ACS: Agente Comunitário de Saúde

'Todos os dias fazemos em média 6 à 8 visitas. Nessas visitas orientamos sobre prevenção de doenças e seus agravos'
out 28, 2024 , ,
Tempo de leitura: 5 min

Hoje, dia 28 de Outubro, é comemorado o Dia do Funcionário Público, e além da folga merecida, as homenagens preenchem as redes sociais daqueles que são tão importantes para o bom funcionamento dos órgãos públicos de todo o país.

Vanessa Maria da Silva, de 44 anos, trabalha como Agente Comunitária de Saúde há 16 anos, e faça chuva ou faça sol, sai de segunda a sexta de sua casa e se dirige até a UBS (Unidade Básica de Saúde) onde trabalha, ajuda na emissão de check-in, organização de fichas e participa de reuniões com sua equipe, antes de se direcionar para as visitas domiciliares nas ruas. E explica como funciona:

“Cada agente tem uma área de abrangência com cerca de 120 a 150 famílias, que acompanhamos mensalmente, fazendo visitas domiciliares. Todos os dias fazemos em média 6 à 8 visitas. Nessas visitas orientamos sobre prevenção de doenças e seus agravos.”

Essas visitas são de suma importância para a população que muitas vezes só tem essa fonte de informação e orientação. “eu vou até a UBS, e me informo sobre o que está funcionando e como está funcionando e me programo para ir até casas e quais casas ir de acordo com essas informações”.

E servem também como uma espécie de termômetro da saúde da população local. “trabalhamos com a atenção primária a saúde, fazemos a orientação para a prevenção e tratamento de doenças mais comuns, como a diabetes, hipertensão arterial, comorbidades, obesidade. E o acompanhamento de gestantes e crianças.”

Segundo ela é feito um registro básico, onde se olha a cartela de remédios para ver se estão tomando todos da maneira correta, é feito o aferimento da pressão, dado reforço sobre a importância da alimentação correta, é verificado quanto tempo faz desde a última consulta, principalmente no caso dos diabéticos, no caso tendo mais de 6 meses dessa é necessário marcar uma nova, para que exames para verificar a glicemia sejam realizados, também é feito uma pesquisa sobre, febre, gripe e sintomas de algumas outras doenças. Tudo isso vai para o registro.

Gestantes, puérperas e crianças também estão dentro das prioridades. “Reforço sempre a importância da realização do pré-natal, sempre visito as minhas pacientes que estão na fase do resguardo para saber se está tudo bem, e orientar sobre a amamentação correta e cuidados com corpo, as crianças também, eu verifico a carteira de vacinação para ver se estão todas em dias, e para crianças do programa bolsa família temos um controle do peso, a pesagem é realizada no posto de saúde.”

E esse acompanhamento hoje não é feito apenas durante as visitas domiciliares. Segundo a servidora, durante a pandemia de Covid-19 as orientações eram feitas via mensagens no Whatsapp, e a prática ainda é realizada, assim como o cadastramento no E-SUS. “É feito manualmente uma ficha, com todos os dados do paciente, depois passamos esses dados para o site E-SUS, onde são colocados todos os dados de saúde dele, todas as famílias devem ser cadastradas e todas as cadastradas devem ser visitadas pelo menos uma vez ao mês, infelizmente não tenho todas minhas famílias cadastradas, já que muitos trabalham no mesmo horário que eu, ou não me recebem, mas o whatsapp ajudou um pouco nisso, consigo acompanhar algumas famílias de forma remota agora.”

Vanessa usa seu próprio celular e computador para fazer esse trabalho, segundo ela, a prefeitura disponibiliza apenas computadores nos postos de saúde, que não é o suficiente para todas as colaboradoras, por essa razão, ela costuma fazer as visitas domiciliares durante a manhã, e no período da tarde faz as orientações via whatsapp e a transferências dos registros manuais para o E-SUS, programa do governo com todos os dados de saúde da população.

“No fim de semana, alguns pacientes me mandam mensagens também, pedindo orientações porque tem alguém passando mal, e seguimos a orientação que se dirija até a UPA, já me pararam até na feira de domingo para perguntar sobre uma consulta no posto, claro que nem sempre eu consigo responder, mas sempre que posso ajudar fico feliz.”

Dentro do posto de saúde também tem trabalho, ela nos conta que as servidoras se revezam para ficar no posto pelo menos uma vez na semana, principalmente quando faltam funcionários, na UBS elas organizam as fichas dos pacientes, ajudam no check-in e nos pedidos de exames, além disso, durante as campanhas de vacinação elas que fazem a triagem. Ela e as colegas fizeram parte da linha de frente na campanha contra a Covid-19.

Quando falamos sobre a violência e agressões, Vanessa nos disse que toda agente de saúde tem pelo menos uma história de ameaça ou violência verbal e física cometidas contra elas. “Eu não tenho medo de trabalhar, vou com minha cabeça erguida fazer o que tenho que fazer, mas sofremos sim, tem gente que não quer abrir nem o portão, se recusa a nos receber, mas quando precisa de alguma coisa, corre no posto de saúde, e quando não acham o cadastro fala que nunca tentamos visitar, ou coisa pior. Uma vez uma paciente disse que iria me matar porque ela perdeu a data do exame que marcaram para ela e demoraria 30 dias para o sistema liberar para marcar novamente. Outra eu tive que ir até a delegacia, porque ela queria furar a fila para a vacina do contra a Covid-19, e quando impedi ela me agrediu verbalmente, outros pacientes chamaram a polícia. Então sempre tem, mas devemos nos lembrar de manter a calma, e fazer o nosso trabalho da melhor forma possível”.

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