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Rafaella Alves Rodrigues

A realidade de muitos universitários no Brasil é marcada pela necessidade de conciliar o trabalho e os estudos. Esta dupla jornada, que em teoria poderia representar um equilíbrio entre o mundo acadêmico e a prática profissional, muitas vezes se transforma em um desafio desgastante, capaz de abalar profundamente a saúde mental dos estudantes. Os motivos para esses desgaste são muitos, e precisam ser debatidos com urgência.

A sobrecarga de tarefas é, sem dúvida, um dos principais fatores que afetam a saúde mental dos universitários que trabalham. Com uma rotina que começa cedo e termina tarde, esses jovens enfrentam uma batalha diária contra o relógio. As cobranças são inúmeras: entregar um bom desempenho no trabalho, cumprir prazos e atividades da faculdade, além de manter a vida pessoal e social. A sensação de que nunca há tempo suficiente para fazer tudo bem feito gera ansiedade, estresse, em casos mais graves, depressão.

Além disso, o cansaço físico também se torna um obstáculo. O desgaste de ter que lidar com duas grandes responsabilidades ao mesmo tempo impacta diretamente o sono e a qualidade de vida. Estudos apontam que a privação de sono afeta a memória, a capacidade de concentração e até mesmo o sistema imunológico. O universitário, muitas vezes, não consegue descansar o suficiente, o que afeta seu rendimento em todas as áreas e gera um círculo vicioso de esgotamento.

Outro aspecto que merece atenção é o impacto emocional dessa rotina. A falta de tempo para si mesmo e para atividades de lazer pode levar ao isolamento social e à perda do prazer em atividades cotidianas. A sensação de estar “vivendo para sobreviver”, sem momentos de descontração ou descanso, pode minar a motivação e o entusiasmo do estudante. E a falta de apoio emocional seja da família, de amigos ou da própria instituição de ensino agrava ainda mais essa situação.

Estudos recentes indicam que estudantes que trabalham têm quase o dobro de risco de desenvolver transtornos mentais em comparação com aqueles que se dedicam exclusivamente aos estudos. A pressão para atender às expectativas acadêmicas e profissionais ao mesmo tempo, somada à carga emocional de lidar com as incertezas do futuro, pode levar a um estado de exaustão emocional.

Diante desse cenário, é essencial que universidades e empregadores compreendam a importância de criar um ambiente mais acolhedor e flexível para os estudantes que trabalham. Instituições de ensino podem adotar políticas de apoio psicológico, oferecer horários mais flexíveis ou até mesmo reconsiderar a carga de atividades. Já os empregadores podem buscar maneiras de oferecer horários adaptáveis e compreender as necessidades dos estudantes.

É necessário, também, que a sociedade, como um todo, passe a valorizar o cuidado com a saúde mental desses jovens. Afinal, eles são o futuro do nosso país e merecem ter a oportunidade de construir uma vida equilibrada e saudável, tanto no aspecto pessoal quanto profissional.

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