Entenda como as queimadas em áreas residenciais afetam você 

O período de seca em Goiás, marcado por altas temperaturas e baixa umidade do ar, traz consigo uma preocupação recorrente: o aumento das queimadas
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Todo ano, quando a seca chega em Goiás, a rotina muda. A paisagem fica mais cinza, o ar mais seco, e com ele, vêm as queimadas. Elas não só tingem o céu de fumaça, mas também trazem um monte de problemas para quem vive nas cidades. Em 2024, as queimadas estão ainda mais intensas, especialmente em áreas residenciais, afetando a saúde e a segurança dos moradores.

Perigo das queimadas

Em agosto de 2024, o estado de Goiás registrou mais de 200 focos de queimadas apenas no final do mês, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Uma parte desses incêndios ocorre em áreas próximas a residências, o que coloca em risco direto a vida e o patrimônio das pessoas.

Captura de tela no site do INPE indicando focos de queimadas nas últimas semanas de agosto

Para quem vive na cidade, o problema não é só uma questão estatística, mas uma realidade presente no cotidiano. Daniel Carvalho, assessor jurídico e morador de Goiânia, relata a frequência dos incêndios que observa no seu dia a dia:

“Indo para o trabalho, vi vários locais pegando fogo. Sem contar a fumaça que impregna e demora a passar. A fumaça e o risco de incêndios se tornam um problema direto para nós, que vivemos e trabalhamos aqui.” 

Essa vivência é compartilhada por Claudia Regina, costureira e residente do bairro Floresta, que descreve como a tranquilidade do bairro é interrompida pelas queimadas:

“Moro no bairro Floresta há quase 15 anos, e é um lugar tranquilo, mas na época da seca tudo muda. A fumaça das queimadas invade nossas casas, fica insuportável, principalmente à noite, porque é quando a fumaça abaixa. Aí fica muito, muito quente e abafado.” 

Foto: Cynthia Fernandes – Bairro Floresta

Efeitos na saúde pública

Além dos riscos imediatos de incêndio, as queimadas próximas a áreas residenciais têm um impacto direto na saúde pública. A fumaça gerada por esses incêndios aumenta a poluição do ar, causando sérios problemas respiratórios, principalmente em crianças, idosos e pessoas com condições de enfermidades pré-existentes

“Muitas pessoas aqui têm problemas respiratórios, como asma, rinite e sinusite, e sofrem demais,” acrescenta Claudia.

Depoimento de Claudia Regina sobre as queimadas na região do bairro Floresta.

André Amorim, coordenador do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), explica que o fogo não se inicia sozinho, especialmente em áreas urbanas. 

“Muitas vezes, as pessoas acreditam que queimar terrenos é uma maneira fácil e rápida de limpar a área, mas isso é extremamente perigoso. Além de causar incêndios em residências, o que pode resultar em explosões devido à presença de botijões de gás, essa prática coloca vidas em risco. É uma atitude ilegal e irresponsável.” 

Principais riscos

As queimadas em áreas residenciais trazem consequências que vão além dos sintomas físicos, impactando a saúde, a qualidade de vida e a segurança dos moradores, que se veem cercados pela fumaça e temem pela integridade de suas casas. Entre os principais riscos, destacam-se:

  1. Aumento de doenças oculares e irritações na pele.
  2. Impacto na fauna local, causando mortes de animais domésticos e silvestres.
  3. Redução da visibilidade nas vias, aumentando o risco de acidentes.
  4. Desvalorização dos imóveis próximos a áreas afetadas.
  5. Comprometimento da qualidade de vida e sensação de insegurança constante.

Medidas preventivas

Para evitar tragédias, é fundamental que a limpeza de terrenos seja feita de forma segura e sem o uso de fogo. André Amorim orienta:

“A prefeitura deve ser acionada para realizar a limpeza de lotes. Essa é a forma correta e segura de proceder. Há leis municipais e estaduais que proíbem essas práticas, e temos que ficar atentos a essa situação, especialmente neste período, quando as queimadas estão causando muitos problemas.”

Claudia Regina também critica a ausência de medidas efetivas, defendendo a necessidade de maior vigilância e o uso de tecnologia para monitorar áreas de risco. “Precisamos de vigilância constante e soluções, como cercar as áreas e monitorar com drones ou câmeras, para proteger a comunidade e os animais que vivem nesses locais.” 

Recomendações

Confira na imagem abaixo algumas orientações recomendadas pelo Ministério da Saúde para minimizar a exposição às partículas provenientes das queimadas:

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