito e 24h por dia. Via telefone, DISQUE 100 para denúncias
oficiais, 190 para contatar a Polícia Militar e 192 para pedidos de socorro urgentes ao
SAMU. Via on-line, acesse o site ou baixe o aplicativo Direitos Humanos Brasil.

Acervo pessoal de Tatiana Goulart

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *