Conheça os riscos do uso excessivo de descongestionantes nasais

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aponta que pacientes com doenças como hipertensão e diabetes não devem utilizar o remédio
out 7, 2024 , ,
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Devido ao calor excessivo e tempo seco, as pessoas buscam alguma maneira para evitar o nariz entupido, uma forma simples é o uso de descongestionantes nasais para desobstruir as narinas. Mas o uso contínuo desse produto pode trazer diversos problemas para a saúde.

“Tive esse vício no descongestionante nasal por dois anos. Meu nariz desentupia, mas logo congestionava de novo. O rompimento do tímpano direito impactou minha vida porque fiquei surda de um ouvido por três meses” diz a jovem Larissa Soares, de 27 anos, que sofreu com um rompimento no tímpano devido ao uso excessivo do produto para desobstruir o nariz.

Imagem: Getty Image

Além da Larissa Soares, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) relatou o caso de um menino de 16 anos que desenvolveu a Síndrome de Cushing exógena por uso abusivo de descongestionante nasal à base de dexametasona. Conheça alguns problemas que o uso excessivo de descongestionantes podem trazer:

  • Efeito rebote: Um dos principais problemas é o chamado “efeito rebote”, onde o nariz se acostuma com o medicamento e passa a precisar de doses cada vez maiores para ter o mesmo efeito. Isso pode levar a uma dependência e a uma sensação de congestão nasal crônica, mesmo quando o medicamento não está sendo usado.
  • Irritação nasal: O uso frequente de descongestionantes pode irritar a mucosa nasal, causando ressecamento, coceira e formação de crostas.
  • Aumento da pressão arterial e taquicardia: Alguns descongestionantes podem aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca, o que pode ser perigoso para pessoas com hipertensão ou doenças cardíacas.
  • Rinite medicamentosa: O uso prolongado de descongestionantes pode levar ao desenvolvimento de rinite medicamentosa, uma condição crônica que causa congestão nasal persistente e dificulta a respiração.
  • Danos na mucosa nasal: O uso excessivo pode danificar a mucosa nasal, tornando-a mais suscetível a infecções e inflamações.
  • Dependência: Como mencionado anteriormente, o uso contínuo pode levar à dependência do medicamento, dificultando a sua interrupção.

Em alguns casos, o uso de descongestionantes pode causar outros efeitos colaterais, como insônia, nervosismo e dores de cabeça.

Larissa conta que tinha uma rotina caótica com os descongestionantes nasais, ela usava 1 frasco a cada 2 dias. Devido ao uso excessivo, ela diz que sofreu um efeito rebote e teve uma rinite medicamentosa e acabou rompendo o tímpano direito. “Durante a madrugada, acordei com uma dor absurda no ouvido direito. Acordei com sangue no travesseiro e muita dor. Não estava ouvindo do lado direito. Após alguns exames feitos por um médico otorrinolaringologista, houve a confirmação do rompimento total do meu tímpano direito”, diz Larissa Soares.

O otorrinolaringologista do Hospital Paulista, Arnaldo Tamiso, avisa que a melhor alternativa para cada paciente depende do tipo de obstrução que a pessoa carrega consigo. Se for crônica, causada por desvios e lesões no septo, por exemplo, o médico recomenda avaliação clínica, laboratorial e, em seguida, cirurgia. Para casos de obstrução nasais pontuais, como resfriados e sinusites agudas, o soro fisiológico aparece como solução para o problema. “Ele ajuda muito porque hidrata o nariz”.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) orienta que o tempo de tratamento máximo com descongestionantes é de até três dias. Além disso, aponta que pacientes com doenças como hipertensão e diabetes não devem utilizar o remédio. Outra recomendação importante é o paciente buscar ajuda médica em caso de sintomas adversos, após a aplicação do medicamento.

De acordo com a ABORL-CCF, se o medicamento for indicado em alguma consulta, a dose de descongestionante nasal prescrita pelo otorrinolaringologista deve ser respeitada para evitar problemas futuros na saúde. A reportagem procurou dados referentes ao uso indevido do medicamento, mas não encontrou pesquisas ou estatísticas específicas sobre o tema.

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