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De acordo com dados fornecidos pelo Ministério da Saúde (MS), ao menos 130 pessoas morreram após o uso exagerado de bebidas alcóolicas no primeiro semestre de 2024, no Distrito Federal. Através do último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capital federal tem cerca de 2.817.068 moradores. Num contorno de 100 mil habitantes, as 130 mortes por consumo excessivo de bebida alcoólica em 2024 representam 0,13% da população.
“O alcoolismo tem uma forte base genética. Cerca de 60% dos casos de dependência do álcool, têm nas suas famílias, seja do pai, da mãe, irmãos, tios algum quadro de uso nocivo de álcool ou também de alcoolismo. Mas ele não é totalmente genético. O alcoolismo depende ainda de outros fatores, especialmente os fatores sociais, os amigos, as companhias, os fatores ambientais e principalmente os fatores psicológicos” diz Médico Psiquiatra e Coordenador do Núcleo de Álcool e Drogas do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Arthur Guerra em vídeo publicado no canal do Hospital Sírio-Libanês.
Imagem: Getty Images
O Lab Notícias conversou com Elisangela*, portadora da doença do alcoolismo e integrante do Alcóolicos Anônimos (AA)
“Meu nome é Elisangela, tenho 47 anos e tenho 3 anos de sobriedade graças a irmandade AA eu consigo permanecer sóbria. Só por hoje! Esse é o meu principal objetivo, viver um dia de cada vez. Tem muitos anos que eu falo a palavra nunca e hoje em dia eu tirei ela do dicionário. O primeiro passo: evitar o primeiro gole, um pra mim é muito e 20 é pouco. Eu vivia pelo álcool e bebia todos os dias, fui alcóolatra por 8 anos e hoje eu me sinto livre e não mais escravizada por essa doença” diz Elisangela.
“Eu comecei a beber com 13 anos, no AA (Alcóolicos Anônimos) eu consegui entender que eu nasci portadora dessa doença, a doença do alcoolismo, que não é falta de vergonha na cara por não conseguir parar de beber, mas sim por ser portadora da doença. Outra coisa que eu aprendi é que a doença não tem cura, mas ela tem controle, o controle é um dia de cada vez” diz Elisangela, portadora da doença do alcoolismo e integrante do grupo de AA.
Elisangela também nos conta que começava a beber e não conseguia parar, ela diz que colocou sua família para sofrer, abandonou suas filhas e entregou sua vida totalmente ao alcoolismo. Ela nunca imaginou que conseguiria viver sem o álcool, mas hoje se vê liberta da doença. Atualmente, Elisangela vê a sua vida prosperar sem a dependência, tudo isso graças aos 12 passos do AA, confira:
- Admitir a impotência perante o álcool;
- Acreditar num poder superior que possa restaurar a sanidade;
- Entregar a vontade e a vida aos cuidados de Deus, na forma que o concebíamos;
- Fazer um inventário moral de si mesmo;
- Admitir os erros e defeitos de caráter;
- Pedir a Deus que remova os defeitos;
- Fazer uma lista das pessoas prejudicadas e se dispor a reparar os danos;
- Reparar os danos causados, sempre que possível;
- Continuar a fazer o inventário pessoal e admitir os erros;
- Melhorar o contato com Deus através da prece e da meditação;
- Tentar levar a mensagem aos alcoólatras e praticar os princípios em todos os assuntos.
“Hoje eu tenho o meu autoconhecimento e sei administrar a minha vida, o meu desejo, o meu pior inimigo era eu mesma, era a minha mente. Todo alcóolatra é neurótico, mas nem todo neurótico é alcóolatra. Hoje eu vejo que essa doença tem destruído todos os tipos de famílias. É como um diabético que não pode comer doce, o alcóolatra não pode ingerir o primeiro gole” diz Elisangela.
Elisangela finaliza dizendo que hoje em dia se sente muito feliz por estar em tratamento e deseja a todos que tem essa doença, 24 horas de sobriedade.
Se você ou alguém que conhece sofre com essa doença, entre em contato com a linha de ajuda do Centro-Oeste ou acesse o link do site oficial dos Alcóolicos Anônimos:
Mato Grosso – Segunda a sexta das 7h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30 Sábado das 7h30 às 11h30
Plantão telefônico(65) 3221-1020
Plantão telefônico(65) 98443-4986
(*) Um nome fictício foi utilizado para proteger a identidade da entrevistada.