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De acordo com o artigo, nos últimos anos, houve um crescimento de visibilidade e interesse nas mulheres na mídia e no futebol, sendo jornalistas, torcedoras, árbitras, entre outras.
Esse crescimento não é 100% favorável para as mulheres que decidem compartilhar sua paixão por futebol na internet. As redes sociais têm se tornado importantes para a expressão de opiniões e criação de conteúdo no cenário esportivo, mas ainda há preconceito e uma subestimação que se destacam como barreiras enfrentadas por elas diariamente.
Os desafios e a subestimação
Georgia Rassi, pós-graduada em direito do trabalho, é cronista de esportes em suas redes sociais pelo Bendito Seja o Futebol, e conta que apesar de enfrentar preconceitos pela sua própria família, isso não a impede de continuar comentando sobre futebol. “Não ligo muito, pois falar sobre futebol, ir ao estádio faz parte de quem eu sou, então sei da minha capacidade e do entendimento que eu tenho sobre o assunto”, afirma Georgia.
Foto: Arquivo pessoal/redes sociais
Já Rafaela Cândida, estudante de Educação Física, também criadora de conteúdo para suas redes sobre o Atlético Clube Goianiense, comenta que os comentários misóginos nas redes sociais são uma realidade com que ela teve que aprender a lidar. “De primeira é um impacto, mas até que lidei bem ao não deixar isso me afetar e apenas ignorar”, revela. E para ela, uma rede de apoio de amigos e seguidores é importante para manter a motivação para seguir em frente, apesar do preconceito.
Foto: Arquivo pessoal
Provar que tem conhecimento
Nas redes, é comum encontrar questionamentos sobre a competência das mulheres em comentar sobre futebol, com comentários como ”vai lavar louça”, fazendo com que cale uma mulher, impondo que ela deve trabalhar em casa apenas. Georgia, fala que sente que na maioria das vezes, sua capacidade falar sobre esportes é subestimada. “Quando começamos a falar, é natural as expressões de espanto. Isso já diz tudo!”, diz ela, reforçando o estigma que ainda há.
Rafaela comentou uma experiência parecida, onde sente que deve mostrar e comprovar seu conhecimento esportivo, especialmente quando é comparada aos seus colegas homens. “Sempre penso e repenso sobre o que falar antes de falar ou postar algo, para não ter um erro ou deslize, para evitar julgamentos que, se for um homem cometendo erros, não recebe”, reflete. Ela comenta como a convivência com os amigos homens que não a julgam é uma ajuda valiosa para superar essa pressão.
Barreiras e o Caminho para o Futuro
A presença de mulheres no jornalismo esportivo e também na criação de conteúdo sobre futebol enfrenta várias dificuldades. Rafaela acredita que aumentar a presença de mulheres nas grandes mídias pode incentivar mais mulheres a se aventurarem nas mídias pequenas. E ainda ela aponta a necessidade que deveria surgir uma melhora nas plataformas de redes sociais que combata com maior facilidade o preconceito, fazendo com que crie um ambiente mais seguro para as mulheres.
Ambas as meninas concordam que mesmo que as coisas estejam melhorando para as mulheres no esporte, ainda há muito que deve ser feito. Rafaela destaca a importância de políticas internas nas empresas que valorizem e tenham proteção às mulheres, e ela ainda aconselha meninas que queiram fazer conteúdo.
”Saibam que sempre vai ter comentários que vão te rebaixar e te julgar apenas por ser mulher, mas não deixe que isso te atrapalhe e te afete a ponto de não produzir, se apoie em pessoas que falam positivamente do seu trabalho, não precisa confrontar eles, você estar produzindo você estar ocupando esse espaço já é uma forma de confronto, então ocupe seu espaço, estude, busca perfis de outras mulheres e se apoie e se inspire neles.” comenta Rafaela.
Já Georgia, encorajou as outras meninas a seguirem suas paixões, independentemente dos preconceitos. “Façam sem se importar com a opinião depreciativa. Conselho que te ajude a crescer é sempre bem-vindo, mas aqueles que claramente são pra te desvalorizar, não ligue! Deem o seu melhor, façam com amor, naturalmente a recompensa vem!”, fala Georgia.
Apesar dos preconceitos, as mulheres vem criando seu espaço no cenário do futebol. A luta contra o preconceito é diária, mas com força apoio e determinação, elas a cada dia estão demostrando que o futebol não é apenas uma paixão para homens. Como dito por Georgia e Rafaela, o que importa é seguir em frente, produzir com amor e não se deixar abalar pelos comentários negativos. A presença feminina nesse meio só veio para crescer, abrindo o caminho para as futuras gerações de mulheres que se envolvem com o esporte.